Assim como em todas as culturas afro descendentes, no djèdjè mahí também existe uma divindade relacionada ao culto as águas doces e a fertilidade. Essa divindade é considerada uma Nae togbosy termo que engloba outras demais divindades relacionadas as águas.
Aziri Tolá é uma Nae Togbosy que vive no fundo dos rios, pertencendo ao panteão da terra pelo culto aos ancestrais. Muito doce e meiga, prefere a paz e traquilidade do fundo dos rios, regendo todos os seres vivos que por lá vivem. Recebeu ordens de Mawú para levar aos seres humanos a fé e o amor, sendo responsável também pela beleza e fertilidade do planeta, cuidando de sua aparência e bem estar. É a senhora do amor e tem a propriedade de unir as pessoas sentimentalmente através da paixão e do amor.
Rege os casamentos, as uniões estáveis e todo laço de afeto que pode existir entre duas pessoas de sexo opostos ou do mesmo sexo.
É
vaidosa, caridosa porém muito exigente, gostando das coisas sempre em
ordem, principalmente relacionadas ao culto. É a maior representante da
classe das Naes togbosys das águas doces pela sua importância e por se assemelhar muito ao òrísá Òsún dos cultos iorubás.Veste amarelo clarinho, com detalhes dourados e prateados. Se enfeita com pedras, conchas e caramujos. Aziri tolá também é responsável pela fertilidade da mulher, regendo a gestação, a hora do nascimento e o bem estar do filho e da mãe. Divindade do encanto e da beleza, adora o ouro e tudo o que brilha, simbolizando o flash de luz que atravessa as águas e chega ao fundo dos rios, clareando um pouco aquele mundo escuro e sombrio.
É responsável pelo bem estar das águas e todo ciclo de animais, folhas e micro-organismos que nelas vivem, juntamente com Nae Tokpodun, uma divindade do panteão hevioso que foi expulsa do oceano devido seu gênio forte e arredio.
Outra Nae muito conhecida do culto as águas doces é Aboto, vodun cujo culto atravessou fronteiras e chegou até as terras iorubás, sendo cultuada ora como variação de Íyèmònjá ora como variação de Òsún. Aboto é a senhora do encontro das águas, regendo o local onde o rio desemboca. Pertence ao panteão da terra, sendo um vodun velho e temperamental, coligada ao culto aos ancestrais. É a dona do suór e de toda água encontrada no organismo. Senhora da pororoca e das èkédjís, protegendo-as e cobrando-as de suas funções. Suas cores são o amarelo pálido e o transparente; gosta de adornos dourados e prateados e adora perfumes.
Muitas Naes das águas doces são desconhecidas devido a falta de informação e aprendizado porém, cada uma possui sua significância, seja pertencente ao panteão dos trovões ou da terra, sua importância é indiscutível para o culto e para a existência do planeta e dos seres que nele habita. Usam adornos dourados em sua maioria, vestes estampadas, amarelas ou azuis, trazem nas mãos liras, espelhos, leques, òfá, penas, etc. variando conforme seu culto e sua abrangência. Algumas possuem fundamentos com Òtólú, outras com Ajaunsi, Sogbo, Averekete, etc. Seu dia da semana é o sábado e seus pratos são os mais variados, desde o òmóòlókún, peixes diversos, arroz doce, lè lè, ásòsò, doces e frutas.
Ajaunsi é um vodun masculino, pertencente ao panteão da terra e extremamente coligado ao universo das Nae togbosy. É um exímio caçador e pescador, e vive na beira dos rios acompanhando as Naes. Rege os animais que vivem tanto na terra quanto na água, tais como répteis, anfíbios e alguns pássaros. Divindade da juventude e da alegria, representa a inocência e a pureza, protegendo as pessoas durante a fase jovem. Responsável por todo o aprendizado das crianças, desde fala até mesmo o andar. É um vodun encantado, veste amarelo claro e azul, sendo muito parecido com o òrísá Òlóògúnèdé dos iorubás.