JEJE-MAHI
ROÇA DO VENTURA 
Para
 se sentar na cadeira de Gayaku da Roça do Ventura tem que ser feita 
(iniciada) para o vodun Sógbó (sobô), ou Azonsú (lá Azansu) ou para 
Gbesen (Bé-sém), lembramos que no Ventura a Gayaku é termo dado aquelas 
que iniciaram pelo menos 1 filho para um vodum da família nagô (Ogun, 
Odë, Iyemoja, Osun,..., lá não se inicia Iyewa, nem Oba, nem Logunëdë)
Bem, a fundadora foi Ludovina Pessoa, que era iniciada de Ogun (um 
vodum nagô) obviamente ela não era iniciada de Azonsú, nem de Sógbó e 
nem de Gbesen, e obviamente não se sentou no trono, tendo-se aliado a 
Maria de Azonsú da família de Modubi (de José Maria de Belchior, 
originária do Terreiro do Pinho - Hunkpame Dahomé) da roça de cima para 
fundar a roça de baixo empossando uma de suas filhas (de Gbesen).
A
 lógica é que para sentar no trono de Gayaku tem que se iniciar lá um 
vodun nagô e ser iniciada para vodum propriamente dito, embora o 
conceito de vodum nagô varie dentro das ramificações do jeje. Por que 
isso? Isso porque Gbesen é o espírito da vida e assim sendo não 
compactua com nada que lembre a morte, daí o uso de sempre-vivas em 
preceitos como o gbo-etá (boitá), do beeko (quizila) com flores dignas 
de se cobrir defuntos, do não estabelecer casa de egun (asen), etc. como
 havia na roça de cima (de Modubi) etc.
Os mahis na realidade cultuam voduns que se relacionam diretamente 
com os orixás e deles tiveram origem de culto na África, e de sua região
 mahi. Assim comumente ouvimos sou de Sango de um filho de Sógbó e o 
mesmo de um filho de Aira (lembramos que sacerdotes do Benin afirmam que
 Sógbó é Sàngó).
Na roça de cima o termo gayaku herdado pelos modubis e pelos hoje, 
então, descendentes, designa aquela que é dirigente de um culto voltado 
aos voduns de nagô (um Nagô Vodum antigo), e não necessariamente a que 
inicia um vodum desta família, o título foi repassado com a criação da 
roça de baixo. Visto que Azonsu é termo próprio da família de Modubi.
Eguns e voduns que tiveram vida terrena como os reais do Dahomey não 
são cultuados em Mahi, todos os antepassados da casa são reverenciados 
(ja avalu) saudando-se e ofertando-se ao vodun Ayizan, sempre à frente 
da casa principal conforme Ajahuto o fez em Allada.
Os voduns mahis seguem conforme os orixás nagôs, são aqueles que de 
alguma forma morreram, seus corpos não foram encontrados, despareceram, 
subiram ao céu ou desceram pela terra, enfim se há sepultura (como a dos
 reis do Dahomey) não é cultuado como vodum Mahi.
Obs. Esse assunto é referente ao Jeje Mahi no Brasil e não no culto 
de voduns mahis no Benin onde reina Ainon (Sakpatá). Atualmente vemos o 
maravilhoso e reedificado asen de Savalou em memória à ancestralidade 
real do Palácio de Savalou. 
O Jeje Mahi de Cachoeira, Bahia e do Bogum de Salvador, Bahia (da 
mesma fundadora) tem como divindade principal Gbesen, que é do culto de 
Dàn de local próximo.
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