terça-feira, 21 de outubro de 2014
HEVIOSO
Para o povo Jeje, as divindades do trovão, ou mais precisamente os Voduns, cuja ação justiceira provoca a morte e a destruição pelo raio, levam o nome geral de Hevioso, cujas características são quase as mesmas de Xangô (menos quando comparado ao antigo rei de Oyó). A representação de Hevioso são as pedras de raio. Simbolizado pelo machado simples que representa o carneiro cuspindo fogo, seu animal sagrado.
O parentesco entre Xangô e Hevioso (mais precisamente Sògbò) é claramente observado no dia de certas cerimônias, onde o sacerdote de Hevioso aparece segurando o machado duplo (Oxé) de Xangô e o machado simples (Sokpe) de Hevioso.
Hevioso é uma família de Voduns muito numerosas. O líder deste panteão, aqui e na África, é o Vodum Sògbò.
Além dos voduns do trovão (Voduns Kaviunos), também encontramos neste panteão os voduns do oceano que estão ligados desde a África.
Principais voduns de Hevioso:
Sògbò
Sogbô, considerado o rei coroado da Nação Jeje no Brasil, é o chefe do Panteão de Hevioso. Vodum justiceiro que governa os vulcões e o fogo. Sògbò é quem trás os demais voduns do trovão e é o pai de muitos deles. Suas cores são o vermelho e o branco. O dia da semana é a quarta-feira, dia em que se reverenciam os voduns kavionos. Seu símbolo é o sokpe, um machado simples de uma lâmina. Na Africa Sògbò também refere-se a um vodum feminino. Muitos filhos de Sògbò se dizem filhos de Sángò, e também no Benin há sacerdotes que consideram que Sògbò é mesmo Sángò. É conhecido pelos mahis com a denominação de Sògbò Adan, ou seja: Corajoso Sògbò, diferenciando-o.
Badé
Vodun jovem, guerreiro e brigão. Habita os vulcões e é um vodum ligado ao fogo, assim como Sògbò. suas cores variam entre vermelho, branco, amarelo e azul. Também está ligado ao céu e à chuva.
Akorombé
Ataca os inimigos ou castiga o homem enviando granizo, e faz os rios transbordarem. É ele quem controla a temperatura do mundo. Quando está calmo e satisfeito, ajuda o homem dando-lhe bons movimentos financeiros.
Averekete
É um vodum da prosperidade e da alimentação, pois é um vodum pescador. Alguns erroneamente o confundem com Logun Edé. Averekete leva uma lança e um anzol. É representado pelo branco, vermelho, azul e verde.
Sòhòkè
Sòhòkè (lê-se Soroquê) é um vòdun filho de Máwú e Lissá, cujo elemento principal é o fogo. Muitas são as dúvidas relacionadas a esse vodun. Devido a mistura de cultos, Sòhòkè passou a ser aglutinado na cultura Iyorubá, passando a ser confundido com um dos caminhos de Ògún. Segundo o mito Iyorubá, Ògún Sòhòkè (lê-se Xoroquê) é o Ògún que desceu as montanhas, sendo o senhor das trilhas e do fogo líquido onde, Xòrò deriva do termo Iyorubá Sòròrò ou Xòròrò que significa descer ou escorrer e, òkè significa montanha). Segundo os mais velhos é um Ògún muito arredio, sendo muito coligado ao seu irmão Èsú e tendo todas oferendas e fundamentações com o mesmo. Dizem ainda que essa “qualidade” de Ògún tem muito fundamento com ègún, sendo ele responsável por todos aqueles que desencarnam em acidentes na estrada ou linha férrea. Em outras casas, Sòròkè deixou de ser uma qualidade de Ògún e passou a ser um Èsú , com as mesmas características do Ògún Sòròkè porém, sendo fundamentado como qualidade de Èsú e passando a ser cultuado como o mesmo.
Mas para nós de jeje Sòhòkè não é nem Èsú nem Ògún e, sim um vòdún independente, com culto próprio e de características próprias que acabou por ser fundido a cultura desses dois òrísás por ter coisas em comum. Isso ocorreu também com outras divindades como Agbé, Aboto, Azansu, Sogbo, Intoto e outos mais que acabaram aglutinados a cultura de outras divindades africanas. Sòhòkè é o guardião das casas de jeje, onde Sòhò(lê-se sorrô) significa guardião e kwè(lê-se Qüê) significa casa. Seu assentamento é fixado ao chão, cravado na terra, ao lado do assentamento do vodun Légbà, vodun Ayizan e do vodun Gú (Ogun). Sòhòkè não é iniciado na cabeça de nenhum adepto pois o mesmo não incorpora. Sòhòkè é o caminho formado pela lava após ser expelida do vulcão, possuindo muito fundamento com Badé, Sògbò e outros voduns que moram nos vulcões e que estão ligados ao fogo e também com Oyá. Sua cor é o Azul escuro e o vermelho, seu dia da semana a segunda-feira e sua saudação Aho bo boy Sòhòkè!!!
Kposu, a pantera
Kpòsú é um vòdún pouco conhecido e cultuado aqui no Brasil. A tradução da palavra kpòsú (lê-se Pòsú ou Pòsún) é pantera macho ou homem pantera. Dizem os ítàns que da união da princesa Álígbònò com uma pantera chamada Gbèkpò nasceu Yíègú. Yìegú Tènú Gesú formou um exército chamado kpòvíllè (os filhos da pantera) para tomar o reino de Àjá- Tàdò e ali deixou seu nome marcado na história, ganhando o título de Gáú Kpòsú (o general pantera) ou para nós apenas Kpòsú. Após a retomada do reino de Àjá-Tádò, os filhos de Yíègú vão para o sul e fundam o reino de Dàhòmèy. Com essa explicação, podemos ver que Kpòsú não é apenas um vòdún específico mas, também um título dado aos descendentes de Yíègú. Kpòsú representa a agilidade, a esperteza, a caça. Assim como a pantera, Kpòsú tem todas suas oferendas e sacrifícios feitos de madrugada. É um vòdún de extrema importância, sendo o senhor do Áríàsé de algumas casas de jeje. Seus rituais são ligados a Áyízàn e a cerimônia de mutação dos vòdúns onde Kpòsú tem a permissão de se transformar em pantera. Nas danças rituais, os adeptos dançam para kpòsú como se tivessem com garras na mão, lembrando a origem desse grande vòdún e deixando bem claro a sua natureza. Sem dúvida nenhuma, um vòdún de extremo respeito e, que não podemos deixar seu culto morrer, passando seu culto, assim como nossos ancestrais, de geração para geração.
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