sábado, 26 de setembro de 2015
ishù (Inhame); é muito utilizado por sua capacidade de renascimento com
só um pedaço do tubérculo debaixo da terra. Quando utilizado como massa
após cozido tem a função de amolecer, placar, estabilizar, amaciar...
Quando pilado cru é utilizado para transformação de algo ou situação muito dura
ou difícil de resolver, por isso nos ritos de Lissá, os inhames novos são
pilados crus e só depois a massa crua ou cozida é utilizada para oferecimento
a Lissá. Quando o Ishu é utilizado após ser assado na brasa, sua função é aplacar a força agressiva de Togún, Gún, Ogum e Nkossi, e mais, devido carvão produzido
no preparo, possui a função de transformar a força agressiva em favorecimento....
Quando utilizado cru inteiro, sua finalidade é produzir algo, porém dependerá de outros ingredientes integrados no Ébò..
Orígem e História de oxalá
OXALÁ é o detentor do poder genitor masculino. Todas suas representações incluem o branco. E um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma e a formação de todo tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se, assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (APAXORÓ). OXALÁ é alheio a toda violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza. Sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os metais e outras substâncias brancas.
Na África, todos os Orixás relacionados a criação são designados pelo nome genérico de Orixá Fun Fun. O mais importante entre todos eles chama-se Orixalá(Òrìsanlà), ou seja, o grande Orixá, que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado cmo Obatalá, rei do pano branco. Eram cerca de 154 Orixás Fun Fun, mas no Brasil a quantidade se reduz significativamete, sendo que dois, Orixá Olùfón, rei de Ifón (Oxalufã), Orixá Ógìyán, o comedor de inhame e rei de Egigbó(Oxaguiã), tornaram-se suas expressões mais conhecidas.
A designação de Orixá Fun Fun se deve ao fato de a cor branca configurar-se como a cor da criação, guardando a essência de todas as demais. O brando representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O nome Orisanlá foi contraído e deu orígem a palavra Oxalá, e com esse nome o grande Deus-pai passoua ser conhecido no Brasil. Todos os Orixás Fun Fun foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades de suas duas configurações principais: Òsálufón, Osagiyan, sendo este último, jovem e grerreiro, filho do primeiro mais velho e paciencioso.
Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que foi o primeiro Orixá concebido por Olodumaré e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiríam no mundo.
A maior interdição de Oxalá é de fato o azeite-de-dendê, que jamais deve macular suas roupas, seus objetos sagrados, e muito menos o seu Alá. A ú nica coisa vermelha que Oxalá permite, é a pena de Ikodidè, prova de sua submissão ao poder genitor feminino.
Epó kété ó, Alà telè ó
Epó kété ó, Alà telè ó...
Evite o dendê, evite pisar no Alá
Evite o dendê, evite pisar no Alá.
O Alá representa a própria criação, está intimamente relacionado a concepção de cada ser; é a síntese do poder criador masculino. Sua função primeira já remete ao seu significado profundo. A ação de cobrir não evoca somente proteção, zelo, denota a atividade masculina no ato sexual.
No Xirê Oxalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as orígens. Ele representa a totalidade, o único Orixá que, como Exú, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos, já que a humanidade vive sob o meso teto, o grande Alá que nos cobre e protege, o céu.
O MEL NO CULTO DE ODE
O mel no culto dos caçadores: Os ODE levavam as cabeças de seus ancestrais, para as caçados ou guerras num pote cheio de mel para concerva-la, como forma de atarirem sorte. Tem alguns ITAN que falam dessa relação do EWÓ (proibição) do mel para alguns ODE: Certa época a cidade de KETÚ, que ficava numa região dentro de terras inimigas, estava sendo sitia-da. E para pegar água eles tinha que sair dos muros protetores e pegar num rio fora, porem como estavam cercados, não podiam sair e todas as reservas de água da cidade tinha acabado. Eles suplicavam aos Deuses, foi quendo derrepente, apareceu um enxame de abelhas que produziram uma quantidade exagerada de mel, do qual os habitantes mataram a sede. Depois desse épisódio passaram a não tomar mais mel lembrando essa passagem.
Outro conta da ligação do jovem ODE com o velho ÒÒXÀALÀ, que o criou, mas um vivia recalamando do outro. O jovem da lentidão do velho e o velho da rapidez do novo, descidiram separar-se, mas ODE deu todo seu mel para ÒÒXÀÀLÀ, nunca esquece-lo. LÒGÚN EDE, por esse motivo eles não ingeriam o mel.
Ainda se tem uma outra versão onde se fala que o mel é um dos elementos fabricado pelas abelhas, que são tidas como animais pertencentes a Oxum, mas, também às ÌYÁMI ELÉYE, e pela passagem do ITAN onde OXÒTOKONXÓXÓ mata o passaro daso
O nome de ÒXÓÒSÌ, tem sua origem ligado à lenda africana, ao tempo em que ODÙDUWÀ, Rei de IFÉ, celebrava a festa da colheita dos novos inhames, sem a qual ninguém poderia comer destes alimentos.No palácio real, todos estavam reunidos em festa, para saborearem os inhames e beber vinho de palma. De repente, um pássaro gigantesco sobrevoou o pessoal e foi pousar na trave mais alta do salão de reunião. Era um pássaro mágico, enviado pelas feticeiras, as "ELÉYE", que o utilizavam em seus nefastos trabalhos. Os participantes da festa estavam apavorados e ameaçaram fugir, quando ODÙDUWÀ, mandou que mensageiros fossem em busca dos caçadores mais famosos do reino, e assim vieram: Da Cidade de ILARÉ OXOTADOTÁ, o caçador das50 flechas;Da Cidade de MORÉ: OXOTOGI, o caçador das 40 flechas;Da Cidade de IDÔ: OXOTO-GUN, o caçador das 20 flechas;Da Cidade de IREMÁ: OXOTOKANXOXO, o caçador de 1 só flecha.Os três primeiros, muito seguros de si e vaidosos, gastaram todas as flechas fracassando em suas tentativas de atingirem o pássaro mágico. Chegada a vez de OXOTOKANXÓXÓ, a sua mãe ÀKPÀOKÁ(A jaqueira) e da qual era o único filho, havia consultado um BÀBÁLAWÓ lhe disse: - Seu filho está a um passo da morte ou da riqueza, faça uma oferenda e a morte tornar-se á riqueza". Então ela ofereceu o sacrifício de uma galinha,colocando-a na estrada e abrindo-lhe o peito, da mesma forma como são feitas as oferendas às feiticeiras e dizendo três vezes:
- Que o peito do pássaro receba esta única flecha. O pássaro havia relaxado o encanto para receber a oferenda e ficou sem proteção, instante em que a flecha de OXÒTOKANXÓXÓ o atingiu mortalmente. Então todos passaram a excla-mar: OXOWUSI! OXOWUSI! Que traduzido quer dizer - É Popular ! É o Adorado! Outra provavel tradução venmde ÒXÒ ÒSÌ(Feiticeiro da esquerda).
Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido.
A colecta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza.
Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.
Em África, os caçadores que geralmente são os únicos na aldeia que possuem as armas, têm a função de salvar a tribo, são chamados de Oxô, que significa guardião e wúsí que significa popular, ouseja Osowusí e na expressão populara cabou virando Oxóssi. Oxóssi também foi um Òsó, mas foi um guardião especial, pois salvou seu povo do terrível pássaro das Iyá-Mi.
Outras histórias relacionadas com Oxóssi apontam-no como irmão de Ogum. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum – dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi, as suas forças completam-se e, unidas, são ainda mais imbatíveis.
Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossaim.
A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore.
A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi se tornou orixá.
Tal como Xangô, Oxóssi é um orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.
A sociedade de caçadores, ferreiros, mineradores e outros profissionais que têm Ogum por mentor denomina-se Egbé Odè. São guardiões do conhecimento trazido por esse orixá. Todas as atividades profissionais regidas por Ogum são atribuídas a homens de personalidade forte e, para ser um bom caçador, é necessário, entre outras coisas, aprender segredos que dizem respeito à sabedoria primordial desse orixá. Caçadores experientes detêm conhecimento a respeito de recursos mágicos de ação sobre a natureza da floresta, para que sua presença e atividades sejam admitidas nesse ambiente.
ÀKÀSÀ, ACAÇÁ OU EKÓ: SEU SIGNIFICADO :
As definições mais elementares do acaçá, dizem que se trata de uma pasta de milho branco ralado ou moído, envolvida ainda quente, em folha de bananeiras. A definição é correta, mas extremamente superficial, já que o acaçá é de longe a comida mais importante do candomblé. Seu preparo e forma de utilização nos rituais de oferendas envolvem preceitos e bem rígidos, que nunca podem deixar de ser observados. Todos os Orixás, de Exú à Oxalá, recebem acaçá. Todas as cerimonias, do ebó mais simples aos ascrifícios de animais, levam acaçá. Em rituais de iniciação, de passagem, em tudo mais que ocorra em uma casa de candomblé, só acontece com apresença de acaçá. A pasta branca à base de milho branco, chama-se eco (èko), depois de envolvida na folha de bananeira, aí sim, será acaçá. O acaçá, é um corpo, símbolo de um ser. A única oferenda que restitui e redistribui o axé. O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida; e por ser o grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da vida, tornou-e a comida e predileção de todos os Orixás. Nem todas as palavras do mundo são suficientes para decifrar o valor de um acaçá. Basta admitir que os segredos estão nas coisas mais simples para ver que muitos julgaram insignificantes, a comida mais importante do candomblé, banalizando o sagrado e privilegiando a intuição em deterimento do fundamento. Fato é que quem não faz um bom acaçá, não pode ser considerado um bom conhecedor de candomblé; pois, as regras e diretrizes da religião dos Orixás nunca foram ditadas pela intuição. Constituem grandes fundamentos "cristalizados" ao longo de anos e anos de tradição. Aos incautos vale afirmar que candomblé não é intuição, mas, fundamento sim, e fundamento se aprende. Fundamento é o segredo compartilhado, o mistério sagrado, o detalhe que faz a duferença e a prova de que ninguém pode enganar o Orixá. Aqui o grande fundamento é que o sangue dos animais jamais pode jorrar sobre os ibás sem a presença do elemento pacificador, pois, o acaçá simboliza a paz. Quando ofertado e retirado do seu invólucro verde, tornando-se a comida de Oxalá que agrada a todos os orixás, a primeira oferenda que deve ser colocada diretamente no assentamento, juntamente com o obi e a água, antes de qualquer sacrifício. O acaçá deve permanecer fechado,imaculado até o momento de ser entregue ao Orixá, só então é retirado da folha. É como se o sagrado tivesse que ficar oculto até a hora da oferenda, prova de que o segredo é quase sempre um elemento consagrado. E o segredo do acaçá é enrolar o ekó na folha de bananeira, é o que mantem um terreiro de candomblé, de pé.
Bori
Da fusão da palavra Bó, que em Ioruba significa oferenda, com Ori, que quer dizer cabeça, surge o termo Bori, que literalmente traduzido significa “ Oferenda à Cabeça”. Do ponto de vista da interpretação do ritual, pode-se afirmar que o Bori é uma iniciação à religião, na realidade, a grande iniciação, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais de raspagem, ou seja, pela iniciação ao sacerdócio. Sendo assim, quem deu Bori é (Iésè órìsà).
Cada pessoa, antes de nascer escolhe o seu Ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único, tendo escolhido as suas próprias potencialidades. Odú é o caminho pelo qual se chega à plena realização de Orí, portanto não se pode cobiçar as conquistas dos outros. Cada um, como ensina Orunmilá – Ifá, deve ser grande no seu próprio caminho, pois, embora se escolha o Orí antes de nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida.
Exú, por exemplo, mostra-nos a encruzilhada, ou seja, revela que temos vários caminhos a escolher. Ponderar e escolher a trajectória mais adequada é a tarefa que cabe a cada Orí, por isso, o equilíbrio e a clareza são fundamentais na hora da decisão e é por intermédio do Bori que tudo é adquirido.
Os mais antigos souberam que Ajalá é o Orixá funfun responsável pela criação de Orí. Desta forma, ensinaram-nos que Oxalá deve ser sempre evocado na cerimónia de Bori. Iemanjá é a mãe da individualidade, e por essa razão está directamente relacionada com Orí, sendo imprescindível a sua participação no ritual.
A própria cabeça é a síntese dos caminhos entrecruzados. A individualidade e a iniciação (que são únicas e acabam, muitas vezes, configurando-se como sinónimos) começam no Orí, que ao mesmo tempo aponta para as quatro direcções.
OJUORI – A TESTA
ICOCO ORI – A NUCA
OPA OTUM – O LADO DIREITO
OPA OSSI – O LADO ESQUERDO
Desta mesma forma, a Terra também é dividida em quatro pontos: norte, sul, este e oeste; o centro é a referencia, logo, todas as pessoas se devem colocar como o centro do mundo, tendo à sua volta os quatro pontos cardeais: os caminhos a escolher e a seguir. A cabeça é uma síntese do mundo, com todas as possibilidades e contradições.
Em África, Orí é considerado um Deus, aliás, o primeiro que deve ser cultuado, mas é também, juntamente com o sopro da vida (emi) e o organismo (ese), um conceito fundamental para compreender os rituais relacionados com a vida, como o Axexê (asesé). Nota-se a importância destes elementos, sobretudo o Orí, pelos Orikis com que são invocados.
O Bori prepara a cabeça para que o Orixá se possa manifestar plenamente. Entre as oferendas que são feitas ao Orí algumas merecem menção especial.
É o caso da galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo de individualização e representa a própria iniciação. A Etun é adoxu (adosú), ou seja, é feita nos mistérios do Orixá. Ela já nasce com Exú, por isso se relaciona com o começo e com o fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Axexê.
O peixe representa as potencialidades, pois a imensidão do oceano é a sua casa e a liberdade o seu próprio caminho. As comidas brancas, principalmente os grãos, evocam fertilidade e fartura. Flores, que aguardam a germinação, e frutas, os produtos da flor germinada, simbolizam a fartura e a riqueza.
O pombo branco é o maior símbolo do poder criador, portanto não pode faltar. A noz cola, isto é, o obi é sempre o primeiro alimento oferecido a Ori; é a boa semente que se planta e se espera que dê bons frutos.
Todos os elementos que constituem a oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas as pessoas: paz, tranquilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade, mas cabe ao Orí de cada um eleger as prioridades e, uma vez cultuado como deve ser, proporciona-as aos seus filhos.
Nunca se esqueça: Orixá começa com Orí.
Paó:
O paó na língua Yorubá quer diz (bater palmas). Nos ritos do Candomblé é indispensável o Paó no início e término ou em seu encerramento. Assim como a palavra, o som emanado das palmas batidas dos punhos, a baqueta percutindo no couro dos atabaques, a vareta batendo no corpo do agogo, o pêndulo batendo no interior do àdjá são condutores do poder do àse. O ato de bater Paó não é uma submissão e sim uma interação, comunicação, harmonia e integração com as energias. Os três primeiras sons rítmicos representam o Orixá interior (àrá), Orixá do assentamento (àiyé) e o Orixá da natureza (òrun); seguido por seis sons curtos, num total de nove, fazendo alusão aos nove Orun (mensan orun). Òrun Rere. Espaço reservado para aqueles que foram bons durante a vida. Òrun Alàáfià. Espaço de paz e tranquilidade. Òrun Funfun. Òrun do branco e da pureza. Òrun Bàbá Eni. Òrun do pai das pessoas. Òrun Aféfé. Espaço da aragem. Òrun Ìsàlú ou Àsàlú. Local de julgamentos. Òrun Àpáàdì. Reservado para casos de impossíveis de reparações. Òrun Burúkú. Espaço ruim, reservado para as pessoas más. Orun Mare. Espaço para aqueles que permanecem, tem autoridade absoluta sobre tudo o que há no céu e na terra e são incomparáveis e absolutamente perfeitos, os supremos em qualidades e feitos, reservado à Olodumare, Olorun e todos os Orixás e divinizados. O Paó é a essência da vida, também a permanência dentro da impermanência e impermanência na permanência. O ciclo vital, que não muda com o transcorrer da eternidade. O ato de bater Paó é a garantia que a infinita e generosa oferta que a natureza nos faz, desde que saibamos reverencia-la e louva-la.
Oxossi Ibualamo ou Odé Ibo
Antes de começarmos a falar sobre esse caminho de Odé, quero ressaltar que existem muitas confusões sobre o culto dessa qualidade de Oxóssi. Pois bem, em muitos lugares dizem que Ibualamo é um orixá distinto que no Brasil foi adaptado ao culto de Odé, mas, para desmistificar esse assunto, Ibualamo é uma qualidade de Oxóssi, tanto no Brasil, como na própria Africa, pois na Africa ele é conhecido como Odé Ibo ( Igbò ), tendo um culto totalmente afastado dos outros tipos de Oxóssi, pois sua distinção se difere em ritos, rezas e até mesmo na forma de assentar e raspar esse Odé. Ele é muito confundido com Orixá Erinlé, que é uma outra divindade que também é caçador e anda de branco, porém, Erinlé é filho de Oxalá com Olokún, e Oxóssi é filho de Iyámi Apaoká com Orúnmilá, ou seja, até nessa questão eles são distintos. Nessa qualidade ele tem uma forte ligação com as Iyá mi Oxorongá, devido ser velho, bruxo e muito envolvido a floresta.
Oxóssi Ibo ou Ibualamo é velho, veste branco com palha da costa, muitos búzios, ofá, erukere, lança de caça, chifres e chicote de couro pendurado no ombro. É ligado a Omolú, Oxalá e Oxúm, com quem anda e também tem fortes ligações, é o verdadeiro pai de Logún - Edé, aquele que venceu Erinlé na caçada e foi proclamado, seu culto é um refencia, sua saudação se devem abaixar, pois é ele o pai de todos os que vivem no orún e no aiyê.
Odé ou Oxóssi Ibo é o responsável pela guarda das florestas, plantas, animais, da medicina e da cura; é um eximio curandeiro, pois é tido como o senhor da medicina, porque dominou a botânica antes mesmo que Ossaíyn, tanto que no culto a essa qualidade na Africa, os sacerdotes usam cajados e se vestem inteiramente de branco, em referência a sabedoria de cura que tem essa qualidade de Oxóssi. É ele quem nos acompanha na vida, o Odé que dá a própria vida a todos seres vivos existentes na terra, pois sua emanada é exposta a forma de caça, guerra, agricultura, pesca, plantio e zelo pela saúde. É cultuado nos rituais de cura, em ebós para prosperidade e fartura e também é invocado para algumas feituras e raspagens de iyawos e egbomis.
Ele é o senhor da tabatinga, a lama da qual é utilizada para formar alguns utensilios para o culto africano e também utilizado na criação dos seres humanos. É ele que junto com Ajalá e Nanã - Burukú forma as espécies e moldam todos os seres vivos, pois após ele é considerado o senhor da carne, também chamado de Odé Akúeran, o Oxóssi que come qualquer tipo de carne.
Seu seguimento é acompanhar junto com Oxúm a formação do feto e a fecundação do ser até os 3 meses de gestação, após isso vai ser responsabilidade de Oxúm e Ibejí, para os tais cuidados com o novo ser vivo, então, após o nascimento, os seres vivos são responsabiidade de Oxóssi, pois é ele quem vai sustentar o ser vivo na vida, como a caça não só por alimento, mas também para um amor, dinheiro, magias, curas e outras formas das quais dia a dia lutamos para estarmos vivos.
Ibualamo é um poderoso Odé, tido como o mais tenebroso, até mais que Odé Dana - Dana, o Odé negro, pois Odé Ibualamo é o mais feiticeiro e tido como um bruxo amargo quando se refere a justiça, tanto que fora Xangô Oranfé, Oxóssi Ibualamo é o orixá mais justiceiro entre todos dos pantões, mas deixando bem claro, isso depois de Xangô Oranfé.
Seus fios são o azul claro, e também usa o marfim, pois é também um caçador de elefantes, onde caçava junto com seu amigo Erinlé, por isso tamanha confusão.
É cultuado em Ifé ( Alaketú ), Igbo e Ilobú, mas seu culto vem mais da cidade e da tribo de Igbo, por qual também recebe esse nome.
Contam os mais velhos que é Ibualamo o unico orixá que consegue transformar morte em vida, aquele que faz a alma voltar a terra, ou seja, reencarnar, enquanto é função de Oyá Igbale levar a alma para o Orún, pois, Odé Ibualamo ensina as almas no que devem melhorar, cura o motivo da morte na alma e encaminha para Oyá e Omolú, e assim ser reencarnado novamente.
Existe muito segredo sobre essa qualidade de Odé, pois é um tremendo mistério e muito coisa reservada, pois é um culto colocada por baixo dos panos, devido a forma de se cultuar, pois não sendo bem cultuada, causa sérios problemas a pessoa e ao sacerdote, dependendo do minimo erro, até mesmo a morte, pois é insanguinário e masoquista ao extremo. Seus segredos devem ser guardados à 7 chaves, por essa razão de cautela, o culto a esse Oxóssi em Igbo na Africa se usa máscaras, pois Ibualamo não gosta de mostrar seus olhos, e quando mostra, é para matar.
O que colocamos é que é um dos mais belos tipos de Odé, porém perigoso, não se deve fazer qualquer coisa de qualquer jeito para Ibo, pois um minimo erro, é tido como uma afronta e é punido.
O senhor da floresta e verdadeiro dono da vida, provê a fartura, prosperidade, riqueza e saúde. Ele é o rei da própria vida.
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