sábado, 15 de dezembro de 2012
DESABAFO
Gente o Candomblé é uma religião incrível, cheia de cores harmonia, com Orixás/voduns que são energias divinas que nos trazem paz, alegria e não guerra.
Quem nunca se emocionou num Xirê/odorozan, nunca se arrepiou com o toque dos atabaques,nunca se divertiu numa função, e nunca sentiu a paz que o abraço de um Orix/vodun nos traz.
Que religião mais linda a nossa, rica e cheia de vida que é o nosso Candomblé! E é exatamente por isso q ono candomblé não deve haver desunião entre casase irmãos de culto, todos nos cultuamos os mesmos Orixás,voduns e uma coisa ou outra podem até podem ser diferentes entre os iles/kues afinal ninguém sabe o certo por completo.
A nossa religião e a única que aceita homens, mulheres, homossexuais, héteros, crianças, idosos, negros, brancos, orientais, deficientes, gordos, magros, enfim seja quem for o Candomblé não fecha as portas para ninguém, o que fecha as portas é a ignorância dos de fora. E os que seguem a religião também não ajudam, em vez de se unirem e mostrar a riqueza que a nossa religião tem eles fazem guerra apontam o que e certo e o que não é e mostram que no Candomblé só existe intriga e desunião. infelizmente tem muita gente assim.
Bom, eu disse o que estava entalado na garganta, nem todos irão concordar como sempre mas o melhor a se fazer e refletir!
acorda vodunsi. Mais união mais humildade e sobretudo mais respeito uns com os outros.
pejigan vanderlei de odé.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Aziri Tolá
Assim como em todas as culturas afro descendentes, no djèdjè mahí também existe uma divindade relacionada ao culto as águas doces e a fertilidade. Essa divindade é considerada uma Nae togbosy termo que engloba outras demais divindades relacionadas as águas.
Aziri Tolá é uma Nae Togbosy que vive no fundo dos rios, pertencendo ao panteão da terra pelo culto aos ancestrais. Muito doce e meiga, prefere a paz e traquilidade do fundo dos rios, regendo todos os seres vivos que por lá vivem. Recebeu ordens de Mawú para levar aos seres humanos a fé e o amor, sendo responsável também pela beleza e fertilidade do planeta, cuidando de sua aparência e bem estar. É a senhora do amor e tem a propriedade de unir as pessoas sentimentalmente através da paixão e do amor.
Rege os casamentos, as uniões estáveis e todo laço de afeto que pode existir entre duas pessoas de sexo opostos ou do mesmo sexo.
É
vaidosa, caridosa porém muito exigente, gostando das coisas sempre em
ordem, principalmente relacionadas ao culto. É a maior representante da
classe das Naes togbosys das águas doces pela sua importância e por se assemelhar muito ao òrísá Òsún dos cultos iorubás.Veste amarelo clarinho, com detalhes dourados e prateados. Se enfeita com pedras, conchas e caramujos. Aziri tolá também é responsável pela fertilidade da mulher, regendo a gestação, a hora do nascimento e o bem estar do filho e da mãe. Divindade do encanto e da beleza, adora o ouro e tudo o que brilha, simbolizando o flash de luz que atravessa as águas e chega ao fundo dos rios, clareando um pouco aquele mundo escuro e sombrio.
É responsável pelo bem estar das águas e todo ciclo de animais, folhas e micro-organismos que nelas vivem, juntamente com Nae Tokpodun, uma divindade do panteão hevioso que foi expulsa do oceano devido seu gênio forte e arredio.
Outra Nae muito conhecida do culto as águas doces é Aboto, vodun cujo culto atravessou fronteiras e chegou até as terras iorubás, sendo cultuada ora como variação de Íyèmònjá ora como variação de Òsún. Aboto é a senhora do encontro das águas, regendo o local onde o rio desemboca. Pertence ao panteão da terra, sendo um vodun velho e temperamental, coligada ao culto aos ancestrais. É a dona do suór e de toda água encontrada no organismo. Senhora da pororoca e das èkédjís, protegendo-as e cobrando-as de suas funções. Suas cores são o amarelo pálido e o transparente; gosta de adornos dourados e prateados e adora perfumes.
Muitas Naes das águas doces são desconhecidas devido a falta de informação e aprendizado porém, cada uma possui sua significância, seja pertencente ao panteão dos trovões ou da terra, sua importância é indiscutível para o culto e para a existência do planeta e dos seres que nele habita. Usam adornos dourados em sua maioria, vestes estampadas, amarelas ou azuis, trazem nas mãos liras, espelhos, leques, òfá, penas, etc. variando conforme seu culto e sua abrangência. Algumas possuem fundamentos com Òtólú, outras com Ajaunsi, Sogbo, Averekete, etc. Seu dia da semana é o sábado e seus pratos são os mais variados, desde o òmóòlókún, peixes diversos, arroz doce, lè lè, ásòsò, doces e frutas.
Ajaunsi é um vodun masculino, pertencente ao panteão da terra e extremamente coligado ao universo das Nae togbosy. É um exímio caçador e pescador, e vive na beira dos rios acompanhando as Naes. Rege os animais que vivem tanto na terra quanto na água, tais como répteis, anfíbios e alguns pássaros. Divindade da juventude e da alegria, representa a inocência e a pureza, protegendo as pessoas durante a fase jovem. Responsável por todo o aprendizado das crianças, desde fala até mesmo o andar. É um vodun encantado, veste amarelo claro e azul, sendo muito parecido com o òrísá Òlóògúnèdé dos iorubás.
Qualidades dos òrísás: caminhos ou deuses diferentes?
Qualidades dos òrísás: caminhos ou deuses diferentes?
Com a chegada dos Europeus ao continente africano, os negros passaram por uma mudança drástica, deixando de ser líderes, chefes de aldeia, súditos, ou simples habitantes para serem qualificados como escravos. Os negros foram levados para os mais diferentes lugares de toda Europa e também para suas colônias. O Brasil era uma colônia portuguesa e, já tinha tentado fazer seus aborígenes de escravo mas, os índios não eram acostumados com trabalho pesado e muitos acabaram adoecendo. Logo, os portugueses trouxeram os negros da África e os juntaram em senzalas, fazendo deles seus empregados, que apanhavam, eram humilhados e tinham todos seus deireitos renegados. Nessa junção de diferentes negros, de diferentes territórios africanos em uma mesma senzala, fez com que seus cultos e deuses fossem aglutinados, passando por grandes transformações. O homem branco forçava os escravos a esquecerem seus deuses pagãos e, queria catequizá-los, ensinando para os negros o cristianismo e toda legião de santos católicos. Para não desmerecer o grande panteão africano, os negros assimilavam seus deuses aos santos católicos, conforme carácterísticas em comum. Ògún foi assimilado à São Jorge, Òsóòsí à São Sebastião, Sàngò à São Gerônimo, e daí por diante. Como já não fosse o bastante, por causa de ser cultutados diferentes deuses, de diversas culturas e territórios diferentes, ocorreu também a aglutinação de deuses onde Ògún foi assimilado à Tògún e a RoxiMukumbe, Òsóòsí à Òtòlú e a kabila, Sàngò à Hèvíòsò e Zázè e, assim sucessivamente. Nessa mistura de cultos, até mesmos certos òrísás perderam suas carácterísticas que os diferiam e passaram a ser cultuados como outros òrísás à que tinham algo em comum. Ònírà por exemplo, é um òrísá do culto as águas, sendo extremamente guerreira; Seu culto foi aglutinado ao de Òyá e ao de Òsún, a deusa da guerreira e a deusa das águas. Foi nessa grande confusão que surgiram as qualidades dos òrísás que nada mais é do que passagens dos mesmos em sua fase terrena, outros deuses que perderam sua cultura e foram confundidos com os òrísás mais conhecidos, vòdúns que por terem características em comum passaram a ser aglutinados ao culto dos òrísás ou títulos desses òrísás em sua passagem terrena.
Exemplo1: Passagem do mesmo em sua fase terrena- Sàngò Àgànjú, fase jovem, onde foi coroado e assumiu o reino de òyó; Sàngò Ògòdò, fase adulta, onde essa divindade constrói sua família polígama; Sàngò Áfònjá, fase mais madura, onde essa divindade está extremamente ligada ao culto dos trovões; Sàngò Ígbárú, fase madura, onde esse òrísá é relacionado ao fogo.
Exemplo2: Outros deuses que perderam sua cultura e foram confundidos com os òrísás mais conhecidos- Áirá é uma divindade relacionada ao culto de Sàngò. Segundo os mais antigos, liderava o exército do grande rei. Possui grande envolvimento com Òsáàlá.
Exemplo3: Vòdúns que por terem características em comum passaram a ser algutinados ao culto dos òrísás- Sògbòádàn é um vòdún que representa a união da família Hèvíòsò com a família Dàn gbírá, sendo um deus coligado ao fogo e a terra, tido para muitos como uma cobra alada que cospe fogo.
Exemplo4: Títulos desses òrísás em sua passagem terrena- Ògbá kòsò, significa o rei não morreu!Título dado à Sàngò após sua suposta morte; Áláfín, título dado à Sàngò após ter se tornado rei de Òyó, sendo o quarto Áláfín de òyó.
Podemos ver nesses exemplos que, todos são tratados como Sàngò porém, verdadeiramente suas qualidades ou caminhos são Ágànjú, Ògòdò, Áfònjá e ígbárú. As demais são títulos ou outros deuses aglutinados em sua cultura.
Essa confusão ocorre com quase todos os òrísás cultuados no nosso candomblé, uma vez que eram mais de 600 deuses na África e aqui se resumiram a 16 mais cultuados. Será que, esses 584 deuses que restaram se tornaram qualidades das divindades mais cultuadas? Alguns sim, outros não mas, sabe-se que existe muita gente aí feita de um òrísá mas é de outro, ou até mesmo feita de òrísá mas sendo de vòdún devido a essa mistura. Com o tempo a tendência é piorar pois, hoje em dia vemos muitas outras qualidades sendo inventadas como Òdé ònísèwè( o caçador de borboletas, o òdé que pensa ser uma òyá), Òyá Dè, òsún òtín, dentre outras maluquices que o futuro nos tem trazido.
A mensagem é a seguinte: Procurem estudar mais sobre as divindades, seus cultos, sua origem para poder fazer as coisas certas. Candomblé é cultura, é estudo...Não pode existir zelador desinteressado ou kòsì. Devemos estudar e nos aprofundar na cultura para podermos fazer a coisa certa.
Na verdade, Sàngò só existem um. O que varia é a forma como ele é cultuado em diferentes òrís. Suas comidas e cores, danças e rituais são os mesmos, diferindo apenas temperos e preferências. Isso serve de exemplo para todos os demais òrísás de nosso panteão e suas qualidades.
sábado, 6 de outubro de 2012
Sakpatá, o vodun da varíola e da terra
Sakpata é considerado por alguns como o primogênito de Mawu-Lisá, e por outros como sendo filho da antiga mãe Nanã Buluku. São muitos os voduns que fazem parte da família de Sakpata, todos tendo características e culto próprio mantendo relações de semelhanças entre si. Todos estes voduns estão ligados à terra, às doenças e a cura. Alguns estão associados à riqueza e a miséria. Suas vestimentas são feitas ou levam a palha da costa, um dos principais símbolos destes voduns. Alguns usam o xaxará, outros o bastão, a lança e o facão. As cores são variadas, mas geralmente se remetem aos tons mais escuros, em especial o roxo, o preto e branco, o bordo e o vermelho.
Azansú (homem da esteira) ou Azonsú (homem doente) são os nomes pelo qual Sakpata é conhecido nos candomblés jeje mahi. Usa palha da costa que lhe cobre todo corpo e o xaxará, com o qual capta e retira a energia negativa dos ambientes. Sua cor é o roxo ou o bordô. A saudação para os voduns desta família é “Abáo, sísí daagbo”.
Avimaje é um vodun jovem da família de Sakpata, o mensageiro entre os voduns desta família. É ele quem “carrega as almas”, veste-se de branco e é guerreiro. Carrega um facão e não usa o xaxará. Tem ligações com o vodun Kposu.
Parará, Kpadadá ou Pararaligbú é um sakpata feminino. Rege a terra e as doenças, e as feridas provocadas pela varíola simbolizam as jóias de Parará. Sua cor é o roxo. Carrega um pequeno xaxará.
Azoani, Azawane ou Azonwäne é considerado, principalmente pelo jeje do RJ, como um vodun das ervas, com muita ligação ao vodun Agué. Para outros porém esse nome é apenas mais um “apelido” de Azonsú-Sakpatá (e é assim que consideramos aqui em minha casa).
Em geral todos estes voduns são muito exigentes com seus filhos, sendo amados e temidos por eles. Cabe aos sakpatas a fiscalização das casas de religião, sempre mantendo a moral e os bons costumes. Ewá está intimamente ligada a Azansú, sendo a responsável pela tarefa de fiscalizar as casas para os demais sakpatas.
Na África, até hoje, os sacerdotes de Sakpatá são chamados de Ánàgónú, talvez uma referência a possível origem nagô deste vodun.
Vodun Kpɔ̀sú
Kpɔ̀sú (lê-se Pôssú) significa “Homem Pantera” (kpɔ̀=pantera;
sú=homem). Um vodun cultuado nos candomblés de Jeje-Mahi no Brasil, ora
como sendo do Panteão do Trovão (Xebioso, Hevioso ou Kaviono), ora como
sendo do Panteão da Terra (Sakpatá).
Contam as lendas que da união da princesa Álígbònò com uma pantera
chamada Gbèkpɔ̀ nasceu Yíègú. Yíègú foi o responsável por formar um
exército denominado Kpɔ̀villé (os filhos da pantera) e conquistar o
reino de Ajá-Tado. Após suas conquistas Yíègú toma o título de Gáú
Kpɔ̀sú (general Kpɔ̀sú) ou simplesmente Kpɔ̀sú. Também está ligado à
fundação de Danxomè (Daomé ou Dahomey). Na Casa das Minas há um vodun
conhecido como Dadarrô (Dadaxó) que significa “O Rei”, O pai do Daomé,
ancestral da família de Davice (família real), que seria para os mahis o
mesmo que Kpɔ̀sú.
Ainda na visão de alguns pesquisadores, Kpɔ̀sú seria um nome
utilizado para substituir o nome de filho bastardo (Agasú) e matador de
Aja (Ajahutó) deste grande ancestral.
Na visão do Jeje Mahi, Kpɔ̀sú é visto de duas formas: numa é um vodun
velho, o mais velho dos voduns da família de Hevioso. É a astúcia, a
agilidade, o caçador. Considerado como sendo o pai do vodun Sògbó. É uma
das manifestações do próprio deus do raio que vem a terra em forma de
pantera no mato.
Numa outra visão, Kpɔ̀sú é visto como um vodun da família dos Sakpatás, mas mantendo todas as suas características.
Em verdade nenhuma das visões deixam de estar corretas; Kpɔ̀sú é um
grande vodun, ligado ao pó da terra e às alturas, a ligação entre a
terra (ayi) e o céu (ji), por isso sendo também considerado como aquele
que, junto ao vodun Avimajé, carrega a alma dos antepassados.
Kpɔ̀sú tem seu fio de contas e suas cores em tonalidades de cores
escuras, como o laranja e o preto, o bordô, podendo ser também o
colorido. Aprecia o quiabo e comidas apimentadas. Sua saudação
é “gbedê kpogbó!” (viva a grande pantera!).
sábado, 1 de setembro de 2012
JEJE-MAHI - ROÇA DO VENTURA
JEJE-MAHI
ROÇA DO VENTURA
Para
se sentar na cadeira de Gayaku da Roça do Ventura tem que ser feita
(iniciada) para o vodun Sógbó (sobô), ou Azonsú (lá Azansu) ou para
Gbesen (Bé-sém), lembramos que no Ventura a Gayaku é termo dado aquelas
que iniciaram pelo menos 1 filho para um vodum da família nagô (Ogun,
Odë, Iyemoja, Osun,..., lá não se inicia Iyewa, nem Oba, nem Logunëdë)
Bem, a fundadora foi Ludovina Pessoa, que era iniciada de Ogun (um
vodum nagô) obviamente ela não era iniciada de Azonsú, nem de Sógbó e
nem de Gbesen, e obviamente não se sentou no trono, tendo-se aliado a
Maria de Azonsú da família de Modubi (de José Maria de Belchior,
originária do Terreiro do Pinho - Hunkpame Dahomé) da roça de cima para
fundar a roça de baixo empossando uma de suas filhas (de Gbesen).
A
lógica é que para sentar no trono de Gayaku tem que se iniciar lá um
vodun nagô e ser iniciada para vodum propriamente dito, embora o
conceito de vodum nagô varie dentro das ramificações do jeje. Por que
isso? Isso porque Gbesen é o espírito da vida e assim sendo não
compactua com nada que lembre a morte, daí o uso de sempre-vivas em
preceitos como o gbo-etá (boitá), do beeko (quizila) com flores dignas
de se cobrir defuntos, do não estabelecer casa de egun (asen), etc. como
havia na roça de cima (de Modubi) etc.
Os mahis na realidade cultuam voduns que se relacionam diretamente
com os orixás e deles tiveram origem de culto na África, e de sua região
mahi. Assim comumente ouvimos sou de Sango de um filho de Sógbó e o
mesmo de um filho de Aira (lembramos que sacerdotes do Benin afirmam que
Sógbó é Sàngó).
Na roça de cima o termo gayaku herdado pelos modubis e pelos hoje,
então, descendentes, designa aquela que é dirigente de um culto voltado
aos voduns de nagô (um Nagô Vodum antigo), e não necessariamente a que
inicia um vodum desta família, o título foi repassado com a criação da
roça de baixo. Visto que Azonsu é termo próprio da família de Modubi.
Eguns e voduns que tiveram vida terrena como os reais do Dahomey não
são cultuados em Mahi, todos os antepassados da casa são reverenciados
(ja avalu) saudando-se e ofertando-se ao vodun Ayizan, sempre à frente
da casa principal conforme Ajahuto o fez em Allada.
Os voduns mahis seguem conforme os orixás nagôs, são aqueles que de
alguma forma morreram, seus corpos não foram encontrados, despareceram,
subiram ao céu ou desceram pela terra, enfim se há sepultura (como a dos
reis do Dahomey) não é cultuado como vodum Mahi.
Obs. Esse assunto é referente ao Jeje Mahi no Brasil e não no culto
de voduns mahis no Benin onde reina Ainon (Sakpatá). Atualmente vemos o
maravilhoso e reedificado asen de Savalou em memória à ancestralidade
real do Palácio de Savalou.
O Jeje Mahi de Cachoeira, Bahia e do Bogum de Salvador, Bahia (da
mesma fundadora) tem como divindade principal Gbesen, que é do culto de
Dàn de local próximo.
sábado, 25 de agosto de 2012
CARGOS DA NAÇÃO DJEJE
Cargos da Nação Jeje-1
Yatemi (iatemi) - denominação dada às mulheres que têm cargo de sacerdotiza após sua passagem de yao para um grau superior, sete anos após a iniciação. O prefixo Ìyá é de origem Anágò e significa Mãe. Em língua Fon a palavra mãe se grafa como Nà, anɔ̀, naé, năjinɔ̀, nɔ̀ e yă (palavra de origem Anágò) que perdeu a vogal inicial I e foi assimilada pelo povo Fon como: Yă.
Neste caso a grafia Yatemi está fundida com a palavra de origem Fon ‘Etémìn ou Etémì‘ termo que faz alusão àqueles que adquiriram grau superior, ou seja, que completaram seus 7 anos. A palavra equivalente em língua Anágò seria Ègbónmí (irmão mais velho). A palavra Fon Etémìn ou Etémì não confere grau de sacerdote ou sacerdotisa, apenas faz alusão àquele ou àquela que é mais velho.
Babatemi (babatemi) - Denominação dada aos homens que têm cargo de sacerdote após sua passagem de yao para um grau superior, sete anos após a iniciação. O prefixo Bàbá é de origem Anágò e significa Pai. Em língua Fon se grafa como Tɔ́, atɔ́, daá, dadá, dεέ.
Hunsó (runssó) - mãe pequena
Grafa-se: Hùnsɔ̀. (pronuncia: Runsó)
Se grafarmos Hùnsò (pronuncia: Runsô) Teremos a tradução: Hùn = Vodún + Sò = Raio. Ou seja, diríamos Vodún do Raio. Um adjetivo para o vodún Sògbò.
Dehe (deré) - vodunsi responsável por todos os atins mágicos usados nos rituais.
Grafa-se: Dεlὲ. (pronuncia: Deré) * No Fon a letra “L” tem som de “R”.
Dehe-vitu (deré vitu) - cargo que substitui a mãe-pequena.
Grafa-se: Dεlὲ vitù.
Done (doné) - Cargo dado às vodunsis filhas dos voduns da família de Heviosso. Em cada axé só pode haver uma. (Jeje Brasil) Grafa-se: Donὲ.
Dote (doté) - Cargo dado aos vodunsis feitos de voduns da família de Heviosso. Em cada axé só pode haver um. (Jeje Brasil) Grafa-se: Dotὲ.
Yatemi (iatemi) - denominação dada às mulheres que têm cargo de sacerdotiza após sua passagem de yao para um grau superior, sete anos após a iniciação. O prefixo Ìyá é de origem Anágò e significa Mãe. Em língua Fon a palavra mãe se grafa como Nà, anɔ̀, naé, năjinɔ̀, nɔ̀ e yă (palavra de origem Anágò) que perdeu a vogal inicial I e foi assimilada pelo povo Fon como: Yă.
Neste caso a grafia Yatemi está fundida com a palavra de origem Fon ‘Etémìn ou Etémì‘ termo que faz alusão àqueles que adquiriram grau superior, ou seja, que completaram seus 7 anos. A palavra equivalente em língua Anágò seria Ègbónmí (irmão mais velho). A palavra Fon Etémìn ou Etémì não confere grau de sacerdote ou sacerdotisa, apenas faz alusão àquele ou àquela que é mais velho.
Babatemi (babatemi) - Denominação dada aos homens que têm cargo de sacerdote após sua passagem de yao para um grau superior, sete anos após a iniciação. O prefixo Bàbá é de origem Anágò e significa Pai. Em língua Fon se grafa como Tɔ́, atɔ́, daá, dadá, dεέ.
Hunsó (runssó) - mãe pequena
Grafa-se: Hùnsɔ̀. (pronuncia: Runsó)
Se grafarmos Hùnsò (pronuncia: Runsô) Teremos a tradução: Hùn = Vodún + Sò = Raio. Ou seja, diríamos Vodún do Raio. Um adjetivo para o vodún Sògbò.
Dehe (deré) - vodunsi responsável por todos os atins mágicos usados nos rituais.
Grafa-se: Dεlὲ. (pronuncia: Deré) * No Fon a letra “L” tem som de “R”.
Dehe-vitu (deré vitu) - cargo que substitui a mãe-pequena.
Grafa-se: Dεlὲ vitù.
Done (doné) - Cargo dado às vodunsis filhas dos voduns da família de Heviosso. Em cada axé só pode haver uma. (Jeje Brasil) Grafa-se: Donὲ.
Dote (doté) - Cargo dado aos vodunsis feitos de voduns da família de Heviosso. Em cada axé só pode haver um. (Jeje Brasil) Grafa-se: Dotὲ.
Gaiaku (gaiacú) – Cargo dado às mulheres sacerdotizas. Segundo alguns
informantes somente pessoas de Agué, Naetê, Agbe, Yemanja, Loko e Lisa
podem ter esse cargo. Outros dizem que toda zeladora pode usá-lo.
Grafa-se: Gayàkú. No Benin este atributo é utilizado por pessoas
consagradas ao vodún Agὲ, pois segundo alguns nativos, este nome faz
alusão a um devoto de Agὲ. (pronuncia: Agué).
Megitó (megitó) – Cargo dado às mães de santo que já fizeram voduns em suas casas. Alguns dizem que todas as pessoas feitas de voduns da família de Dan são megitó. Vale ressaltar que o primeiro Jeje do Rio de Janeiro foi fundado por dona Megito que era de Vodum Jô. Grafa-se: Mεjitɔ́. Qualquer pessoa que tenha gerado descendentes religiosos pode utilizar esta condição. A palavra vale tanto para o sexo masculino quanto feminino. Quando se faz uso para sacerdote é necessário esclarecer que é por ter gerado descendentes religiosos e não por ter parido biologicamente um ser.
Pegigan - Primeiro ogam feito na casa, responsável por todo os pejis da casa.
Grafa-se: Kpεjígán. Significa: Kpεjí = sobre o altar + Gán = senhor. Trazendo a idéia de ”Senhor que zela o altar”. Ou ainda: Kpεn = pedra + Jí = verbo gerar + Gán = senhor. Trazendo idéia de “O senhor que gera (ou dá a vida) à pedra”.
Bagigan – Ogam responsável pelas folhas
Grafa-se como: Agbajìgán. Agbajì = pátio + Gán = senhor. Ou seja: o senhor que cuida ou zela do pátio, que por coincidência é onde estão plantadas as folhas.
Gaimkpè (gaimpé) - Terceiro sacerdote (ogam). Acompanha a mãe/pai de santo em todos os fundamentos de uma ahama (barco de iniciação).
Grafa-se: Gán Ipè (pronuncia: Gan ipê).
Hundeva (rundêvá) - sacerdote responsável pelas cerimônias de nahunos (iniciação).
Grafa-se: Hùndévà.
Megitó (megitó) – Cargo dado às mães de santo que já fizeram voduns em suas casas. Alguns dizem que todas as pessoas feitas de voduns da família de Dan são megitó. Vale ressaltar que o primeiro Jeje do Rio de Janeiro foi fundado por dona Megito que era de Vodum Jô. Grafa-se: Mεjitɔ́. Qualquer pessoa que tenha gerado descendentes religiosos pode utilizar esta condição. A palavra vale tanto para o sexo masculino quanto feminino. Quando se faz uso para sacerdote é necessário esclarecer que é por ter gerado descendentes religiosos e não por ter parido biologicamente um ser.
Pegigan - Primeiro ogam feito na casa, responsável por todo os pejis da casa.
Grafa-se: Kpεjígán. Significa: Kpεjí = sobre o altar + Gán = senhor. Trazendo a idéia de ”Senhor que zela o altar”. Ou ainda: Kpεn = pedra + Jí = verbo gerar + Gán = senhor. Trazendo idéia de “O senhor que gera (ou dá a vida) à pedra”.
Bagigan – Ogam responsável pelas folhas
Grafa-se como: Agbajìgán. Agbajì = pátio + Gán = senhor. Ou seja: o senhor que cuida ou zela do pátio, que por coincidência é onde estão plantadas as folhas.
Gaimkpè (gaimpé) - Terceiro sacerdote (ogam). Acompanha a mãe/pai de santo em todos os fundamentos de uma ahama (barco de iniciação).
Grafa-se: Gán Ipè (pronuncia: Gan ipê).
Hundeva (rundêvá) - sacerdote responsável pelas cerimônias de nahunos (iniciação).
Grafa-se: Hùndévà.
Abose (abôssé) – Responsável pelos carregos e segurança da casa,
normalmente é dado a um filho de Gu, pois o vodum também toma cargo.
Grafa-se: Agbósὲ (pronuncia: Abôssé).
Hun to (rum tó) – dono do tambor. Responsável pelos atabaques, cantigas e rezas.
Grafa-se: Gánhǔntɔ́. (pronuncia: Gan rruntó) Vale lembrar que Hǔn significa: tambor largo e Tɔ́ significa: proprietário. Considerando que Gán (senhor) não é e nunca será pai, pois numa família só pode existir um pai e uma mãe, temos: “O senhor proprietário do tambor”.
A palavra Gán é de origem Fon e significa Senhor.
Não devemos confundir com a palavra Anágò Ògá que significa Chefe, mas que também é utilizada pelo povo Anágò para fazer alusão à pessoa que ocupa o mesmo cargo.
Hunhoto (runhôtô) – tocador de tambor.
Grafa-se: Hùnxótɔ́ (pronúncia: Runrrôtó) significa: tocador de tambor.
A palavra Fon: Ayihúndátɔ́ significa: tocador.
Huno (runô) - cargo semelhante ao ogam Rundevá.
Grafa-se: Hùnòn ou Hùnò. Onde: Hùn = vodún + Nòn = sacerdote. Ou seja: sacerdote de vodun.
Abasa (abassá) – Ogam responsável pela sala (barracão). Todos os preceitos de sala são feitos por ele. Cabe também a ele receber e acomodar as visitas.
Grafa-se: Agbásà. Significa: pátio ou área externa. O ‘Gàn’ (senhor) que realiza esta atribuição é o Agbásàgán. Na língua Fon se utiliza a forma ‘Gán’. Possivelmente a palavra Ogan foi assimilada no Brasil da língua Anágò que grafa: Ògá. E que faz alusão ao mesmo cargo.
A palavra Fon ‘Gán’ significa também ferro.
Equedji - Auxiliar da zeladora/zelador
Grafa-se: Ekèjí (pronuncia: Êkêdji). Significa: O segundo de um par.
Grafa-se: Agbósὲ (pronuncia: Abôssé).
Hun to (rum tó) – dono do tambor. Responsável pelos atabaques, cantigas e rezas.
Grafa-se: Gánhǔntɔ́. (pronuncia: Gan rruntó) Vale lembrar que Hǔn significa: tambor largo e Tɔ́ significa: proprietário. Considerando que Gán (senhor) não é e nunca será pai, pois numa família só pode existir um pai e uma mãe, temos: “O senhor proprietário do tambor”.
A palavra Gán é de origem Fon e significa Senhor.
Não devemos confundir com a palavra Anágò Ògá que significa Chefe, mas que também é utilizada pelo povo Anágò para fazer alusão à pessoa que ocupa o mesmo cargo.
Hunhoto (runhôtô) – tocador de tambor.
Grafa-se: Hùnxótɔ́ (pronúncia: Runrrôtó) significa: tocador de tambor.
A palavra Fon: Ayihúndátɔ́ significa: tocador.
Huno (runô) - cargo semelhante ao ogam Rundevá.
Grafa-se: Hùnòn ou Hùnò. Onde: Hùn = vodún + Nòn = sacerdote. Ou seja: sacerdote de vodun.
Abasa (abassá) – Ogam responsável pela sala (barracão). Todos os preceitos de sala são feitos por ele. Cabe também a ele receber e acomodar as visitas.
Grafa-se: Agbásà. Significa: pátio ou área externa. O ‘Gàn’ (senhor) que realiza esta atribuição é o Agbásàgán. Na língua Fon se utiliza a forma ‘Gán’. Possivelmente a palavra Ogan foi assimilada no Brasil da língua Anágò que grafa: Ògá. E que faz alusão ao mesmo cargo.
A palavra Fon ‘Gán’ significa também ferro.
Equedji - Auxiliar da zeladora/zelador
Grafa-se: Ekèjí (pronuncia: Êkêdji). Significa: O segundo de um par.
Gonzegan – Ekedji responsável pelo grã - já se sabe que esta é a ekedji
das gonzens e não há segredo nenhum. Grafa-se: Gonzengán.
Emilecè - é o que carrega o Acé do okukale. Gostaria de obter esclarecimentos sobre esta ocupação para melhor entender.
Dogan (dôgan) - pessoa responsável pela comida dos voduns. Esse cargo pode ser ocupado tanto por uma ekedji como por um vodunsi. )
Grafa-se: Dàgán (tradução: Dà = preparar comida + gán = senhor).
Lebasi - Filhos de Legba Grafa-se: Lε̆gbàsí.
Togunsi – Filhos de Gu Grafa-se: Gǔnsí.
Otolusi – Filhos de Otolu Grafa-se: Otólùsí.
Aguési – Filhos de Ágüe Grafa-se: Agὲsí.
Sakpatasi - Filhos de Sakpata Grafa-se: Sakpatásí.
Lokosi (lôcôssi) – Filhos de Loko Grafa-se: Lòkósí.
Hunhó (runhó) - Vodunsi filho de Sobo, Hevioso, etc.
Grafa-se: Hùnyɔ̀ (tradução: Hùn = Vodún + yɔ̀ = Fogo).
Tobosi – filhas de Aziri, Tobosi, Oxum.
Grafa-se: Tɔgbosí. (tradução: Tɔ = água corrente + Gbo = grande quantidade + Así = Esposa).
Emilecè - é o que carrega o Acé do okukale. Gostaria de obter esclarecimentos sobre esta ocupação para melhor entender.
Dogan (dôgan) - pessoa responsável pela comida dos voduns. Esse cargo pode ser ocupado tanto por uma ekedji como por um vodunsi. )
Grafa-se: Dàgán (tradução: Dà = preparar comida + gán = senhor).
Lebasi - Filhos de Legba Grafa-se: Lε̆gbàsí.
Togunsi – Filhos de Gu Grafa-se: Gǔnsí.
Otolusi – Filhos de Otolu Grafa-se: Otólùsí.
Aguési – Filhos de Ágüe Grafa-se: Agὲsí.
Sakpatasi - Filhos de Sakpata Grafa-se: Sakpatásí.
Lokosi (lôcôssi) – Filhos de Loko Grafa-se: Lòkósí.
Hunhó (runhó) - Vodunsi filho de Sobo, Hevioso, etc.
Grafa-se: Hùnyɔ̀ (tradução: Hùn = Vodún + yɔ̀ = Fogo).
Tobosi – filhas de Aziri, Tobosi, Oxum.
Grafa-se: Tɔgbosí. (tradução: Tɔ = água corrente + Gbo = grande quantidade + Así = Esposa).
Nanansi ou Nanã – Filhos de Nanã. Na África os iniciados de Nana, sejam
vodunsis ou não, recebem na frente de seus nomes ou cargo a palavra
Nana. Grafa-se: Nànásí.
Lisasi ou Agamavi - Filhos de Lisa Grafa-se: Lisàsí (tradução: Lisà = albino + Así = esposa)
Grafa-se: Aganmàví (tradução: Aganmà = camaleão + Ví = filho ou descendente).
Hunva (runvá) - Denominação dada ao neófito quando ele é o único de uma ahama.
Grafa-se: Hùnvà.
Kunbona (cumbona) – zeladora. Usa-se tanto para a sacerdotisa quanto para o vodum dono da casa. Grafa-se: Kǔngbónà.
Kunbono (cumbônô) zelador: usa-se tanto para o sacerdote quanto para o vodum dono da casa.
Grafa-se: Kǔngbónò.
Hunbona (roumbona) – primeira filha feita na casa. Grafa-se: Hùngbónà.
Hunbono (roumbonô) - primeiro filho feito na casa. Grafa-se: Hùngbónò.
Vodunsihe (vodunsirrê) - Pessoa feita no Jeje Mina. Os mahis denominam as pessoas feitas que não entram em transe como vodunsihe, ogans e ekedjis são um exemplo. Grafa-se: Vodúnsí he
Dofono (dôfôno) - Palavra que designa o primeiro neófito de uma ahama.
Grafa-se: Dòfònun.
Dofonitinho (dôfônitinho) - Palavra que designa o segundo neófito de uma ahama.
Grafa-se: Dòfònuntín. Na língua Fon não existe o dígrafo nh.
Lisasi ou Agamavi - Filhos de Lisa Grafa-se: Lisàsí (tradução: Lisà = albino + Así = esposa)
Grafa-se: Aganmàví (tradução: Aganmà = camaleão + Ví = filho ou descendente).
Hunva (runvá) - Denominação dada ao neófito quando ele é o único de uma ahama.
Grafa-se: Hùnvà.
Kunbona (cumbona) – zeladora. Usa-se tanto para a sacerdotisa quanto para o vodum dono da casa. Grafa-se: Kǔngbónà.
Kunbono (cumbônô) zelador: usa-se tanto para o sacerdote quanto para o vodum dono da casa.
Grafa-se: Kǔngbónò.
Hunbona (roumbona) – primeira filha feita na casa. Grafa-se: Hùngbónà.
Hunbono (roumbonô) - primeiro filho feito na casa. Grafa-se: Hùngbónò.
Vodunsihe (vodunsirrê) - Pessoa feita no Jeje Mina. Os mahis denominam as pessoas feitas que não entram em transe como vodunsihe, ogans e ekedjis são um exemplo. Grafa-se: Vodúnsí he
Dofono (dôfôno) - Palavra que designa o primeiro neófito de uma ahama.
Grafa-se: Dòfònun.
Dofonitinho (dôfônitinho) - Palavra que designa o segundo neófito de uma ahama.
Grafa-se: Dòfònuntín. Na língua Fon não existe o dígrafo nh.
Fomo (fômô) - Palavra que designa o terceiro neófito de uma ahama.
Grafa-se: Fòmò ou Yòmò.
Fomutinho (fômutinho) - Palavra que designa o quarto neófito de uma ahama.
Grafa-se: Fòmòtín.
Gamo (gâmo) - Palavra que designa o quinto neófito de uma ahama.
Grafa-se: Gamò ou Nògamò.
Gamutinho (gâmutinho) - Palavra que designa o sexto neófito de uma ahama.
Grafa-se: Gamòtín ou Nògamòtín.
Vimu (vimu) - Palavra que designa o sétimo neófito de uma ahama.
Grafa-se: Vimun.
Vimutinho (vimutinho) - Palavra que designa o oitavo neófito de uma ahama.
Grafa-se: Vimuntín.
Trimu (trimu) - Palavra que designa o nono neófito de uma ahama.
Grafa-se: Tlὲnò (pronuncia: Tréno)
Trimutinho (trimutinho) - Palavra que designa o décimo neófito de uma ahama.
Grafa-se: Tlὲnòtín.
Dimu (dimu) - Palavra que designa o décimo primeiro neófito de uma ahama.
Grafa-se: Dimun.
Dimuntinho (dimuntinho) - Palavra que designa o décimo segundo neófito de uma ahama.
Grafa-se: Dimuntín.
Grafa-se: Fòmò ou Yòmò.
Fomutinho (fômutinho) - Palavra que designa o quarto neófito de uma ahama.
Grafa-se: Fòmòtín.
Gamo (gâmo) - Palavra que designa o quinto neófito de uma ahama.
Grafa-se: Gamò ou Nògamò.
Gamutinho (gâmutinho) - Palavra que designa o sexto neófito de uma ahama.
Grafa-se: Gamòtín ou Nògamòtín.
Vimu (vimu) - Palavra que designa o sétimo neófito de uma ahama.
Grafa-se: Vimun.
Vimutinho (vimutinho) - Palavra que designa o oitavo neófito de uma ahama.
Grafa-se: Vimuntín.
Trimu (trimu) - Palavra que designa o nono neófito de uma ahama.
Grafa-se: Tlὲnò (pronuncia: Tréno)
Trimutinho (trimutinho) - Palavra que designa o décimo neófito de uma ahama.
Grafa-se: Tlὲnòtín.
Dimu (dimu) - Palavra que designa o décimo primeiro neófito de uma ahama.
Grafa-se: Dimun.
Dimuntinho (dimuntinho) - Palavra que designa o décimo segundo neófito de uma ahama.
Grafa-se: Dimuntín.
Untu (úntu) - Palavra que designa o décimo terceiro neófito de uma ahama.
Untinho (untinho) - Palavra que designa o décimo quarto neófito de uma ahama.
Tunji (funji) - Palavra que designa o décimo quinto neófito de uma ahama.
Tunjinho (funjinho) - Palavra que designa o décimo sexto neófito de uma ahama.
Matéria da falecida Doné Jurema de Aveji Da
Acertos gramaticais de Ayiwedo
Untinho (untinho) - Palavra que designa o décimo quarto neófito de uma ahama.
Tunji (funji) - Palavra que designa o décimo quinto neófito de uma ahama.
Tunjinho (funjinho) - Palavra que designa o décimo sexto neófito de uma ahama.
Matéria da falecida Doné Jurema de Aveji Da
Acertos gramaticais de Ayiwedo
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
O Vodun Legbá e a classificação do panteão Vodun
O Culto de Legbá
Legbá (Lεgbà, em fongbé) é um Vodun muito importante, tanto no Benin como na diáspora, por ser aquele que tem como atributos ser o protetor e o mensageiro entre os homens e os Voduns. Cultuado pela totalidade das Casas de Jeji no Brasil (exceto na Casa das Minas “Kwlegbetan Zomadonu”) e em todos os Hùnkpámè (conventos de Vodun) do Benin, este Vodun é louvado e oferendado no ritual do Zandró. No Brasil não é feito e nem entra em transe, não tendo vodunsì. No Benin há vodunsì dedicadas a estes voduns, recebendo a denominação de legbásì.Legbá é o correspondente Jeji do orixá Exu dos yorubás. É o filho mais jovem do par Mawu-Lisá ou Dadá-Segbo. Seu assentamento é um montículo de barro com um falo ereto, representação de sua relação com a sexualidade masculina, e com dois chifres. Possui ligações com Ayizan e Xorokwe.
Legbá sempre é cultuado primeiro, do que qualquer Vodun, esta regra jamais é esquecida pelo povo Fon, pois é ele que se encarrega de deixar passar qualquer tipo de oferenda seja a que Vodun for. Mesmo nos casos de descarrego e outros tipos de interversão espiritual praticada seja por qualquer sacerdote e de qualquer culto espiritual (vale ressaltar, porém, que no Brasil, em rituais como o Zàndró, a primeira divindade reverenciada é Ayizan). Está encarregado em vigiar o bom andamento e atitudes do ser humano, seja benéficas ou maléficas e se incumbirá das devidas cobranças.
Também deve-se citar que Legbá, é o unico Vodun masculino que tem acesso ao mundo espiritual das Kenesi (senhoras poderosas e grande Mãe Ancestre, feiticeiras, podendo ser consideradas como correspondentes às Iyami da tradição yorubá).
A reverência a Legbá no jeji mahi se dá no zandró, onde pedimos a ele que se mantenha atento, e para que leve nossa mensagem aos demais voduns. O ritual do padé ou ipadé é nagô, não pertencendo à tradição jeji e nem é próprio para se louvar Legbá.
O dia dedicado à Legbá é a segunda-feira, juntamente com Xorokwé, Ogun, a família de
Sakpatá e Ayizan. Sua cor é o vermelho, o multicolorido e o transparente
Na tradição africana, pode-se encontar também várias formas de Legbá:
*Agbonuxosu – rei do portal, é um pequeno Legbá feito de argila, situado no portão.
*Axi-Legbá – é o Legba dos caminhos.
*Tó-Legbá – é o Legba de uma cidade, ou de uma aldeia.
*Fá-Legbá - protege o Fá, perto do qual ele reside, estando a frente de Fá. É o Legbá do oráculo, que traz a mensagem no jogo.
A classificação do panteão Vodun
Legbá, por ser aquele que “a tudo está ligado”, tem ligações com todos os voduns, sendo o wensagún (mensageiro) entre eles. Na tradição africana podemos encontrar vários grupos ou clãs de voduns, sendo Legbá pertencente a todos estes clãs.Há os Voduns da terra encabeçados por Sakpatá, conhecidos também como Ayi-voduns, e há os voduns do alto ou do céu encabeçados por Heviosò ou Xebyosò, e Mäwü-Lisà conhecidos também como Ji-voduns. Destes dois grandes grupos pode-se fazer outras sub-divisões, e ainda existem outras divisões a parte, assim temos:
* Os sò-voduns (voduns do raio), liderados pelo Vodun Heviosò/Sògbó;
* Os tò-voduns (voduns das águas), liderados pelo Vodun Xú;
* Os zùn-voduns (voduns das florestas), a exemplo de Aziza e Agè (Agué);
* Os Atinmɛ̀-voduns (voduns do interior das árvores), a exemplo de Lökö e Zonodo ou Azawonodo;
* Os tó-voduns (voduns de uma determinada aldeia, povo ou reino);
* Os Hε̆nnù-voduns (voduns de uma determinada família ou clã), cada um liderado pelo seu Hε̆nnùgán (patriarca);
* Os jono-voduns (voduns estrangeiros), a exemplo dos anagonus (Oxun, Yemanjá, Ogun, Oyá (ou Avesan em Abomey), Odé, etc).
No Brasil, porém, podemos nos deter a três divisões básicas se tratando do jeji mahi:
* Dan ou Família da Serpente, incluindo todos os voduns serpentes e que são liderados por Dangbè ou Gbèsén;
* Heviosò/Kaviono ou Família do Trovão, que inclui todos os ji-voduns, sò-voduns e tò-voduns e que são liderados pelo vodun Sògbó.
* Sakpatá ou Família da Terra, que inclui todos os ayi-voduns e azon-voduns (voduns doentes) e os jono-voduns e que são liderados pelo vodun Azonsú ou Azansú.
Legbá, igualmente no Brasil, está ligado a estas três grandes famílias. Legbá conhece tudo e sabe falar todas as línguas.
Legbá protege e defende!
Un j’avalu hùn Legbá!
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Nação Jeje
vodun nanã
Nanã
é considera por todos os adeptos do Culto Vodum como a grande Mãe
Universal que criou o mundo e deu vida aos Voduns. É chamada
carinhosamente de vó Misan (missam).
Senhora da lama, matéria primordial e fecunda da qual o homem em especial, foi tirado. Mistura de água e terra, a lama une o princípio receptivo e matricial (a terra) ao princípio dinâmico da mutação e das transformações. Sua ligação com a água e a lama, associa Nanã à agricultura, a fertilidade e aos grãos (vide simbologia dos grãos e favas).
Nanã tem os mais variados nomes de acordo com o dialeto usado: Bouclou, Buukun, Buruku, etc. Em Dahomey, na cidade de Domê onde está localizado seu principal templo, Ela é conhecida como Nanã Buruku (lê-se, buluku).
No Brasil, também existem variações de nomes para Nanã: Buruku, Naê Naité, Yabainha, Naê, Anabiocô, etc.
Nanã representa a dogbê (vida) e a doku (morte). Ela recebe em seu seio os ghedes (mortos) e os prepara para o leko (lêcô - retorno, renascimento)
Quando uma mulher não consegue engravidar, recorre a Nanã que ensina a "fórmula mágica", o remédio de ervas que deve tomar, os ebós e oferendas que devem ser feitos.
Se um doente recorre a Nanã, imediatamente obtém o remédio curador.
Na África quando uma família ou alguém obtém um favor de Nanã, fica com o compromisso de oferecer um membro da família ao culto de Nanã e esse, após sua iniciação, receberá na frente de seu nome a palavra Nanã; assim como a criança que nasce com a ajuda da Grande Mãe também. Todos os sacerdotes e sacerdotisas de Nanã têm na frente de seus nomes a palavra Nanã.
Nanã é a maior conhecedora do uso terapêutico das ervas. Alguns de seus sacerdotes e sacerdotisas são preparados para serem curandeiros. Em Ghana existe a Sociedade dos Jou-Jou, em Allada e Dahomey a Sociedade do Bo, etc.. Nessas sociedades as pessoas escolhidas são preparadas para a prática da medicina através das ervas. Nanã diz que além do uso terapêutico das folhas e de alguns produtos animais, as doenças devem que ser tratadas em sua origem espiritual, para que a cura seja concretizada. É lastimável que no Brasil essa parte do culto a Nanã não tenha sido trazida. Em outros países como Estados Unidos, Canadá, Jamaica e Haiti encontramos essa prática.
O Culto de iniciação de uma filha ou filho de Nanã requer uma série de cuidados especiais, tanto na África, como no Brasil. Para mim, esse é o mais difícil culto de Vodum. Nanã Buruku não é feita na cabeça de ninguém.
Existem vários Voduns da linhagem de Nanã Buruku, que são feitos nos iniciados. Todos esses Voduns seguem a tradição de Nanã Buruku e são tão exigentes quanto Ela.
Para iniciar um processo de feitura de uma Nanã, é exigido a abstinência de sexo, bebidas alcoolicas e outros prazeres carnais, pelo menos dois meses antes (na África são exigidos 3 meses), de todos que irão participar do processo de renascimento do iniciado. Nesse período, são feitos vários ebós no iniciado e alguns poucos nos participantes e na casa de santo.
A bogami (bôgâmi - menstruação) é outro beko de Nanã. Se durante o processo de iniciação a vodunsi ficar menstruada, deve ser afastada imediatamente de Nanã e ficar reclusa em um lugar especial, fora do templo, até que cesse esse período.
Na África as mulheres menstruada são proibidas de entrar no Templo de Nanã ou de participar de qualquer preceito, seja de rituais ou simplesmente fazer uma comida de santo. Nanã diz que a bogami é um sangue impuro e aconselha as mulheres não cozinharem para seus maridos nesse período.
Por ter muita ligação com egungum é necessário saber tratar muito bem de Buku, entidade assistente de Nanã e Sakpata. Em uma feitura, não é permitido a sua presença, mas, ele deve ficar aposto, sua função será tomar conta de todos, para que nenhuma exigência da Grande Mãe seja desobedecida, principalmente a abstinência de sexo.
Assim como Buku, Legba Aghamasa (agramassá) devem ser tratados corretamente para garantir a paz, tranqüilidade e segurança nos rituais e preceitos. Ebós e oferendas específicas devem ser feitos para essas duas entidades.
Os ancestrais dos Voduns, do iniciado, dos participantes e da casa de santo não podem ser esquecidos em hipótese alguma!
Antes, durante e depois da iniciação de uma Nanã devemos fazer muitos ebós, oferendas e preceitos. Uma Nanã bem feita é caminho de prosperidade e crescimento para a casa de santo, do iniciado e dos participantes.
De acordo com a Vodum Nanã que está sento feita ou cultuada é que se determina, se comerá bichos macho ou fêmea. Existem Voduns dessa linhagem que não comem bicho de quatro pés, outros preferem comer somente o Igby. Nanã Buruku, por exemplo, não gosta de muito kun (sangue)
Vários textos têm sido publicados, citando o carneiro como o bicho oferecido a Nanã, mas, se observarmos as fotos que acompanham esses texto, veremos que se trata de cabra e cabritos. O sacrifício de carneiro é o maior beko (kisila) de Nanã. Para essa Vodum, o carneiro é um bicho sagrado e não deve ser sacrificado.
O não uso da faca e outros metais nos nahunos e preceitos de Nanã devem-se ao fato de Ela ser muito mais velha que esses metais. Por seu caráter conservador, quando o ferro e outros metais apareceram, ela preferiu manter o que já conhecia em seus ritos.
Vejamos abaixo alguns dos Voduns da linhagem de Buruku. e algumas curiosidade ligadas a Grande Mãe.
Nanã Densu ou apenas Densu – Segundo os Fons esse Vodum é um deus andrógino e seria o lado macho ou marido de Buruku. É muito cultuado nos rituais de Mami Wata onde é considerado o maior de todos os deuses, os Fons o compara a Olokun.
Muitos antropólogos têm atribuído erronêamente Densu a um deus hindu, devido seus fetíches e assentamentos apresentarem três cabeças.
Esse Vodum é muito rico e farto. Costuma presentear seus adeptos com suas riquezas.
Não é feito na cabeça de ninguém.
Nanã Asuo Gyebi (assuô giêbi) – Vodum masculino velho, que habita os rios. Muito popular em Ghana e tido como o protetor das crianças africanas que foram escravizadas. Esse Vodum pediu aos seus sacerdotes que o levasse para os países onde os africanos foram escravizados afim de que pudesse resgatar suas crianças. Ele já foi assentado em templos de Akonedi nos Estados Unidos e no Canadá.
Nanã Esi Ketewa (êssi quetêuá) – Vodum feminina muito velha, cultuada em Ghana, Cotonou e Allada. Dizem os mais velhos que essa Vodum morreu de parto e que por isso a missão dela é proteger e tratar as mulheres grávidas assim como seus filhos
Nanã Adade Kofi (adadê côfi) – Vodum masculino, tem a função de proteger e defender todos os templos de Nanã. É um Vodum guerreiro, ligado ao ferro e outros metais. Cultuado em Ghana, Allada, Cotonou, Porto Novo, etc. É o Vodum da força e perseverança. Sua espada é usada pelos adeptos de Nanã, para prestarem juramentos de obediência, submissão e devoção a Grande Mãe.
Nanã Tegahe (têgarê) – Vodum feminina jovem, cultuada em Ghana. Tem o poder de tirar feitíços das pessoas e lugares. Tem grande conhecimento no uso terapêuticos e ritualísticos das ervas. Muito alegre e faceira, gosta de dançar e cantar, mas fica muito séria e aborrecida quando encontra malfeitores e ladrões; ela os mata.
Nanã Obo Kwesi (obó cuêssi) – Vodum feminina guerreira, cultuada na região Fanti em Ghana. Protege e ajuda os kuhatô (pobres) e os azon (doentes). Detesta quem faz aze (azê - bruxarias) ou qualquer mau a um ser humano.
Nanã Tongo ou Nanã Wango (tongô/uangô) – Vodum feminina, cultuada em Togo. Grande curandeira, trata das pessoas com ervas, ebós e gri-gris. É uma grande Azeto (azétó - feiticeira) e seu culto talvez seja um dos mais complexo. Em seus nahunos, os sacerdotes prostam-se no chão ao lado dos bichos mortos e fingem estarem mortos também, assim permanecem até que Wango incorpore em um deles e os ressuscite. Todos levantam, os bicho são suspensos e preparados.
Nanã Tongo dança com muita alegria, vestida em suas roupas confeccionadas com as peles dos bichos sacrificados para ela. Seus adeptos costumam presentear Wango com muitas jóias, enfeites, roupas e talismãs que a agradam. Antes de começar os nahunos para Wango, corujas são atadas às árvores.
Nanã Akonedi Abena – Vodum feminina jovem, cultuada em diversas partes da África. Seu principal templo fica em Later, cidade de Ghana. Quando Akonedi chega ela percorre a vila, esconde-se em arbustos e sobe em telhados à procura de feitíços, feiticeiros e malfeitores. Atende os moradores locais, fazendo libações e curando os doentes. Em Ghana é considerada a Deusa da Justiça
Seu corpo é coberto com um pó branco sagrado, usa saia de palha, seu rosto é descoberto, na cabeça usa um torço, no corpo muitos brajás e nas mãos trás um feixe de lenha.
Sua dança é selvagem e desenvolve-se dentro de um quadrado divino, dividido em outros quadrados menores feito com riscos do mesmo pó que cobre seu corpo. Esse conjunto de quadrado também é usado por suas sacerdotisas durante as danças.
Seu assentamento fica em um buraco dentro da terra, ficando somente a tampa deste aparecendo.
Os sacerdote e adeptos de Akonedi carregam-na nos ombros numa espécie de desfile, para que todos possam admirar e louvar a grande deusa da Justiça. Terça-feira é o dia consagrado a essa Vodum.
O Culto de Akonedi foi levado para alguns países, a pedido dos governantes desses. Quem levou o culto de Akonedi para o novo mundo foi a maior autoridade religiosa do culto, Nanã Oparebea Akua Okomfohemma, falecida em 1995.
Mmoetea – Aldeia de pigmeus que vivem nas florestas de Ghana. Formam uma sociedade secreta especializada no uso das ervas para diversos fins. Desenvolveram a capacidade de curar qualquer doença física, mental e espiritual. Trabalham com os espíritos da natureza e seu maior deus é Nanã. Os espíritos da floresta deram aos Mmoeta o poder de ler a mente dos homens e dos animais. São grandes curandeiros e poderosos feiticeiros.
Buku – Assistente de Nanã e Sakpata que mata os doentes infectados pela varíola. “Toma conta e presta conta” do comportamento moral das pessoas durante os cultos de Nanã e Sakpata.
Legba Aghamasa – Vodum Legba masculino, reina nos portais da morte onde reside Nanã Buruku.
Odom – Bolsa feita com pele de cabra não curtida, enfeitada com búzios, penas e sangue. Nessa bolsa são colocados os gris-gris venenoso e não venenoso que decidem uma questão de justiça. Quando duas pessoas brigam pela mesma “coisa” e recorrem a Nanã para saber quem tem razão, sua sacerdotisa pede um galo a cada um dos queixosos, quando esses animais chegam, esses gris-gris são oferecido aos animais. O galo que comer o venenoso, o dono dele perde a causa. Além desses gri-gris, outros segredos de Nanã são guardados na Odom.
A Odom fica sempre nos pés do assentamento de Nanã, nunca vai a público e não pode jamais ser tocada por homens.
Abuk (abuquê) – De acordo com a cultura Fon, foi a primeira mulher a surgir. Patrona das mulheres e dos jardins, seu fetíche é uma pequena serpente. (teria alguma coisa a ver com Nanã?!!)
Asase (assassê) – Deusa da criação dos homens e receptadora dos mesmos na morte. Cultura Ashanti. (Seria a mesma Buruku?!)
Atori (atôli) – Vara ou haste simbólica de Nanã, representa seus filhos mortos e os ancestrais.
Todos esses Voduns usam muitos kpolis (quipôlis - búzios) e palha, dificilmente cobrem seus rostos.
Falar ou escrever sobre Nanã é uma tarefa das mais difíceis, pois são tantas as história a ser contadas, que somente um livro poderia caber.
Todos os adeptos do Culto Vodum, devem prestar muita reverência a Nanã. Em seus cânticos e danças devemos nos alegrar e nos sentirmos honrados em poder, aqui no Brasil, participar dessa parte que na África é reservada somente aos seus sacerdotes e sacerdotisas.
Aho bo boy Naê!!
Senhora da lama, matéria primordial e fecunda da qual o homem em especial, foi tirado. Mistura de água e terra, a lama une o princípio receptivo e matricial (a terra) ao princípio dinâmico da mutação e das transformações. Sua ligação com a água e a lama, associa Nanã à agricultura, a fertilidade e aos grãos (vide simbologia dos grãos e favas).
Nanã tem os mais variados nomes de acordo com o dialeto usado: Bouclou, Buukun, Buruku, etc. Em Dahomey, na cidade de Domê onde está localizado seu principal templo, Ela é conhecida como Nanã Buruku (lê-se, buluku).
No Brasil, também existem variações de nomes para Nanã: Buruku, Naê Naité, Yabainha, Naê, Anabiocô, etc.
Nanã representa a dogbê (vida) e a doku (morte). Ela recebe em seu seio os ghedes (mortos) e os prepara para o leko (lêcô - retorno, renascimento)
Quando uma mulher não consegue engravidar, recorre a Nanã que ensina a "fórmula mágica", o remédio de ervas que deve tomar, os ebós e oferendas que devem ser feitos.
Se um doente recorre a Nanã, imediatamente obtém o remédio curador.
Na África quando uma família ou alguém obtém um favor de Nanã, fica com o compromisso de oferecer um membro da família ao culto de Nanã e esse, após sua iniciação, receberá na frente de seu nome a palavra Nanã; assim como a criança que nasce com a ajuda da Grande Mãe também. Todos os sacerdotes e sacerdotisas de Nanã têm na frente de seus nomes a palavra Nanã.
Nanã é a maior conhecedora do uso terapêutico das ervas. Alguns de seus sacerdotes e sacerdotisas são preparados para serem curandeiros. Em Ghana existe a Sociedade dos Jou-Jou, em Allada e Dahomey a Sociedade do Bo, etc.. Nessas sociedades as pessoas escolhidas são preparadas para a prática da medicina através das ervas. Nanã diz que além do uso terapêutico das folhas e de alguns produtos animais, as doenças devem que ser tratadas em sua origem espiritual, para que a cura seja concretizada. É lastimável que no Brasil essa parte do culto a Nanã não tenha sido trazida. Em outros países como Estados Unidos, Canadá, Jamaica e Haiti encontramos essa prática.
O Culto de iniciação de uma filha ou filho de Nanã requer uma série de cuidados especiais, tanto na África, como no Brasil. Para mim, esse é o mais difícil culto de Vodum. Nanã Buruku não é feita na cabeça de ninguém.
Existem vários Voduns da linhagem de Nanã Buruku, que são feitos nos iniciados. Todos esses Voduns seguem a tradição de Nanã Buruku e são tão exigentes quanto Ela.
Para iniciar um processo de feitura de uma Nanã, é exigido a abstinência de sexo, bebidas alcoolicas e outros prazeres carnais, pelo menos dois meses antes (na África são exigidos 3 meses), de todos que irão participar do processo de renascimento do iniciado. Nesse período, são feitos vários ebós no iniciado e alguns poucos nos participantes e na casa de santo.
A bogami (bôgâmi - menstruação) é outro beko de Nanã. Se durante o processo de iniciação a vodunsi ficar menstruada, deve ser afastada imediatamente de Nanã e ficar reclusa em um lugar especial, fora do templo, até que cesse esse período.
Na África as mulheres menstruada são proibidas de entrar no Templo de Nanã ou de participar de qualquer preceito, seja de rituais ou simplesmente fazer uma comida de santo. Nanã diz que a bogami é um sangue impuro e aconselha as mulheres não cozinharem para seus maridos nesse período.
Por ter muita ligação com egungum é necessário saber tratar muito bem de Buku, entidade assistente de Nanã e Sakpata. Em uma feitura, não é permitido a sua presença, mas, ele deve ficar aposto, sua função será tomar conta de todos, para que nenhuma exigência da Grande Mãe seja desobedecida, principalmente a abstinência de sexo.
Assim como Buku, Legba Aghamasa (agramassá) devem ser tratados corretamente para garantir a paz, tranqüilidade e segurança nos rituais e preceitos. Ebós e oferendas específicas devem ser feitos para essas duas entidades.
Os ancestrais dos Voduns, do iniciado, dos participantes e da casa de santo não podem ser esquecidos em hipótese alguma!
Antes, durante e depois da iniciação de uma Nanã devemos fazer muitos ebós, oferendas e preceitos. Uma Nanã bem feita é caminho de prosperidade e crescimento para a casa de santo, do iniciado e dos participantes.
De acordo com a Vodum Nanã que está sento feita ou cultuada é que se determina, se comerá bichos macho ou fêmea. Existem Voduns dessa linhagem que não comem bicho de quatro pés, outros preferem comer somente o Igby. Nanã Buruku, por exemplo, não gosta de muito kun (sangue)
Vários textos têm sido publicados, citando o carneiro como o bicho oferecido a Nanã, mas, se observarmos as fotos que acompanham esses texto, veremos que se trata de cabra e cabritos. O sacrifício de carneiro é o maior beko (kisila) de Nanã. Para essa Vodum, o carneiro é um bicho sagrado e não deve ser sacrificado.
O não uso da faca e outros metais nos nahunos e preceitos de Nanã devem-se ao fato de Ela ser muito mais velha que esses metais. Por seu caráter conservador, quando o ferro e outros metais apareceram, ela preferiu manter o que já conhecia em seus ritos.
Vejamos abaixo alguns dos Voduns da linhagem de Buruku. e algumas curiosidade ligadas a Grande Mãe.
Nanã Densu ou apenas Densu – Segundo os Fons esse Vodum é um deus andrógino e seria o lado macho ou marido de Buruku. É muito cultuado nos rituais de Mami Wata onde é considerado o maior de todos os deuses, os Fons o compara a Olokun.
Muitos antropólogos têm atribuído erronêamente Densu a um deus hindu, devido seus fetíches e assentamentos apresentarem três cabeças.
Esse Vodum é muito rico e farto. Costuma presentear seus adeptos com suas riquezas.
Não é feito na cabeça de ninguém.
Nanã Asuo Gyebi (assuô giêbi) – Vodum masculino velho, que habita os rios. Muito popular em Ghana e tido como o protetor das crianças africanas que foram escravizadas. Esse Vodum pediu aos seus sacerdotes que o levasse para os países onde os africanos foram escravizados afim de que pudesse resgatar suas crianças. Ele já foi assentado em templos de Akonedi nos Estados Unidos e no Canadá.
Nanã Esi Ketewa (êssi quetêuá) – Vodum feminina muito velha, cultuada em Ghana, Cotonou e Allada. Dizem os mais velhos que essa Vodum morreu de parto e que por isso a missão dela é proteger e tratar as mulheres grávidas assim como seus filhos
Nanã Adade Kofi (adadê côfi) – Vodum masculino, tem a função de proteger e defender todos os templos de Nanã. É um Vodum guerreiro, ligado ao ferro e outros metais. Cultuado em Ghana, Allada, Cotonou, Porto Novo, etc. É o Vodum da força e perseverança. Sua espada é usada pelos adeptos de Nanã, para prestarem juramentos de obediência, submissão e devoção a Grande Mãe.
Nanã Tegahe (têgarê) – Vodum feminina jovem, cultuada em Ghana. Tem o poder de tirar feitíços das pessoas e lugares. Tem grande conhecimento no uso terapêuticos e ritualísticos das ervas. Muito alegre e faceira, gosta de dançar e cantar, mas fica muito séria e aborrecida quando encontra malfeitores e ladrões; ela os mata.
Nanã Obo Kwesi (obó cuêssi) – Vodum feminina guerreira, cultuada na região Fanti em Ghana. Protege e ajuda os kuhatô (pobres) e os azon (doentes). Detesta quem faz aze (azê - bruxarias) ou qualquer mau a um ser humano.
Nanã Tongo ou Nanã Wango (tongô/uangô) – Vodum feminina, cultuada em Togo. Grande curandeira, trata das pessoas com ervas, ebós e gri-gris. É uma grande Azeto (azétó - feiticeira) e seu culto talvez seja um dos mais complexo. Em seus nahunos, os sacerdotes prostam-se no chão ao lado dos bichos mortos e fingem estarem mortos também, assim permanecem até que Wango incorpore em um deles e os ressuscite. Todos levantam, os bicho são suspensos e preparados.
Nanã Tongo dança com muita alegria, vestida em suas roupas confeccionadas com as peles dos bichos sacrificados para ela. Seus adeptos costumam presentear Wango com muitas jóias, enfeites, roupas e talismãs que a agradam. Antes de começar os nahunos para Wango, corujas são atadas às árvores.
Nanã Akonedi Abena – Vodum feminina jovem, cultuada em diversas partes da África. Seu principal templo fica em Later, cidade de Ghana. Quando Akonedi chega ela percorre a vila, esconde-se em arbustos e sobe em telhados à procura de feitíços, feiticeiros e malfeitores. Atende os moradores locais, fazendo libações e curando os doentes. Em Ghana é considerada a Deusa da Justiça
Seu corpo é coberto com um pó branco sagrado, usa saia de palha, seu rosto é descoberto, na cabeça usa um torço, no corpo muitos brajás e nas mãos trás um feixe de lenha.
Sua dança é selvagem e desenvolve-se dentro de um quadrado divino, dividido em outros quadrados menores feito com riscos do mesmo pó que cobre seu corpo. Esse conjunto de quadrado também é usado por suas sacerdotisas durante as danças.
Seu assentamento fica em um buraco dentro da terra, ficando somente a tampa deste aparecendo.
Os sacerdote e adeptos de Akonedi carregam-na nos ombros numa espécie de desfile, para que todos possam admirar e louvar a grande deusa da Justiça. Terça-feira é o dia consagrado a essa Vodum.
O Culto de Akonedi foi levado para alguns países, a pedido dos governantes desses. Quem levou o culto de Akonedi para o novo mundo foi a maior autoridade religiosa do culto, Nanã Oparebea Akua Okomfohemma, falecida em 1995.
Mmoetea – Aldeia de pigmeus que vivem nas florestas de Ghana. Formam uma sociedade secreta especializada no uso das ervas para diversos fins. Desenvolveram a capacidade de curar qualquer doença física, mental e espiritual. Trabalham com os espíritos da natureza e seu maior deus é Nanã. Os espíritos da floresta deram aos Mmoeta o poder de ler a mente dos homens e dos animais. São grandes curandeiros e poderosos feiticeiros.
Buku – Assistente de Nanã e Sakpata que mata os doentes infectados pela varíola. “Toma conta e presta conta” do comportamento moral das pessoas durante os cultos de Nanã e Sakpata.
Legba Aghamasa – Vodum Legba masculino, reina nos portais da morte onde reside Nanã Buruku.
Odom – Bolsa feita com pele de cabra não curtida, enfeitada com búzios, penas e sangue. Nessa bolsa são colocados os gris-gris venenoso e não venenoso que decidem uma questão de justiça. Quando duas pessoas brigam pela mesma “coisa” e recorrem a Nanã para saber quem tem razão, sua sacerdotisa pede um galo a cada um dos queixosos, quando esses animais chegam, esses gris-gris são oferecido aos animais. O galo que comer o venenoso, o dono dele perde a causa. Além desses gri-gris, outros segredos de Nanã são guardados na Odom.
A Odom fica sempre nos pés do assentamento de Nanã, nunca vai a público e não pode jamais ser tocada por homens.
Abuk (abuquê) – De acordo com a cultura Fon, foi a primeira mulher a surgir. Patrona das mulheres e dos jardins, seu fetíche é uma pequena serpente. (teria alguma coisa a ver com Nanã?!!)
Asase (assassê) – Deusa da criação dos homens e receptadora dos mesmos na morte. Cultura Ashanti. (Seria a mesma Buruku?!)
Atori (atôli) – Vara ou haste simbólica de Nanã, representa seus filhos mortos e os ancestrais.
Todos esses Voduns usam muitos kpolis (quipôlis - búzios) e palha, dificilmente cobrem seus rostos.
Falar ou escrever sobre Nanã é uma tarefa das mais difíceis, pois são tantas as história a ser contadas, que somente um livro poderia caber.
Todos os adeptos do Culto Vodum, devem prestar muita reverência a Nanã. Em seus cânticos e danças devemos nos alegrar e nos sentirmos honrados em poder, aqui no Brasil, participar dessa parte que na África é reservada somente aos seus sacerdotes e sacerdotisas.
Aho bo boy Naê!!
sexta-feira, 22 de junho de 2012
AS TOBOSSI
As Tobossis são Voduns infantis, femininas, de energia mais pura que os demais Voduns. Pertenciam à nobreza africana, do antigo Dahome, atual Benin. Eram cultuadas na Casa das Minas, em S.Luiz/Maranhão, até a década de 60. As Tobossis gostavam de brincar como todas crianças e falavam em dialeto africano, diferente dos Voduns adultos, o que dificultava muito entendê-los. Sem contar que, muitas das palavras elas falavam pela metade. Elas vinham três vezes por ano, quando tinha festas grandes, que duravam vários dias. A chefe das Tobossis é Nochê Naé, a grande matriarca da família Davice,ancestral da família real de Dahome, é considerada a mãe de TODOS os Voduns. As Tobossis têm cânticos próprios,dançavam na sala grande ou no quintal, sem os tambores e, como todas as crianças, adoravam ganhar presentes e brincarem com bonecas e panelinhas. Comiam comidas igual às nossas, junto com todos e tinham o costume de dar doces e comidas às pessoas. Sentavam-se em esteiras. Pela manhã, tomavam banho, comiam e depois dançavam. Gostavam de dançar no quintal, em volta do pá de ginja delas. Por serem crianças puras, tinham mais afinidade com o corpo permitindo assim, uma ligação mais direta que os Voduns, que são adultos. Não tinham falhas, não se irritavam. Seu papel no culto era só "brincadeira". Eram espíritos perfeitos e mais elevados. Os Voduns podem ter falhas, as meninas não. Passavam até nove dias incorporadas em suas gonjaí, diferente dos Voduns que deixavam as filhas muito cansadas. Tinham um tratamento melhor do que o dos Voduns por serem mais delicadas, porém os Voduns são mais importantes por terem mais obrigações. Podemos observar similaridade entre as Tobossis do Mina Jeje e os Erês dos Candomblés da Bahia e dos Xangôs de Pernambuco, pelo comportamento infantil. No entanto, os Erês apresentam-se tanto com características femininas quanto masculinas e as Tobossis são, exclusivamente, femininas, dengosas e mimadas. FEITURA DAS TOBOSSIS O processo de feitura das Tobossis inicia-se, normalmente, com o Vodum principal da Casa apontando um grupo de filhas, já iniciadas anteriormente, as voduncirrês, para a feitura de Tobossi. As voduncirrês passam por uma fase de iniciação que tem a duração de quinze dias, nos quais há algumas festas. É uma feitura própria, um novo rito de passagem na graduação da iniciada no Mina Jeje. O barco composto dessas voduncirrês é chamado de Barco das Novidades, Barco das Meninas ou Rama. Essas voduncirrês tornam-se noviches, prontas para receberem suas Tobossis, passando a serem chamadas gonjaí. As Tobossis só são recebidas pelas voduncirrês gonjaí. O último barco que se tem conhecimento foi realizado em 1913-1914. No processo de iniciação, as Tobossis eram chamadas de sinhazinhas e, somente ao fim das feituras, é que davam seus nomes africanos. Também eram por nomes africanos que elas chamavam as filhas da Casa. Esses nomes eram escolhidos pelas Tobossis junto com os Voduns e esses nomes eram divulgados no dia da "Festa de dar o Nome". Cada Tobossi só vinha em uma gonjaí e, quando esta morria, elas não vinham mais, sua missão ali se encerrava. Desde a morte das últimas gonjaí, por volta dos anos 70, as Tobossis não vieram mais. As Tobossis só incorporam em suas gonjaí após os Voduns terem "subido". Elas chegavam alegres, batendo palmas e acordando a Casa. No Peji, há um lugar para as obrigações das Tobossis, que é uma feitura muito fina e especial. VESTIMENTAS E APETRECHOS DAS TOBOSSIS Os trajes e apetrechos das Tobossis são muito elaborados. As Tobossis vestiam-se com saias coloridas, usavam pulseiras chamadas dalsas, feitas com búzios e coral, pano-da-costa colorido, o agadome, sobre os seios, deixando o colo e os ombros livres para o ahungelê, uma manta de miçangas coloridas, presa no pescoço, objeto de grande valor e significado. O ahungelê também era chamado de tarrafa de contas, gola das Tobossis ou manta das Tobossis, sendo considerado um distintivo étnico-cultural do Jeje. Ele conta a história particular da Tobossi vinculada ao Vodum, sua família e a iniciada, gonjaí. As Tobossis usavam ainda, vários rosários, fios-de-contas e o cocre, colar de miçangas curto, junto ao pescoço como uma gargantilha, usado pelas Tobossis e pelas gonjaí durante o ano de feitura, cuja cores variam de acordo com seus Voduns, semelhante ao quelê dos terreiros de Candomblé. No Carnaval, as Tobossis vestem-se com saias muito vistosas, aparecendo o agadome que envolve o colo nu e os pés são calçados em sandálias finas. Os trajes das Tobossis são muito elaborados, de uma construção artesanal, que segue com rigor uma linguagem cromática, própria e do domínio das Tobossis. A PARTICIPAÇÃO DAS TOBOSSIS NAS FESTAS Quando apareciam publicamente, as Tobossis vinham cumprir certas obrigações, destacando-se a festa do Carnaval. As Tobossis vinham três vezes por ano: - Nas festas de Nochê Naé - em junho e no fim do ano - No Carnaval As grandes festas duravam vários dias. O Carnaval é uma comemoração da qual participavam os membros do Barracão e visitantes. No Carnaval, elas ficavam desde a noite do domingo até as 14 hs da quarta-feira de cinzas. Na segunda-feira, alguns Voduns vinham visitá-las. Eram recebidos pelas outras filhas da Casa, as voduncirrês. Era das Tobossis a tarefa de tomarem conta das frutas do arrambam, obrigação também conhecida como bancada, lembra a quitanda dos terreiros de Candomblé. As frutas ficavam no Peji para serem distribuídas na quarta-feira de cinzas. Durante o Carnaval, as Tobossis brincavam com pó e confete mas tinham medo de bêbados e mascarados. Na terça-feira à tarde, dançavam na grande sala e na quarta, pela manhã, dançavam em volta da cajuazeira. Distribuiam acarajé em folhas de "cuinha" e depois despachadas. Durante as grandes festas de Nochê Naé, elas vinham durante nove dias, entre os dias de dança, nos intervalos de descanso. Ficavam durante o dia, cantavam suas cantigas próprias, dançavam na sala grande e no quintal e brincavam com seus brinquedos. O reconhecimento de cada festa/obrigação está no vestuário e nos alimentos. O alimento é uma marca identificadora, compõe a divindade, seu papel, suas características no contexto da ligação com os deuses e estabelecendo, ainda com o alimento, uma forma de comunicação com os iniciados, visitantes e amigos do Barra
As Tobossis são Voduns infantis, femininas, de energia mais pura que os demais Voduns. Pertenciam à nobreza africana, do antigo Dahome, atual Benin. Eram cultuadas na Casa das Minas, em S.Luiz/Maranhão, até a década de 60. As Tobossis gostavam de brincar como todas crianças e falavam em dialeto africano, diferente dos Voduns adultos, o que dificultava muito entendê-los. Sem contar que, muitas das palavras elas falavam pela metade. Elas vinham três vezes por ano, quando tinha festas grandes, que duravam vários dias. A chefe das Tobossis é Nochê Naé, a grande matriarca da família Davice,ancestral da família real de Dahome, é considerada a mãe de TODOS os Voduns. As Tobossis têm cânticos próprios,dançavam na sala grande ou no quintal, sem os tambores e, como todas as crianças, adoravam ganhar presentes e brincarem com bonecas e panelinhas. Comiam comidas igual às nossas, junto com todos e tinham o costume de dar doces e comidas às pessoas. Sentavam-se em esteiras. Pela manhã, tomavam banho, comiam e depois dançavam. Gostavam de dançar no quintal, em volta do pá de ginja delas. Por serem crianças puras, tinham mais afinidade com o corpo permitindo assim, uma ligação mais direta que os Voduns, que são adultos. Não tinham falhas, não se irritavam. Seu papel no culto era só "brincadeira". Eram espíritos perfeitos e mais elevados. Os Voduns podem ter falhas, as meninas não. Passavam até nove dias incorporadas em suas gonjaí, diferente dos Voduns que deixavam as filhas muito cansadas. Tinham um tratamento melhor do que o dos Voduns por serem mais delicadas, porém os Voduns são mais importantes por terem mais obrigações. Podemos observar similaridade entre as Tobossis do Mina Jeje e os Erês dos Candomblés da Bahia e dos Xangôs de Pernambuco, pelo comportamento infantil. No entanto, os Erês apresentam-se tanto com características femininas quanto masculinas e as Tobossis são, exclusivamente, femininas, dengosas e mimadas. FEITURA DAS TOBOSSIS O processo de feitura das Tobossis inicia-se, normalmente, com o Vodum principal da Casa apontando um grupo de filhas, já iniciadas anteriormente, as voduncirrês, para a feitura de Tobossi. As voduncirrês passam por uma fase de iniciação que tem a duração de quinze dias, nos quais há algumas festas. É uma feitura própria, um novo rito de passagem na graduação da iniciada no Mina Jeje. O barco composto dessas voduncirrês é chamado de Barco das Novidades, Barco das Meninas ou Rama. Essas voduncirrês tornam-se noviches, prontas para receberem suas Tobossis, passando a serem chamadas gonjaí. As Tobossis só são recebidas pelas voduncirrês gonjaí. O último barco que se tem conhecimento foi realizado em 1913-1914. No processo de iniciação, as Tobossis eram chamadas de sinhazinhas e, somente ao fim das feituras, é que davam seus nomes africanos. Também eram por nomes africanos que elas chamavam as filhas da Casa. Esses nomes eram escolhidos pelas Tobossis junto com os Voduns e esses nomes eram divulgados no dia da "Festa de dar o Nome". Cada Tobossi só vinha em uma gonjaí e, quando esta morria, elas não vinham mais, sua missão ali se encerrava. Desde a morte das últimas gonjaí, por volta dos anos 70, as Tobossis não vieram mais. As Tobossis só incorporam em suas gonjaí após os Voduns terem "subido". Elas chegavam alegres, batendo palmas e acordando a Casa. No Peji, há um lugar para as obrigações das Tobossis, que é uma feitura muito fina e especial. VESTIMENTAS E APETRECHOS DAS TOBOSSIS Os trajes e apetrechos das Tobossis são muito elaborados. As Tobossis vestiam-se com saias coloridas, usavam pulseiras chamadas dalsas, feitas com búzios e coral, pano-da-costa colorido, o agadome, sobre os seios, deixando o colo e os ombros livres para o ahungelê, uma manta de miçangas coloridas, presa no pescoço, objeto de grande valor e significado. O ahungelê também era chamado de tarrafa de contas, gola das Tobossis ou manta das Tobossis, sendo considerado um distintivo étnico-cultural do Jeje. Ele conta a história particular da Tobossi vinculada ao Vodum, sua família e a iniciada, gonjaí. As Tobossis usavam ainda, vários rosários, fios-de-contas e o cocre, colar de miçangas curto, junto ao pescoço como uma gargantilha, usado pelas Tobossis e pelas gonjaí durante o ano de feitura, cuja cores variam de acordo com seus Voduns, semelhante ao quelê dos terreiros de Candomblé. No Carnaval, as Tobossis vestem-se com saias muito vistosas, aparecendo o agadome que envolve o colo nu e os pés são calçados em sandálias finas. Os trajes das Tobossis são muito elaborados, de uma construção artesanal, que segue com rigor uma linguagem cromática, própria e do domínio das Tobossis. A PARTICIPAÇÃO DAS TOBOSSIS NAS FESTAS Quando apareciam publicamente, as Tobossis vinham cumprir certas obrigações, destacando-se a festa do Carnaval. As Tobossis vinham três vezes por ano: - Nas festas de Nochê Naé - em junho e no fim do ano - No Carnaval As grandes festas duravam vários dias. O Carnaval é uma comemoração da qual participavam os membros do Barracão e visitantes. No Carnaval, elas ficavam desde a noite do domingo até as 14 hs da quarta-feira de cinzas. Na segunda-feira, alguns Voduns vinham visitá-las. Eram recebidos pelas outras filhas da Casa, as voduncirrês. Era das Tobossis a tarefa de tomarem conta das frutas do arrambam, obrigação também conhecida como bancada, lembra a quitanda dos terreiros de Candomblé. As frutas ficavam no Peji para serem distribuídas na quarta-feira de cinzas. Durante o Carnaval, as Tobossis brincavam com pó e confete mas tinham medo de bêbados e mascarados. Na terça-feira à tarde, dançavam na grande sala e na quarta, pela manhã, dançavam em volta da cajuazeira. Distribuiam acarajé em folhas de "cuinha" e depois despachadas. Durante as grandes festas de Nochê Naé, elas vinham durante nove dias, entre os dias de dança, nos intervalos de descanso. Ficavam durante o dia, cantavam suas cantigas próprias, dançavam na sala grande e no quintal e brincavam com seus brinquedos. O reconhecimento de cada festa/obrigação está no vestuário e nos alimentos. O alimento é uma marca identificadora, compõe a divindade, seu papel, suas características no contexto da ligação com os deuses e estabelecendo, ainda com o alimento, uma forma de comunicação com os iniciados, visitantes e amigos do Barra
quarta-feira, 6 de junho de 2012
ÒBará
Responde Sango, Logunede, Ososi
Dizem que no principio do mundo, 15 dos 16 odus seguiram todos à casa do Oluwo, afim de procurar os meios que os fizessem mudar de sorte, mas nenhum deles fez o que foi determinado pelo Oluwo. Obará um dos dezesseis odus existentes,não se encontrava no grupo na ocasião em que os demais foram consultar o oluô. Sendo ele, porém, sabedor do ocorrido, apressou-se em fazer o que o oluô determinara. E que os demais odús não fizeram por simples capricho da sorte. Obará com afinco fez o máximo que pode para conseguir seu desejo, dada a sua condição precária (de pobreza).
Como era de costume, os 15 odús de cinco em cinco dias iam à casa de Olofin, e nunca convidavam obará , por ser ele muito pobre, tanto que olhavam para ele sempre com menosprezo. Pois, então, foram a casa de olofim, jogaram e até altas horas do dia não acertaram o que queriam que Olofin adivinhasse e, com isso, acabou que todos eles se retiraram sem ter sido satisfeita sua curiosidade. Olofin, com desprezo, ofereceu uma abóbora a cada um deles, e eles, para não serem indelicados levaram consigo as abóboras ofertadas.
No caminho, porém, alguém se lembrou apontando para a casa de obará, de fazer ali uma parada, embora alguns fossem contra, dizendo que não adiantaria dar semelhante honra a obará, pois ele era um homem simples que nunca influía em nada.
Mas um deles, mais liberal, atreveu-se a cumprimentar obara-meji com estas palavras:
-Obará, bom dia ! Como vais de saúde? Será que hás de comer com estes companheiros de viajem?
Imediatamente respondeu ele que entrassem e se servissem da comida que quisessem. Dito isso, foram entrando todos, eles que já vinham com muita fome, pois estavam desde a manhã sem comer nada na casa de olofim.
A dona da casa foi ao mercado comprar carne para reforçar a comida que tinha em casa e, em poucas horas, todos almoçaram à vontade. Depois, obará convidou todos para que se deitassem para uma madorna, pois estavam todos cansados e o sol estava ardente. Mais tarde, eles se despediram do colega e lhe disseram:
-Fica com estas abóboras para ti . E lá se foram satisfeitos com a gentileza e a delicadeza do colega pobre e, até então, sem valia.
Mais tarde, quando Obará procurou por comida, sua mulher o censurou por sua fraqueza e liberalidade, dizendo que ele tinha querido mostrar ter o que não tinha, agradando a eles que nunca olharam para ele, e nunca ligaram nem deram importância ao colega.
Porém as palavras de obará eram simples e decisivas.
-Eu não faço mais do que ser delicado aos meus pares, estou cumprindo ordens e sei que fazendo estes obséquios, virá à nossa casa prosperidade instantânea.
Finda explicação, Obará pegou uma faca e cortou uma abóbora, surpreendendo-se com a quantidade de ouro e pedras preciosas que haviam dentro dela. Surpreso, e com muita felicidade, viu que em uma abóbora havia lhe dado o título de odú mais rico, porém logo percebeu que haviam mais outras 14 abóboras a serem abertas e em cada uma delas haviam outras riquezas em igual quantidade.
Obará comprou tudo que precisava, palácio e até cavalos de várias cores.
Daí que estava marcado o dia para todos os odús irem novamente à conferencia no palácio de olófim, como era de costume, já muito cedo, achavam-se todos no palácio, cada um no seu posto junto a olofim.
Quando obará veio vindo de sua casa com uma multidão que o acompanhava, até mesmo os músicos de uma enorme charanga. Enfim, todos numa alegria sem par. De vez em quando, obará mudava de um cavalo para outro em sinal à nobreza.
Os invejosos começaram a tremer e esbravejar, chamando a atenção de olofim que indagou o que era aquilo. Foi então que lhe informaram que era obará. Então perguntou olofim aos demais odús o que tinham feito com as abóboras que presenteara a eles. Responderam todos que haviam jogado no quintal de obará. Disse então olofim que a sorte estava destinada a ser do rico e próspero obará. O mais rico de todos os odús.
Odú Obará
Xangô Baru com influencia em Exu, Logum Edé, Oxossi e Oyá.
Este Odú está associado aos Orixás da riqueza, do movimento, da
prosperidade, principalmente no fator material. Baru como está ligado ao
elemento fogo, a vida e ao movimento, é o principal Orixá a falar neste
Odú; tendo Exu como seu mensageiro tudo acaba acontecendo mais rápido.
Mas é o Odú que enriquece por causa do desprezo dos outros.
Conta um antigo Babalorixá de Xangô que este Odú nada tinha a
oferecer aos seus familiares, toda vez que procurava os outros Odús era
desprezado, procurou um Babalawô para saber o que poderia fazer para
acabar com a pobreza e a miséria, pois não suportava mais comer migalhas
e se sentia derrotado.
O Babalawô disse que ele só ia ter fartura no momento em que ele parasse de fazer as coisas com mesquinharia, que ele deveria fazer durante 06 dias uma mesa com todo o tipo de fartura, às 06hs da manhã e que convidasse todas as pessoas que o desprezava para comer de suas farturas.
O 1º dia ele arriou uma mesa e convidou todos os nobres da vizinhança; cada um deles vinha com sinal de deboche e trazia uma abóbora como desprezo, pois a família de Obará não poderia jamais comer abóbora; por este motivo os nobres continuavam levando todos os dias para a casa de Obará uma abóbora. Todos os dias eles conversavam e riam de Obará, cochichavam dizendo:
- “Quero ver o que ele vai comer quando acabar a comida!”.
E assim seguiam dizendo:
- “Terá que comer abóbora”.
Finalmente no 6º dia Obará já não tinha mais dinheiro, juntou todas as migalhas de casa para dar a última parte da oferenda, o dia amanheceu e a hora foi passando, a fome foi apertando.
O Babalawô disse que ele só ia ter fartura no momento em que ele parasse de fazer as coisas com mesquinharia, que ele deveria fazer durante 06 dias uma mesa com todo o tipo de fartura, às 06hs da manhã e que convidasse todas as pessoas que o desprezava para comer de suas farturas.
O 1º dia ele arriou uma mesa e convidou todos os nobres da vizinhança; cada um deles vinha com sinal de deboche e trazia uma abóbora como desprezo, pois a família de Obará não poderia jamais comer abóbora; por este motivo os nobres continuavam levando todos os dias para a casa de Obará uma abóbora. Todos os dias eles conversavam e riam de Obará, cochichavam dizendo:
- “Quero ver o que ele vai comer quando acabar a comida!”.
E assim seguiam dizendo:
- “Terá que comer abóbora”.
Finalmente no 6º dia Obará já não tinha mais dinheiro, juntou todas as migalhas de casa para dar a última parte da oferenda, o dia amanheceu e a hora foi passando, a fome foi apertando.
Obará não tinha saída e teve que abrir as abóboras para alimentar-se.
Ao abrir a 1ª abóbora deparou-se com vários diamantes, moedas,
riqueza das quais o valor era incalculável, Obará não conseguiu
entender.
Comprou fazendas, cavalos,
construiu palácios, comprou muitos escravos e a partir do dia 06 de
Janeiro daquele ano, Obará passou a ser o Odú de maior riqueza e
popularidade. Por este motivo, toda vez que Obará responder em nosso
jogo, devemos ofertar o melhor que temos, pois ele sempre paga em dobro.
O dia da semana deste Odú é a quarta-feira, as cores são o vermelho e
o branco; amante de todas as coisas que tem brilho e valor como:
coroas, ouro, notas de dólar são apreciadas por ele.
Perfil:
As
pessoas regidas por Obará, possuem grandes idéias e passam boa parte de
sua vida tentando realizá-las e dificilmente encontram meios de como
começar. Algumas vezes, ou na maioria, fracassam por não pedirem ajuda,
porém todo o sofrimento não é duradouro, possuem espírito de luta e não
se entregam facilmente. São batalhadoras e possuem o privilégio de muita
proteção espiritual
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Qualidade de Orixás
Sobre as Qualidades de Orixas"
Existe sem duvida no Brasil uma questão muito polêmica sobre as multiplicidades dos orisas chamada por todos de qualidade de orisa
Ijesas, Oyos, Ibos, Ketus,etc e cada qual trouxe seus costumes juntos com seus orisas digamos particulares, e após a mistura dessas tribos e troca de
informações entre eles cada sacerdote ou quem entendia de um determinado orisa trocaram fundamentos e a partir daí surgem todos esses aspectos, e essa quantidade de orisa presente aqui no Brasil, sendo que o orisa é o mesmo com origens diferenciadas.
Ogún, Òsòósí e Ode lembrando que nem todos caçadores tomaram o titulo de Òsòósí e, na África, Òsòósí em certas regiões é feminino tomando o aspecto masculino no antigo reino de Ketu. Ode que dizer caçador, porém, nem todos Ode's são Òsòósí; Ijibu Ode, Ikija, Agbeokuta, são alguns lugares onde houve seu culto, pois seu culto, expandiu-se mesmo aqui no Brasil onde ele é lembrado como rei de Ketu, Ogún em outro aspecto foi chefe dos caçadores (Olode) entregando essa função mais tarde para seu irmão caçula Òsòósí para partir em buscas de suas inúmeras batalhas.
Ossaniyn, Omolu, Oluaye, Osumare, Nanan e Iroko.
Para melhor entendimento é que na África não há qualidade de orisa; ou seja, em cada região cultua-se um determinado orisa que é considerado ancestral dessa região e, alguns orisas por sua importância acaba sendo conhecido em vários lugares como é o caso de Sàngó, Orumila, etc.
É de se saber que Esu é cultuado em todo território africano, da forma que Osun da cidade de Osogbo é Osun Osogbo, da região de Iponda é a Osun de Iponda, Ogún da região de Ire é Ogún de Ire (Onire: chefe de ire), do estado de Ondo é Ogún de Ondo,etc. Na época do tráfico de escravos veio para o Brasil diversas etnias
Ijesas, Oyos, Ibos, Ketus,etc e cada qual trouxe seus costumes juntos com seus orisas digamos particulares, e após a mistura dessas tribos e troca de
informações entre eles cada sacerdote ou quem entendia de um determinado orisa trocaram fundamentos e a partir daí surgem todos esses aspectos, e essa quantidade de orisa presente aqui no Brasil, sendo que o orisa é o mesmo com origens diferenciadas.
É claro que por ter origens diferenciadas seus cultos possuem particularidades religiosas e até mesmo culturais por exemplo Oyá Petu tem seus fundamentos assim como Oyá Tope terá o seu, isso nada mais é, que uma passagem do mesmo orisa por diversos lugares e cada povo passou a cultuá-lo de acordo com seus próprios costumes. Um exemplo mais nítido é que aqui fazemos muitos pratos para Osun com feijão fradinho, entretanto num determinado país nãohá esse feijão portanto foi substituído por um grão semelhante e assim puderam continuar com o culto a Osun sem a preocupação de importar o feijão fradinho.
Outro exemplo de orisa transformado em qualidade no Brasil é Osun kare, Kare é uma louvação à Osun quando se diz: Kare o Osun! A palavra kare também é uma espécie de bairro na África, logo Osun cultuada em kare é Osun kare, e por vai surgindo desordenadamente essa quantidade de orisa aqui no Brasil. Imagine um rio que atravessa todo território Nigeriano e, em suas margens diversas etnias que num determinado local algumas pessoas diria que ali é a morada de Osun Ijimu (cidade de Ijumu na região dos Ijesa), mais para frente em Iponda diria aqui é a morada de Osun Iponda, mais para frente, em Ede esse rio terá o culto de Ologun Ede, o chefe de guerra de Ede segundo sua mitologia, e serão diversos orisas cultuados num mesmo rio por diversas etnias com pequenas particularidades. Isso acontece com todos orisas e suas mitologias fazem alusão a essas passagens e constantes peregrinação de seus sacerdotes quer por viajens comercias ou por guerras intertribais sempre espalharam seus orisas em outras regiões.
Outro fato interessante é títulos que algumas divindades possuem e foram transformadas em qualidades, por exemplo Ossosi akeran, akeran é um titulo de um determinado caçador (ancestral) com isso vamos na próxima edição analisar esses fatos e informar todas qualidades de orisa da nação keto que o sacerdote pode ou não mexer de acordo com o conhecimento de cada um, pois o nosso dever é informar sem a pretensão de nunca ser o dono da verdade Na próxima edição vamos diferenciar, títulos de nomes de cidades, nomes tirados de cânticos que as pessoas insistem em dizer que é qualidade de orisa.
Sobre a multiplicidade dos orisa.
Vamos separar a qualidade como é chamada no Brasil (em Cuba chama-se caminhos), dos títulos e de nomes tirados de cantigas como insistem pseudo sacerdotes. Já sabemos que os orisa são venerados com outros nomes em regiões diferentes como: Iroko (Yoruba), Loko (Gege), Sango (Oyo), Oranfe (Ife), isso torna o culto diferente. Temos também o segundo nome designando seu lugar de origem como Ogun Onire (Ire), Osun Kare (Kare),etc, também temos os orisa com outros nomes referentes as suas realizações como Ogun Mejeje refere-se as lutas contra as 7 cidades antes dele invadir Ire, Iya Ori a versão de Iyemanja como dona das cabeças, etc. Há portanto uma caracterização variada das principais divindades, ou seja, uma mesma divindade com vários nomes e, é isso que multiplica os orisas aqui no Brasil.
Vamos separar a qualidade como é chamada no Brasil (em Cuba chama-se caminhos), dos títulos e de nomes tirados de cantigas como insistem pseudo sacerdotes. Já sabemos que os orisa são venerados com outros nomes em regiões diferentes como: Iroko (Yoruba), Loko (Gege), Sango (Oyo), Oranfe (Ife), isso torna o culto diferente. Temos também o segundo nome designando seu lugar de origem como Ogun Onire (Ire), Osun Kare (Kare),etc, também temos os orisa com outros nomes referentes as suas realizações como Ogun Mejeje refere-se as lutas contra as 7 cidades antes dele invadir Ire, Iya Ori a versão de Iyemanja como dona das cabeças, etc. Há portanto uma caracterização variada das principais divindades, ou seja, uma mesma divindade com vários nomes e, é isso que multiplica os orisas aqui no Brasil.
Vamos começar com Esu o primogênito orisa criado por Olorun de matéria do planeta segundo sua mitologia, ele possui a função de executor, observador, mensageiro, líder, etc. Alem dos nomes citados aqui que são epítetos e nomes de cidades onde há seu culto, ele será batizado com outros nomes no momento de seu assentamento, ritual especifico e odu do dia. Não será escrito na grafia Yoruba para melhor entendimento do leitor.
Oba Iangui : o primeiro, foi dividido em varias partes segundo seus mito.
Agba: o ancestral, epíteto referente a sua antiguidade.
Alaketu: cultuado na cidade de ketu onde foi o primeiro senhor de ketu.
Ikoto: faz referencia ao elemento ikoto que é usado nos assentos esse objeto lembra o movimento que esu faz quando se move do jeito de um furacão.
Odara: fase benéfica quando ele não está transitando caoticamente.
Oduso: quando faz a função de guardião do jogo de búzios.
Igbaketa: o terceiro elemento, faz alusão ao domínios do orita e ao sistema divinatório.
Akesan: quando exerce domínios sobre os comércios.
Jelu: nessa fase ele regula o crescimento dos seres diferenciados. Culto em Ijelu.
Ina: quando e invocado na cerimônia do ipade regulamentando o ritual.
Ona: referencia aos bons caminhos, a maioria dos terreiros o tem, seu fundamento reza que não pode ser comprado nem ganhado e sim achado por acaso.
Ojise: com essa invocação ele fará sua função de mensageiro.
Eleru: transportador dos carregos rituais onde possui total domínio.
Elegbo: possui as mesmas atribuições com caracterizações diferentes.
Ajonan: tinha seu culto forte na antiga região Ijesa.
Maleke: o mesmo citado acima.
Lodo: senhor dos rios, função delicada dado a conflitos de elementos
Loko: como ele é assexuado nessa fase tende ao masculino simbolizando virilidade e procriação.
Ogiri Oko: ligado aos caçadores e ao culto de Orumila-Ifa.
Enugbarijo: nessa forma esu passa a falar em nome de todos os orisas.
Agbo: o guardião do sistema divinatório de Orumila.
Eledu: estabelece seu poder sobre as cinzas, carvão e tudo que foi petrificado.
Olobe: domina a faca e objetos de corte é comum assenta-lo para pessoas que possuem posto de Asogun.
Woro: vem da cidade do mesmo nome.
Marabo: aspecto de esu onde cumpre o papel de protetor Ma=verdadeiramente, Ra=envolver, bo=guardião. Também chamado de Barabo= esu da proteção, não confundi-lo com seu marabo da religião Umbandista.
Soroke: apenas um apelido, pois a palavra significa em português aquele que fala mais alto, portanto qualquer orisa pode ser soroke.
Ogún, Òsòósí e Ode lembrando que nem todos caçadores tomaram o titulo de Òsòósí e, na África, Òsòósí em certas regiões é feminino tomando o aspecto masculino no antigo reino de Ketu. Ode que dizer caçador, porém, nem todos Ode's são Òsòósí; Ijibu Ode, Ikija, Agbeokuta, são alguns lugares onde houve seu culto, pois seu culto, expandiu-se mesmo aqui no Brasil onde ele é lembrado como rei de Ketu, Ogún em outro aspecto foi chefe dos caçadores (Olode) entregando essa função mais tarde para seu irmão caçula Òsòósí para partir em buscas de suas inúmeras batalhas.
Já em certas mitologias o caçador passa a ser sua esposa Òsòósí L`Obirin Ogun, ou seja, Òsòósí é a esposa de Ogún, segundo o verso desse mito.
Isso afirma o chamado enredo de santo aqui no Brasil quando se diz que para assentar Òsòósí temos que assentar Ogún e vice versa. Era costume africano quando os caçadores tinham que partir em busca de suas presas, louvarem Ogún para que tudo desse certo, de òrìsà secundário na África Òsòósí, passou a uma condição importantíssima no Brasil sendo òrìsà patrono da nação Keto, senhor absoluto da cerimônia fúnebre do asesé, alguns cânticos fazem alusão a essa condição: Ode lo bi wa, ou seja, o caçador nos trouxe ao mundo. Eis alguns nomes de Ogún/Òsòósí/Ode conhecidos, sobretudo no Brasil e seus aspectos, características, origem e particularidades:
Isso afirma o chamado enredo de santo aqui no Brasil quando se diz que para assentar Òsòósí temos que assentar Ogún e vice versa. Era costume africano quando os caçadores tinham que partir em busca de suas presas, louvarem Ogún para que tudo desse certo, de òrìsà secundário na África Òsòósí, passou a uma condição importantíssima no Brasil sendo òrìsà patrono da nação Keto, senhor absoluto da cerimônia fúnebre do asesé, alguns cânticos fazem alusão a essa condição: Ode lo bi wa, ou seja, o caçador nos trouxe ao mundo. Eis alguns nomes de Ogún/Òsòósí/Ode conhecidos, sobretudo no Brasil e seus aspectos, características, origem e particularidades:
Ogún Olode: epíteto do òrìsà destacando sua condição de chefe dos caçadores.
Ogún Je Ajá ou Ogúnjá como ficou conhecido: um de seus nomes em razão de sua preferência em receber cães como oferendas, um de seus mitos o liga a Osagìyán e Ìyémojá quanto a sua origem e como ele ajudou Osalá em seu reino fazendo ambos um trato.
Ogún Meje: aspecto do òrìsà lembrando sua realização em conquistar a sétima aldeia que se chamava Ire (Meje Ire) deixando em seu lugar seu filho Adahunsi.
Ogun Waris: nessa condição o òrìsà se apresenta muitas vezes com forças destrutivas e violentas. Segundo os antigos a louvação patakori não lhe cabe, ao invés de agradá-lo ele se aborrece. Um de seus mitos narram que ele ficou momentaneamente cego.
Ogún Onire: Quando passou a reinar em Ire, Oni = senhor, Ire = aldeia.
Ogún Masa: Um dos nomes bastante comum do òrìsà, segundo os antigos é um aspecto benéfico do òrìsà quando assim ele se apresenta.
Ogun Soroke: apenas um apelido que Ogún ganhou devido a sua condição extrovertida, soro = falar, ke= mais alto. Nossa historia registra o porque o
chamam assim.
chamam assim.
Ogún Alagbede: nesse aspecto o òrìsà assume o papel de pai do caçador e esposo de Ìyémojá Ogunte (uma outra versão de Ìyémojá) segundo um de seus inúmeros mitos.
Há vários nomes de Ogún fazendo alusão a cidade onde houve seu culto como Ogún Ondo da cidade de Ondo, Ekiti onde também há seu culto, etc. O òrìsà possui vários nomes na África como no Brasil e com isso ganha suas particularidades e costumes.
Ode/Ososi.
Há uma síntese sobre esse orisa na edição anterior, eis então suas várias formas de se apresentar:
Ososi akeran = um titulo do orisa;
Ososi Nikati = um de seus nomes;
Ososi Golomi = um de seus nomes;
Ososi Fomi = um de seus nomes;
Ososi Ibo = um de seus mitos o liga a Ossaniyn;
Ososi Onipapo = um dos antigos, tem culto a mais de um século no país;
Ososi Orisambo = possui seu assentamento diferente dos demais;
Ososi Esewi/Esewe = seu mito o liga a Ossaniyn e as vezes a Osala segundo os "antigos";
Osossi Arole = uns de seus epítetos;
Ososi Obaunlu = segundo registro há um assentamento deste orisa aqui no Brasil desde 1616 no ase de D.
Olga de alaketu, é considerado o patrono de ketu;
Ososi Beno = um dos mais antigos, detalhe tem assento aqui em São Paulo, cidade considerada emergente para tradições do candomblé Keto, com poucas casas antigas.
Ososi DanaDana = aquele que ateou fogo ou roubou, um epíteto dos mais perigosos dado ao caçador.
Ode Wawa = epíteto do caçador;não se tem notícia do seu culto no Brasil;
Ode Wale = epíteto do caçador, não se tem notícia de seu culto no Brasil;
Ode Oregbeule = é um Irunmale, portanto acima do orisa foi um dos companheiros de Odudua em sua chegada na terra segundo sua mitologia;
Ode Otin = outro caçador confundido com Ossosi, sua lenda o identifica ora como uma caçadora ora como um caçador, contudo sua ligação com Ossosi é fato, Otin se apresenta sempre junto com ele a ponto de confundi-los;
Ode Karo = um do caçadores que também mora as margens de um rio é irmão de Igidinile.
Ode Ologunede = o chefe de guerra de Ede, titulo ganhado quando seu pai o entregou aos cuidados de Ogún;
Olo = senhor, gun = guerra, Ede = um lugar na áfrica.É filho de um outro caçador chamado Erinle tendo como mãe Osún Iponda. O posto de asogun, a priori, surge desse mito que o liga a Ogún companheiro de seu pai.
Possui outros nomes como Omo Alade, ou seja, o príncipe coroado. Não há qualidades de Logun como acreditam alguns tais como locibain, aro aro, etc., são apenas nomes tirados de cânticos, aliás aro quer dizer tanta coisa menos nome de orisa. O nome Ibain é de um outro caçador homenageado nos cânticos de Ologun, esse caçador inclusive é o verdadeiro proprietário dos chifres tão importantes no culto. Oba L`Oge é um outro nome para esse orisa. É da região de Ijesa;
Ode Erinle = outro caçador confundido com Osossi no Brasil. Seu assento é completamente diferente dos demais, pois Erinle ou Inle é um orisa do rio do mesmo nome, o rio Erinle que corta a região de Ilobu na Nigéria. Encontra-se seus mitos no odu Okaran-Ogbe e Odi-Obara. Sua esposa é Abatan pois é considerado médico e ela enfermeira, seu culto antecede o de Ossayn, o pássaro os representam. Ibojuto é a sua própria reencarnação representado pelo bastão que vai em seu assentamento e tem a mesma importância do Ofa de Ossosi.Tem uma filha chamada Aguta que às vezes se apresenta como irmã ou como filha sendo sua mãe Ainan. Ode Otin se apresenta como sua filha, às vezes e ai é representado por uma enguia. Ainda temos Boiko como seu guardião, Asão seu amigo e Jobis seu ajudante. No Brasil o ligam a Osún e a Iyemanja pois segundo sua lenda é pela boca dela que ele fala, Erinle é um orisa andrógino e considerado o mais belo dos caçadores;
Ode Ibualama = uma outra versão para Erinle quando ele se apresenta mais ao fundo do rio, há um templo com esse nome na África fazendo alusão ao seu fundador. Aliás há vários templos mas todos são de um orisa só: Erinle nessa situação o caçador traça um outro caminho e pactua seus mitos com Omolu, Osumare, Nana,etc. A montagem de seu Igba (cuia) também difere de um simples alguidar com um ofa para cima como é comum as pessoas não esclarecidas assim fazer.
Ossaniyn, Omolu, Oluaye, Osumare, Nanan e Iroko.
Ossaniyn = Também chamado Baba Ewe, Asiba, que são epítetos do orisa. Possui seu próprio sistema divinatório; o orisa exerce suas funções interligadas a Esu composto ao mesmo tempo em que ele. Kosi ewe, kosi orisa: Sem folhas, sem orisa.
Osumare = Chamado Araka seu epíteto. É o orisa do arco-íris e da transformação, não deve ser confundido com o vodun Becem que se apresenta como Dangbe, Bafun, Danwedo todos da família Danbira e cultuados em outra nação.
Omolu / Obaluaye = É como se apresenta o orisa sapata transmutando-se para formas conhecidas tais como: Agoro, Telu, Azaoni, Jagun, Possun, Arawe, Ajunsun, Afoman, etc, cada qual com suas particularidades.
Nanan = apresenta-se nas formas conhecidas como: Iyabahin, Salare, Buruku, Asainan, sem culto no Brasil. É sempre bom lembrar que muitos nomes são de lugares onde se cultua o orisa. Por exemplo: Ajunsun é o Rei de Savalu, assim como Dangbe é o Rei do Gege, portanto são nomes que dão origem as suas formas. :
Iroko = orisa da gameleira (no Brasil), controla a hemorragia humana.
Iyabas são os orisá feminino.
Oba = orisa guerreira é única em seu aspecto.
Iyewá = orisa guerreira única em seu aspecto.
Osún Opara = a orisa se apresenta jovem e guerreira.
Osún Iponda = jovem e guerreira, da cidade de Iponda.
Osún Ajagura = jovem e guerreira, nação nagô - Oyo, Pernambuco.
Osún Aboto = aspecto maduro da orisa.
Osún Ijimun = aspecto idosa e dada as feitiçarias, ligação com Iami Eleye.
Osún Iberin = aspecto maduro da orisa, nessa forma não desce nas cabeças.
Osún Ipetu = aspecto maduro da orisa.
Osún Ikole = seu mito a liga a Iemanjá e Ode Erinle, transformou-se numa ave.
Osún Popolokun = Conta os antigos que não vem mais, será?.
Osún Osogbo = ela deu oringem ao nome da cidade de Osogbo.
Osún Ioke = Se apresenta como caçadora.
Osún Kare = Um de seus títulos, Kare tem seu próprio nome que poucos conhecem.
Iyeyeo Ominibu = epíteto da Osún.
Iyemoja Ogunte = orisa se apresenta jovem e guerreira.
Iyemoja Iyasesu = assume a maternidade de Sàngó é ranzinza e respeitável.
Iyemoja Saba = uma das formas da mãe.
Iyemoja Maleleo = não se obteve noticias desse aspecto no Brasil.
Iyemoja konla = seu mito conta que ela afoga os pescadores.
Iyemoja Ataramaba = Nessa forma ela está no colo de sua mãe olokun.
Iyemoja Ogunde = aspecto da orisa cultuado no Nagô em Pernambuco.
Iyemoja Iyá Ori = nessa forma ela assume todas as cabeças mortais.
Iyamase = forma de quando ela é definitivamente mãe de Sàngó.
Iyemoja Araseyn = fuxico com Ossayn.
Oyá Leseyen = uma das Igbales que mora no próprio Lesseyen.
Oyá Egunita = orisa Igbale.
Oyá Foman = orisa Igbale.
Oyá Ate Oju = orisa Igbale aspecto dificil de Oyá quando caminha com Nana.
Oyá Tope = uma de suas formas.
Oyá Mesan = um de seus epítetos.
Oyá Onira = rainha da cidade de Ira.
Oyá Logunere = uma de suas formas.
Oyá Agangbele = esse caminho mostra a dificuldade quando a geração de filhos.
Oyá petu = nesse aspecto ela convive com Sàngó.
Oyá Arira = uma de suas formas.
Oyá Ogaraju = uma das mais antigas no Brasil.
Oyá Doluo = eró ossayn; culto Nagô.
Oyá Kodun = eró com Osaguian.
Oyá Bamila = eró Olufon.
Oyá Kedimolu = eró Osumare = Omolu.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
ORIXÁS DA NAÇÃO KETU
ÈSÙ
A palavra Èsù em yorubá significa "esfera" e, na verdade, Exu é o orixá do movimento.
A palavra Èsù em yorubá significa "esfera" e, na verdade, Exu é o orixá do movimento.
De caráter irascível, ele se satisfaz em provocar disputas e calamidades àquelas pessoas que estão em falta com ele.
No entanto, como tudo no universo, possui de um modo geral dois lados, ou seja: positivo e negativo. Exu também funciona de forma positiva quando é bem tratado. Daí ser Exu considerado o mais humano dos orixás, pois o seu caráter lembra o do ser humano que é de um modo geral muito mutante em suas ações e atitudes.
Conta-se na Nigéria que Exu teria sido um dos companheiros de Oduduà quando da sua chegada a Ifé e chamava-se Èsù Obasin. Mais tarde, tornou-se um dos assistentes de Orunmilá e ainda Rei de Ketu, sob o nome de Èsù Alákétú.
Mas, o que significa a palavra elegbara?
A palavra elegbara significa "aquele que é possuidor do poder (agbará)" e está ligado à figura de Exu.
Um dos cargos de Exu na Nigéria, mais precisamente em Oyó, é o cargo denominado de Èsù Àkeró ou Àkesán, que significa "chefe de uma missão", pois este cargo tem como objetivo supervisionar as atividades do mercado do rei.
Exu praticamente não possui ewós ou quizilas. Aceita quase tudo que lhe oferecem.
É o dono de muitas ervas e entre elas aquela denominada de "vassourinha de Exu", que tanto serve para efetuar atos de limpeza, como também é utilizada como sabão, para lavar roupas de santo, como se faziam antigamente. A sua frutinha é pequenina e amarelada podendo também ser comida.
Os yorubás cultuam Exu em um pedaço de pedra porosa chamada Yangi, ou fazem um montículo grotescamente modelado na forma humana com olhos, nariz e boca feita de búzios. Ou ainda representam Exu em uma estatueta enfeitada com fileiras de búzios tendo em suas mãos pequeninas cabaças onde ele, Exu, carrega diversos pós de elementais da terra utilizados de forma bem precisa, em seus trabalhos.
Exu tem a capacidade de ser o mais sutil e astuto de todos os orixás. E quando as pessoas estão em falta com ele, simplesmente provoca mal entendidos e discussões entre elas e prepara-lhes inúmeras armadilhas. Diz um orìkì que: "Exu é capaz de carregar o óleo que comprou no mercado numa simples peneira sem que este óleo se derrame".
E assim é Exu, o orixá que faz:O ERRO VIRAR ACERTO E O ACERTO VIRAR ERRO.
Exu e sua Multiplicidade
Exu possui múltiplos e contraditórios aspectos. Devido a esta multiplicidade, ele desempenha diversas funções, produzindo vários nomes, como por exemplo, Èsù Alákétú.
Exu possui múltiplos e contraditórios aspectos. Devido a esta multiplicidade, ele desempenha diversas funções, produzindo vários nomes, como por exemplo, Èsù Alákétú.
Alákétú é uma denominação real dos soberanos da região africana de Ketu e quer dizer, "Senhor de Ketu".
Como o nome de outros soberanos de outras regiões africanas, temos:
*Aláàfin de Òyò
*Aláàye de Èfòn
*Óòni de Ifè e assim por diante.
Èsù Alákétú possui essa denominação quando Exu, através de uma artimanha, conseguiu ser o Rei da região, tornando-se um dos Reis de Ketu. Sendo que as comunidades dessa nação no Brasil, o reverenciam também com este nome.
Todos os assentamentos de Exu possuem elementos ligados às suas atividades. Atividades múltiplas que o fazem estar em todos os lugares: a terra, pó, a poeira vinda dos lugares onde ele atuará. Ali estão depositados como elemento de força diante dos pedidos.
Mas, não é só isso que leva os assentamentos de Exu. Alguns assentamentos possuem o vulto de uma figura humana com olhos para ver e para agir. Os assentamentos recebem nomes diversos como este Èsù Alákétú ou Èsù Ebarabo e outros mais.
O RITUAL DE ÌPÀDÉ NO CANDOMBLÉA palavra Ìpàdé significa "encontro, reunião". Da contração desta palavra surgiu o termo "padé" que ficou para determinar o "ritual do padé".
Nessa ocasião, todos os membros da casa devem estar no barracão. No momento do ìpàdé ou padé os Exus, Ancestrais, Orixás e pessoas filhos do egbé formam um conjunto muito importante.
O ìpàdé não é uma festa pública, não podendo aí nesse momento haver nenhuma conversa por parte dos participantes. Todos permanecem abaixados, ajoelhados em esteiras sem olhar o que se passa a sua volta. Este ato é por causa de iyamin. Se uma pessoa levantar a cabeça em hora indevida, as iyamins podem cegar esta pessoa naquele momento.
No ato do ìpàdé, só a Ìyamoró pode entrar e sair do barracão, pois a ela foi conferido um objeto (cuia) que a proteje como escudo dos perigos das ajé(iyamin).
Na verdade, o ìpàdé é uma obrigação feminina. Não quero dizer com isso que homens não participem; apenas ressalto que quem controla o ìpàdé são as Iyá Mí Ajé ou "As Grandes Mães Feiticeiras".
ERE
Todo orixá está ligado a um ou vários Exus assim como a um Ere.
Todo orixá está ligado a um ou vários Exus assim como a um Ere.
A palavra Eré vem do yorubá iré que significa "brincadeira, divertimento". Daí a expressão siré que significa "fazer brincadeiras".
O Ere(não confundir com criança que em yorubá é omodé) aparece instantaneamente logo após o transe do orixá, ou seja, o Ere é o intermediário entre o iniciado e o orixá.
Durante o ritual de iniciação, o Ere é de suma importância pois, é o Ere que muitas das vezes trará as várias mensagens do orixá do recém-iniciado. O Ere na verdade é a inconsciência do novo omon-orixá, pois o Ere é o responsável por muita coisa e ritos passados durante o período de reclusão.
O Ere conhece todas as preocupações do iyawo, também, aí chamado de omon-tú ou "criança-nova". O comportamento do iniciado em estado de "Ere" é mais influenciado por certos aspectos de sua personalidade, que pelo caráter rígido e convencional atribuído a seu orixá.
Após o ritual do orúko, ou seja, "nome de iyawo" segue-se um novo ritual, ou o reaprendizado das coisas.
Os vários nomes de Ere
Cada Ere traz um nome inspirado no arquétipo ou natureza do orixá ao qual está submetido, por exemplo:
* "Foguete" ou "Trovãozinho" para Xangô
* "Ferreirinho" para Ogun
* "Pingo de Ouro" para Oxum e assim por diante.
Agora, esses nomes não serão os mesmos em cada iyawo. Cada Ere trará um nome que, como expliquei, será inspirado no arquétipo ou natureza do orixá a que está submetido.
A IMPORTÂNCIA DAS PINTURASTrês elementos são utilizados nas casas de Candomblé, para diversas finalidades e são essenciais pela ação de proteção que exercem: Osun, Efun e Waji.
Osun e Waji são elementos vegetais e Efun é mineral. Todos são transformados em pó para preparar pintura, principalmente, a pintura do ori de iyawos, ou seja, das pessoas que se iniciam no Candomblé.
Osun, Efun e Waji servem aí para proteção da cabeça do iyawo, contra os efeitos negativos das ajé da sociedade das iyami. Isso porque, os pássaros enviados pelas ajé costumam pousar com as asas abertas sobre as cabeças das pessoas. Quando isso acontece, todo o mal fica nessas pessoas. Daí o procedimento de se pintar o iyawo.
Outra forma de se proteger das yamin é passar a mão constantemente pela cabeça, no intuito de impedir o pouso dos pássaros maus e que são denominados de eleye.
Portanto, vale ressaltar a importância da pintura de iyawo com esses elementos Osun, Efun e Waji, pois os mesmos neutralizam a cólera das yamins.
O SIGNIFICADO DE PANÁ E KITANDADurante os ritos de iniciação, a pessoa é devidamente isolada mantendo contato somente com pessoas preparadas para cuidá-la.
Toda atenção lhe é dedicada, sendo-lhe destinada uma mãe criadeira também denominada de ojúbòna, para lhe assistir em tempo integral.
Um iyawo equivale a uma criança nova, recém-nascida e merecedora de todos os cuidados. Daí o iyawo também ser chamado de omotun, que quer dizer "criança nova". Embora adulta e talvez bem vivida, a pessoa ao entrar para se iniciar se transforma numa criança, pois é um ser novo que nasce para a religião. Por esse motivo, após o ritual do oruko, ou seja, do nome de iyawo, torna-se necessário um novo ritual: o reaprendizado das coisas, que no Candomblé de Ketu chama-se Paná e nos de Angola, Kitanda.
A palavra paná em yorubá significa "fim do castigo", em referência a quebra da rigidez exigida durante o começo da iniciação (banhos, pintura, raspagem) e kitanda, em kimbundo, significa "feira, mercado".
Essa maior liberdade é proporcionada pela presença de entidades chamadas no Ketu de ere. Estas entidades têm características infantis proporcionando ao iyawo um certo relaxamento e repouso.
Estes rituais paná (no Ketu) e kitanda (no Angola) representam em verdade a quebra das kizilas em que o iyawo estava submetido durante o tempo de recolhimento. É o reaprendizado dos gestos e ações do dia a dia. Por isso, são colocados objetos como: tesoura, lápis, linha, agulha, vassoura, copos, pratos e ainda colocam-se frutas para serem vendidas. Enquanto os homens imitam trabalhos no campo, as mulheres representam tarefas caseiras. Mas tudo isso é feito num clima de total alegria.
Mas, o iyawo ainda sofrerá alguns èèwò durante algum tempo, tais como: não vai à praia, não toma bebida alcoólica, só se veste de branco e comporta-se de forma submissa diante dos mais velhos, além de não receber a benção com a cabeça coberta. Enfatizo que iyawo não toma benção com a cabeça coberta.
Adosu e Iyawo são denominações nas casas de Ketu; Muzenza, nas casas de Angola e Vodunsi, nas de Jeje.
Kizila ou Èèwò Tudo aquilo que provoca uma reação contrária ao axé, dá-se o nome de kizila ou èèwò, ou seja, são as energias contrárias a energia positiva do orixá. Estas energias negativas podem estar em alimentos, cores, situações, animais e até mesmo na própria natureza.
Como algumas kizilas ou èèwò dos orixás, tem-se:
*Exu - água e mel em excesso
*Ogun - quiabo
*Oxossy - mel de abelha
*Yansã - abóbora
*Oxalá - dendê
SANGO (XANGÔ)
Xangô teria sido o 4o (quarto) alafin de Òyó, sendo filho de Òrànmíyàn e Íyamasé Torossi que era filha de Élempé, Rei dos Tapás.
Xangô teria sido o 4o (quarto) alafin de Òyó, sendo filho de Òrànmíyàn e Íyamasé Torossi que era filha de Élempé, Rei dos Tapás.
Xangô cresceu no país de sua mãe e mais tarde foi para Kosó, onde dominou os habitantes pela força. Depois disto, foi para Oyó onde instalou uma aldeia com o nome de Kosó.
Xangô é viril e atrevido, violento e justiceiro. Castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de Xangô. Como relatei, Xangô possui temperamento imperioso e viril, tendo desposado 03 (três) divindades: Obá, Oyá e Oxum.
Os símbolos de Xangô são o Osé, um machado sagrado de duas lâminas que seus elegun trazem nas mãos quando possuídos por ele.
Xangô tem ainda o seré como símbolo que tem a forma de uma cabaça alongada que contém no seu interior pequenos grãos e quando agitados produzem ruídos similar aos da chuva.
Xangô usa ainda uma grande bolsa a tira-colo chamada de Labá. Dentro do Labá, Xangô guarda seus Edun Ará que são as pedras de raio que ele lança sobre a terra durante as tempestades e também contra seus inimigos nas batalhas.
Este orixá usa também uma coroa de cobre enfeitada com búzios chamada de adé de bayni e que deu origem no país de yorubá a uma das festividades de Xangô.
Em um itan diz o porquê de Xangô não usar o obí. Foi quando Olodumare castigou Xangô tomando-lhe o pilão (também, um dos seus símbolos). Xangô, arrependido e desesperado, enforcou-se num pé de obí. Porém, Olodumare o perdoou e consentiu que ele retorna-se ao aiyê como orixá, para fazer justiça aos homens que não se portavam bem. Contudo, Xangô ficou proibido de usar o obí que transformou-se em seu èèwò ou kizila, pois lembra-lhe a passagem pela vida e a morte na terra.
IRÓKÒ
Irókò é um orixá originário de Íwerè, região que fica ao leste de Oyó na Nigéria.
Irókò é um orixá originário de Íwerè, região que fica ao leste de Oyó na Nigéria.
Irókò tem um temperamento estável, de caráter firme e em alguns casos violento. Daí muitas das vezes ser comparado com Xangô.
Na Nigéria, Irókò é cultuado numa árvore que tem o mesmo nome. Porém, no Brasil esta árvore foi substituída pela gameleira-branca que apresenta as mesmas características da árvore usada na África. É nesta árvore, a gameleira-branca, que fica acentuado o caráter reto e firme do orixá pois suas raízes fortes, firmes e profundas, dão uma estrutura sólida aos filhos deste orixá.
Irókò ainda é tido com árvore guardiã da casa de Candomblé pois, ter esta árvore plantada no terreno da casa de Candomblé representa força e poder.
Irókò foi associado ao vodun daomeano Loko dos negros de dinastia Jeje e ainda ao inkice Tempo, dos negros bantos.
Irókò, na verdade, é o orixá dos bosques nigerianos, onde lá na Nigéria é muito temido, porque como conta um itan, ninguém se atrevia a entrar num bosque sem antes reverenciá-lo.
No Brasil, é nos pés da gameleira-branca que fica seu assentamento e também é ali que são oferecidas suas oferendas.
Sua cor é o branco e ainda usa palha da costa em sua vestimenta. Sua comida tem por base o ajabó, o caruru, feijão fradinho, o duburu, o acassá, o ebo e outras.
O QUE SIGNIFICA ADÚRÀ?A palavra adúrà é do yorubá e significa "reza, prece ou oração".
Estas adúrà ou orações tem por finalidade invocar os orixás, e também, solicitar ajuda para os problemas do dia a dia.
Porém, o que seria oríki?
Oríki, na verdade, seria um aglutinado de palavras usadas pelos yorubás na hora de fazerem sacrifícios ou pedidos aos orixás. O oríki, diferente da adúrà, seria a "súplica".
Oríki, na verdade, seria um aglutinado de palavras usadas pelos yorubás na hora de fazerem sacrifícios ou pedidos aos orixás. O oríki, diferente da adúrà, seria a "súplica".
É isto! A adúrà é a reza ou oração própria do orixá que não pode ser mexida. Enquanto o oríki são palavras expressas de forma intimista com o orixá, podendo ser modificado dependendo da ocasião em que for dito.
Abaixo, uma Adúrà à Odé:
Ode amoji elere
Otiti ami ilú uo biojo
Ari sokoto penpe guibon eni onã ikiré
Boba guibo ma da miran sí
Ode alaja pa amu ouem obó
Baba mí fiki fiki ekun ako oru
Ma jeki owo son mí
Ode wa fun mí, ni alafiá
Otiti ami ilú uo biojo
Ari sokoto penpe guibon eni onã ikiré
Boba guibo ma da miran sí
Ode alaja pa amu ouem obó
Baba mí fiki fiki ekun ako oru
Ma jeki owo son mí
Ode wa fun mí, ni alafiá
"Caçador, pessoa forte que sacode a cidade
Pessoa que veste bermuda nas estradas molhadas da cidade de Ikiré
Se forem rasgadas ele tem outras
Caçador que tem cachorros, que matam qualquer animal
Meu Pai, o forte leopardo que não tem medo da madrugada
Não me deixa faltar dinheiro
Caçador, dê-me a paz"
PARA SE TER SORTEQuem não quer ter sorte, fartura, prosperidade dentro de sua casa? Eu acredito que todos. Por isso, divulgo para vocês uma oferenda para trazer sorte, fartura e prosperidade.
Em um Sábado de lua cheia, vocês devem adquirir:
*01 alguidar pequeno
*01 estrela do mar daquelas pequeninas
*01 ímã em forma de ferradura
*05 moedas correntes do mesmo valor
*05 punhados de girassol
*05 punhados de açúcar cristal
*01 pedaço de pano branco virgem
Depois de lavar bem o alguidar e colocá-lo em cima do pano branco, vocês devem colocar a estrela do mar no fundo do alguidar. No meio da estrela, colocar o ímã e em cada ponta uma moeda e um punhado de açúcar cristal e de girassol.
*01 estrela do mar daquelas pequeninas
*01 ímã em forma de ferradura
*05 moedas correntes do mesmo valor
*05 punhados de girassol
*05 punhados de açúcar cristal
*01 pedaço de pano branco virgem
Depois de lavar bem o alguidar e colocá-lo em cima do pano branco, vocês devem colocar a estrela do mar no fundo do alguidar. No meio da estrela, colocar o ímã e em cada ponta uma moeda e um punhado de açúcar cristal e de girassol.
Como expliquei, isto deve ser feito num Sábado de lua cheia, portanto vocês devem fazer olhando para a lua e pedindo que vocês tenham sorte, fartura e prosperidade. Em seguida, vocês devem embrulhar no pano branco e esquecer este embrulho num canto alto da casa e só repetir de 05 em 05 (cinco) meses, despachando o velho num galho alto de uma árvore bem frondosa e repetir o ritual.
OMOLU & OBÀLÚWÀIYÉ - O RITUAL DE ÓLÙGBAJÉ
O lugar de origem de Omolu ou Obàlúwàiyé é incerto. Há grandes possibilidades que tenha sido em território Tapá ou Nupê e se esta não for sua origem, seria pelo menos um ponto de divisão dessa crença. Além disso, o seu culto foi mais difundido no antigo Dahomé, região dos negros mahins.
O lugar de origem de Omolu ou Obàlúwàiyé é incerto. Há grandes possibilidades que tenha sido em território Tapá ou Nupê e se esta não for sua origem, seria pelo menos um ponto de divisão dessa crença. Além disso, o seu culto foi mais difundido no antigo Dahomé, região dos negros mahins.
Conta-se em Ibadan, que Obàlúwàiyé teria sido antigamente o Rei dos Tapás. Uma lenda de Ifá confirma esta última suposição. Obàlúwàiyé era originário de Empê e havia levado seus guerreiros em expedição aos quatro cantos da terra. Uma ferida feita por suas flechas tornava as pessoas cegas, surdas ou mancas. Obàlúwàiyé chegou assim ao território Mahin, ao norte do Dahomé, batendo e dizimando seus inimigos. Pôs-se a massacrar e a destruir tudo que encontrava à sua frente. Os mahins, porém, tendo consultado um Babalawo aprenderam como acalmar Obàlúwàiyé, com oferendas especiais. Assim tranquilizado pelas atenções recebidas, Obàlúwàiyé mandou-os construir um palácio onde ele passaria a morar, não mais voltando ao país de Empê. Mahin prosperou e tudo se acalmou!
A palavra Obàlúwàiyé quer dizer: oba= "rei" e luàiyé= "dono da terra". Já Omolu significa Omo= "filho" e Lu= "senhor"; "Filho do Senhor". Na verdade, trata-se da mesma entidade sendo que Omolu refere-se a forma velha do orixá e Obàlúwàiyé, refere-se a forma jovem.
Obàlúwàiyé é o símbolo da terra, médico e senhor das epidemias, Deus da bexiga. Corresponde a pele e assim castiga com as doenças de pele: dermatose, varíola, lepra, etc. Como estas doenças começam com vômitos, tem sob guarda as plantas estomacais e depurativas. As pústulas da doenças são consideradas "vulcões". Assim, como a panela de barro emborcada nos assentamentos do santo simboliza a marca deixada pela doença.
Obàlúwàiyé representa a terra e o sol, aliás, ele é o próprio sol, por isso usa uma coroa de palha ou azê, que tampa seu rosto, porque sem ela as pessoas não poderiam olhar para ele. Ninguém pode olhar o soldiretamente. Sua matéria de origem é a terra e como tal ele é o resultado de um processo anterior. Relaciona-se também com os espíritos contidos na terra.
O colar que o simboliza é o làdgbá, cujas contas são feitas da semente existente dentro da fruta do igí-opé ou palmeiras pretas.
Lidera o poder dos espíritos dos ancestrais os quais o seguem. Oculta sob o saiote o mistério da morte e do renascimento. Ele é a própria terra que recebe nossos corpos para que vire pó.
Obàlúwàiyé mede a riqueza com cântaros, mas o povo esqueceu-se de sua riqueza e só se lembra dele como o orixá da moléstia, atribuindo-lhe a responsabilidade das doenças endêmicas existentes na terra.
No mês de agosto, Obàlúwàiyé é muito festejado no rito do Ólùgbajé, onde Olu="senhor" e Baje= "comer junto". Portanto, Ólùgbajé quer dizer "comer junto". Esta festa consiste em se oferecer várias comidas nãosó a este orixá, mas a vários orixás que se farão presentes. Ainda no Ólùgbajé, a participação de todos que estão na festa é muito importante pois, a todos serão servidos pequenas porções das comidas de orixá, porque como o próprio rito diz não se pode recusar a comida oferecida em um Ólùgbajé.
O guguru - buburu, ainda doburu, ou seja, a pipoca é um dos alimentos principais deste dia.
Parabéns para todos vocês que no mês de agosto reverenciam à Obàlúwàiyé e festejam o Ólùgbajé!
Atoto!
ÒSÁNYÌN (OSSAIM)
Òsányìn é o detentor do segredo de todas as ervas existentes.
Òsányìn é o detentor do segredo de todas as ervas existentes.
Cada divindade tem as suas ervas e folhas particulares, mas só Òsányìn conhece profundamente o poder ou axé das folhas.
O poder de Òsányìn está num pássaro que é o seu mensageiro. Este pássaro voa por toda parte do mundo e pousa em cima da cabeça de Òsányìn para lhe contar todos os acontecimentos. Este pássaro é um simbolismo bastante conhecido das feiticeiras freqüentemente chamadas de elewú-eiyé, ou seja, "proprietárias do pássaro-poder".
Òsányìn vive na floresta em companhia de àroni, um anãozinho de uma perna só que fuma um cachimbo feito de casca de caracol enfiado num talo oco cheio de suas folhas favoritas.
Os Oloòsányìn ou Babalòsányìn são também chamados de ònìsegun, "curandeiros" em virtude de suas atividades no domínio das plantas medicinais.
Um Babalòsányìn quando vai colher as plantas está num total estado de pureza: abstem-se de relações sexuais, na noite anterior, e vai para floresta durante a madrugada sem dirigir a palavra a ninguém. Além disso, arreia uma oferenda a Òsányìn na entrada da floresta no intuito de pedir licença, para colher as ervas para seus trabalhos. Ainda ao entrar na mata mastiga durante algum tempo elementos mágicos como obì ou pimenta da costa.
As folhas e as plantas constituem a emanação direta do poder da terra fertilizada pela chuva. São como as escamas e as penas que representam o procriado.
O sumo das folhas é também chamado de èjé ewé ou "sangue das folhas" e é um dos axés mais poderosos que traz em si o poder do que nasce e do que advém. No ato de se macerar as folhas, entoa-se cânticos chamados de sàsányin.
AS ÁGUAS E OS ORIXÁS FEMININOS
A água é muito utilizada nas casa de Candomblé. Em muitos ritos ela aparece tendo um significado muito importante, desde o rito do ìpàdé, quando ela é utilizada para acalmar as ajé, até o ritual das águas de Oxalá, quando ela representa a limpeza lustral do egbe.
A água é muito utilizada nas casa de Candomblé. Em muitos ritos ela aparece tendo um significado muito importante, desde o rito do ìpàdé, quando ela é utilizada para acalmar as ajé, até o ritual das águas de Oxalá, quando ela representa a limpeza lustral do egbe.
Colocar água sobre a terra significa não só fecundá-la, mas também restituir-lhe seu sangue branco com o qual ela alimenta e propicia tudo que nasce e cresce em decorrência, os pedidos e rituais a serem desenvolvidos. Deitar água é iniciar e propiciar um ciclo. Diría ainda que as águas de Oxalá pelas quais começa o ano litúrgico yorubá tem precisamente este significado.
É comum ao se chegar a uma entrada de uma casa de Candomblé vir uma filha da casa com uma quartinha com água e despejar esta água nos lados direito e esquerdo da entrada da casa. Este ato é para acalmar Exu e também para despachar qualquer mal que por ventura possa estar acompanhando esta pessoa. Neste caso, a água entra como um escudo contra o mal.
Entre os eboras ou orixás femininos, destacamos aqui Nàna que está associada à terra, à lama e também às águas. Nàna ou Nàna Burúkú ou Nàna Bukú, como é chamada no antigo Dahomé, foi considerada como o ancestre feminino dos povos fons.
Outro orixá feminino associado à água é o orixá Òsun. Oxum tem toda a sua história ligada às águas pois, na Nigéria, Òsun é a divindade do rio que recebe o mesmo nome do orixá.
Oyá ou Yánsàn, divindade dos ventos e tempestades, também está ligada às águas, pois na Nigéria Oyá é dona do rio Niger, também chamado pelos yorubás de Odò Oyá ou "Rio de Oya".
Não diferente dos demais orixás femininos, Yemanjá também está muito ligada às águas. É o orixá que em terra yorubá é patrona de dois rios: o rio Yemonja e o rio Ogun - não confundir com o orixá Ogun, Deus do ferro. Daí Yemonja estar associada à expressão Odò Iyá, ou seja, "Mãe dos Rios".
Resumindo, a água é um elemento natural aos orixás femininos. Não só dentro do culto de Candomblé, mas como em toda a vida, ela é de suma importância pois, como é dito, a água é o princípio da vida.
ÒSUN (OXUM) - ORIGEM DO NOME DE OSOGBO
Òsun é o orixá considerado mãe da água doce e senhora do ouro.
Òsun é o orixá considerado mãe da água doce e senhora do ouro.
O arquétipo das filhas de Òsun é o das mulheres graciosas e elegantes gostando do conforto, bom gosto e tendo um toque aristocrático em tudo que fazem.
Òsun também chamada de Iyalóòide em Osogbò, na Nigéria, onde iyá= "mãe" e lóòde="rainha de todos os rios".
Òsun tem fundamentalmente seus axés nas pedras do Rio Osun, nas jóias de cobre e num pente de tartaruga. O amor de Òsun pelo cobre, o metal mais precioso do país yorubá nos tempos antigos é mencionado nas saudações que assim lhe são dirigidas:
"Mulher elegante que tem jóias de cobre maciço.
É uma cliente dos mercadores de cobre.
Òsun limpa suas jóias de cobre antes de limpar seus filhos."
É uma cliente dos mercadores de cobre.
Òsun limpa suas jóias de cobre antes de limpar seus filhos."
No Brasil, Òsun foi ligada ao ouro, isso devido a esse metal ser de grande importância para a confecção de jóias, uma das paixões de Òsun.
A cidade de Osogbò recebeu este nome depois que Laro, após muitas atribuições, veio instalar-se às margens do rio Òsun. Laro achou aquele local ideal para estabelecer uma cidade e ali fixar seu povo. Dias depois, uma das suas filhas foi banhar-se no rio e desapareceu sob as águas. No dia seguinte, ela retornou muito bem vestida e enfeitada com muitas jóias, dizendo ter sido muito bem tratada pela divindade do rio. Agradecendo então o regresso de sua filha, Laro dedicou à Òsun muitas oferendas e numerosos peixes. Mensageiros da divindade vieram comer em sinal de aceitação às oferendas que Laro havia depositado nas águas. Um grande peixe cuspiu-lhe água e ele a recolheu numa cabaça e bebeu: estava selada a aliança entre Òsun & Laro. Este peixe saltou sobre as mãos de Laro e a partir desse momento recebeu o título de Ataoejá ou Atáoja, que quer dizer "aquele que recebe o peixe (ejá)"e declarou Òsun Gbó ou "Òsun está em estado de maturidade".
Essa foi a origem do nome da cidade de Òsogbo, onde até os dias de hoje encontram-se os descendentes de Laro que honram o pacto feito no passado.
YÁNSÀN (YANSÃ)
Oyá ou Yansã está muito ligada ao culto de egúngún, pois é ela que encaminha os espíritos dos mortos para o òrun, através do ritual do àsèsè.
Oyá ou Yansã está muito ligada ao culto de egúngún, pois é ela que encaminha os espíritos dos mortos para o òrun, através do ritual do àsèsè.
Segundo a tradição yorubá, Yansã é o único orixá que pode virar no àsèsè.
Oya-Ibále ou Balé é o título que Yansã recebe dentro da sociedade de egúngún. A palavra Ygbalé que em yorubá quer dizer "governanta" atribui-se ao fato de que Yansã governou uma província na cidade de Abeokuta. Nesta província morava um molusí que é um sacerdote de um culto a Omolu e foi com este sacerdote que Yansã aprendeu todos os mistérios de Omolu. A partir daí, Yansã ou Oyá-Ibále passou a usar o branco em respeito aos mistérios e conhecimentos adquiridos no culto a Omolu, ou o "Filho do Senhor".
Outra divindade que está muito ligada ao culto de Oyá ou Yansã é a divindade Ebora Yoruba denominada de Onirá. Onirá, como o próprio nome sugere, foi uma sacerdotisa do culto à Oxum nas regiões Ilexá e Ijebu, na Nigéria.
Onirá fazia parte das mulheres guerreiras que guardavam os domínios de Oxum. Conta-se que foi Onirá que ajudou Laro a fazer o grande pacto na região de Oxobo. Onirá, em verdade, seria uma das filhas de Laro e é ela que no dia da festa anual à Oxum, em Oxobo, que carrega a cabaça contendo os objetos sagrados de Oxum, ou seja, Onirá é a Arugba Oxum ou "aquela que leva a cabaça de Oxum". Isto porque, como desvenda o mito, Onirá teria desaparecido dentro do rio e mediante a graça de Oxum, reapareceu divinamente vestida. Este é o motivo da associação de Onirá com Oxum.
O RELACIONAMENTO DE YANSÃ COM O NÚMERO 09
O òrun é composto por nove espaços, sendo que o quinto ou espaço do meio é denominado de àiyé, que é a terra onde vivemos.
O òrun é composto por nove espaços, sendo que o quinto ou espaço do meio é denominado de àiyé, que é a terra onde vivemos.
Na verdade, o òrun é uma massa infinita sem local determinado, sem começo e sem fim que segundo a tradição yorubá é sustentado pelo ala-kokô, uma árvore sagrada, cujo tronco é o próprio eixo que sustenta o òrun atravessando assim os nove espaços. Daí Yansã ser chamada de Iyá Mèsàn Òrun que significa "Mãe dos Nove Espaços do Òrun". Yansã também é chamada de Ya Unlá Kokô ou "A grande Senhora Ala-Kokô", porque cada espaço do òrun pertence na verdade a um filho de Yansã; sendo que o último, ou o nono, pertence à Egun. É por isso a grande associação de Yansã com o número 9 (nove) e com os mortos.
Ainda vendo esta associação de Yansã com o número 9 (nove), vemos que na Nigéria, em Banigbe, o nome recebido pelo orixá como Abesan, deu origem à expressão Aborimesan, que significa "com nove cabeças" fazendo aí alusão aos nove braços do delta do Rio Niger, origem verdadeira de Yansã ou Oyá, como é chamada na terra yorubá.
Agora, por que o Orixá é chamado de Oyá?
Conta um itan que uma cidade chamada Ipô estava ameaçada de destruição pelos Tapás. Para que isso não acontecesse foi feita uma oferenda das roupas do rei dos Ipôs. Estas roupas ofertadas eram tão bonitas que as galinhas do lugar puseram-se a cacarejar de surpresa. Daí acreditar-se que as galinhas cacarejam até hoje, sempre que surpresas. Este traje do Rei dos Ipôs foi rasgado (Ya) em dois, para apoiar as cabeças das oferendas. Daí surgiu uma água que se espalhou (Ya) e inundou em volta da cidade, afogando os Tapás que queriam destruir Ipô. Foi a partir daí que os habitantes de Ipô batizaram o Rio de Odò-Oyá e é em alusão a este itan que o orixá passou a chamar-se Oyá.
Conta um itan que uma cidade chamada Ipô estava ameaçada de destruição pelos Tapás. Para que isso não acontecesse foi feita uma oferenda das roupas do rei dos Ipôs. Estas roupas ofertadas eram tão bonitas que as galinhas do lugar puseram-se a cacarejar de surpresa. Daí acreditar-se que as galinhas cacarejam até hoje, sempre que surpresas. Este traje do Rei dos Ipôs foi rasgado (Ya) em dois, para apoiar as cabeças das oferendas. Daí surgiu uma água que se espalhou (Ya) e inundou em volta da cidade, afogando os Tapás que queriam destruir Ipô. Foi a partir daí que os habitantes de Ipô batizaram o Rio de Odò-Oyá e é em alusão a este itan que o orixá passou a chamar-se Oyá.
ABIYAN
Dentro dos cultos afros-brasileiros existe uma categoria de pessoas que são classificadas de Abiyans.
Dentro dos cultos afros-brasileiros existe uma categoria de pessoas que são classificadas de Abiyans.
A palavra Abiyan quer dizer: Abi= "aquele que" e An= seria uma contração de "Onã", que quer dizer "caminho". As duas palavras aglutinadas formaram o termo Abiyan, que quer dizer "aquele que começa", "um novo caminho". E é isto, o Abiyan é uma pessoa que está começando um novo caminho, uma nova vida espiritual.
O Abiyan também pode ter fios de contas lavados, obrigação de bori e, até em alguns casos, ter orixá assentado.
O Abiyan é um pré-iniciado e não um simples frequentador, como muitas das vezes é classificado.
Um Abiyan pode desempenhar várias atividades dentro de um terreiro, como por exemplo, varrer, ajudar na limpeza, ajudar nos cafés da manhã e almoços comunitários realizados em dias de festas de orixá, lavar louças, ajudar na decoração do barracão, enfim, o Abiyan pode desempenhar várias tarefas sem maior envolvimento religioso.
O período de Abiyan é de muita importância pois, é nesse período que o recém-chegado no Candomblé passa a observar o comportamento e a conviver com os já iniciados.
Existem pessoas que passaram por um longo período sendo Abiyan, antes de se iniciarem no Candomblé. Portanto, vale ressaltar a importância deste período, ou seja, Abiyan e dizer que o frequentador em yorubá, chama-se Lemó-mú.
ABIKU & ABIAXÉ
A palavra Abiku quer dizer "aquele que vive e morre e vive novamente" ou ainda "nascido para morrer".
A palavra Abiku quer dizer "aquele que vive e morre e vive novamente" ou ainda "nascido para morrer".
Os Abikús são crianças que trazem a marca da "morte" ainda no ventre materno. Os yorubás acreditam que os Abikús já trazem consigo o dia e a hora em que vão retornar para o "outro lado da vida".
De um modo geral, esse tempo é determinado entre o nascimento e os 7(sete) anos de vida. Na Nigéria assim que nasce um Abikú são tomadas providências imediatas para que essas crianças permaneçam vivas aqui no aiyé, ou seja, na terra.
Segue algumas das providências que são tomadas: assim que nasce a criança Abikú é levada e banhada num rio para que sejam afastados os espíritos que possam acompanhar essa criança. Depois são feitas várias pinturas em determinadas partes do corpo da criança Abikú e são postos em suas pernas, braços e pulsos diversos amuletos que também servem para neutralizar os antepassados Abikús dessa criança.
Na verdade, só se nasce Abikú se tiver antepassado Abikú.
Agora, o que seria um Àbíasé?
O Àbíasé é a pessoa que recebeu todo o axé de feitura ainda na barriga da mãe, ou seja, quando a mãe estava recolhida, ela estava grávida. Daí esta criança ao nascer ser denominada de Àbíasé, não precisando portanto ser iniciada pois, como dizem dentro do culto, "já nasceu feita".
O Àbíasé é a pessoa que recebeu todo o axé de feitura ainda na barriga da mãe, ou seja, quando a mãe estava recolhida, ela estava grávida. Daí esta criança ao nascer ser denominada de Àbíasé, não precisando portanto ser iniciada pois, como dizem dentro do culto, "já nasceu feita".
SENTIDO DAS PALAVRAS
As palavras yorubás, ewes e as do dialeto kimbundo são as mais usadas nas casas de Candomblé. Muitas dessas palavras sofreram modificações nos seus sentidos reais, ou seja, muitas delas são empregadas de forma diferente do seu real sentido. É isso que vamos entender agora:
As palavras yorubás, ewes e as do dialeto kimbundo são as mais usadas nas casas de Candomblé. Muitas dessas palavras sofreram modificações nos seus sentidos reais, ou seja, muitas delas são empregadas de forma diferente do seu real sentido. É isso que vamos entender agora:
A palavra "perdão" em yorubá é afó-riji.
Monà em yorubá significa "certamente; sim". Não confundir com a palavra mona da língua kimbundo. "Mulher" em yorubá é obin-rin e em ewe, ionú.
A palavra "licença"em yorubá é aiyè-lujará. No Brasil, a palavra "licença" foi identificada com a palavra àgò, que na verdade em yorubá é yàgò, ou seja, àgò é uma contração da palavra yorubá yàgò que na verdade significa "abram caminho".
Monà em yorubá significa "certamente; sim". Não confundir com a palavra mona da língua kimbundo. "Mulher" em yorubá é obin-rin e em ewe, ionú.
A palavra "licença"em yorubá é aiyè-lujará. No Brasil, a palavra "licença" foi identificada com a palavra àgò, que na verdade em yorubá é yàgò, ou seja, àgò é uma contração da palavra yorubá yàgò que na verdade significa "abram caminho".
ÁGUAS DE OSALA(OXALÁ)
O ciclo anual das cerimônias, que envolvem os rituais de origem africanista, encontra nas Águas de Osala fator máximo de importância por dois motivos: inicia as atividades religiosas e prepara essas atividades através da purificação.
O ciclo anual das cerimônias, que envolvem os rituais de origem africanista, encontra nas Águas de Osala fator máximo de importância por dois motivos: inicia as atividades religiosas e prepara essas atividades através da purificação.
É preciso observar inicialmente que o ano religioso africano não se identifica com o nosso ano legal. Não vai de 1o de janeiro a 31 de dezembro. Ele é baseado tomando como ponto de referência as estações climáticas: primavera, verão, outono e inverno, que determinam as datas das cerimônias. Por obra do sincretismo religioso, as datas festivas dos santos católicos passaram a servir como referência. Isto em alguns Candomblés, porque nos mais tradicionais, por exemplo, no Engenho Velho, é realizada na última sexta-feira de agosto e no Asé Opó Afonjá, na última sexta-feira de setembro. Entendemos assim que as Águas de Oxalá é feita em época próxima a entrada da primavera (22 de setembro).
A finalidade principal deste rito é preparar a casa para as demais atividades do ano religioso e também purificar todo o egbé.
Este ritual divide-se em 03 (três) partes distintas: Águas de Oxalá, Procissão de Osalufan e o Pilão de Osaguian, todas explicadas no seguinte mito:
Osalufan devia ir na terra de Kùsó visitar seu filho Xangô. Antes, porém, consultou primeiramente Ifá para saber se tudo correria bem durante a viagem. Odù saiu Ejionilé. Mesmo assim, Osalufan insistiu em ir. Devido a isto foi aconselhado a não negar nada a ninguém o que fosse pedido e mais ainda que levasse consigo sabão da costa, obí e três roupas brancas.
Seguindo caminho, encontrou por 03 (três) vezes Exu: Exu Elepo, Exu Idu e Exu Adi que lhe pediu sucessivamente para ajudá-lo a carregar na cabeça uma barriga de azeite de dendê, uma carga de carvão e outra de óleo de amêndoas ou xoxo. As três vezes Exu derramou o conteúdo sobre Osalufan. Mas este sem se queixar, lavou-se e trocou as três mudas de roupas e continuou a viagem. Osalufan havia dado de presente a Xangô um cavalo branco, o qual havia desaparecido do reinado fazia bastante tempo. Os escravos de Xangô andavam por toda parte para encontrá-lo e eis que Osalufan passando por um mineral, apanhou algumas espigas de milho e ao mesmo tempo deparou-se com o cavalo perdido de Xangô. O cavalo também reconheceu Osalufan e lhe acompanhou. Nesse instante, chegaram os escravos de Xangô, gritando: Olé Esim Oba, que quer dizer "ladrão do cavalo do rei". Não reconhecendo Osalufan, deram-lhe vários golpes e em seguida jogaram-no na prisão. Osalufan permaneceu 07 (sete) anos preso. Enquanto isso no Reino de Xangô tudo corria mal. Xangô preocupado consultou um Babalawo. Este revelou o motivo daquilo tudo. Disse o Babalawo a Xangô: "Algum inocente paga injustamente em tuas prisões". Xangô, então, ordenou que os prisioneiros comparecessem diante dele e reconheceu seu pai. Enviou então os escravos vestidos de branco até uma fonte vizinha para lavar Osalufan, sem falar uma palavra, em sinal de tristeza. Depois, Xangô, em sinal de humildade, carregou Osalufan nas costas de volta até o Palácio de Osaguian. Osaguian, muito alegre com o regresso de Osalufan, ofereceu um grande banquete.
Esse mito mostra todo o caminho seguido no ritual Águas de Oxalá.
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