ÈSÙ
A palavra Èsù em yorubá significa "esfera" e, na verdade, Exu é o orixá do movimento.
A palavra Èsù em yorubá significa "esfera" e, na verdade, Exu é o orixá do movimento.
De caráter irascível, ele se satisfaz em provocar disputas e calamidades àquelas pessoas que estão em falta com ele.
No entanto, como tudo no universo, possui de um modo geral dois lados, ou seja: positivo e negativo. Exu também funciona de forma positiva quando é bem tratado. Daí ser Exu considerado o mais humano dos orixás, pois o seu caráter lembra o do ser humano que é de um modo geral muito mutante em suas ações e atitudes.
Conta-se na Nigéria que Exu teria sido um dos companheiros de Oduduà quando da sua chegada a Ifé e chamava-se Èsù Obasin. Mais tarde, tornou-se um dos assistentes de Orunmilá e ainda Rei de Ketu, sob o nome de Èsù Alákétú.
Mas, o que significa a palavra elegbara?
A palavra elegbara significa "aquele que é possuidor do poder (agbará)" e está ligado à figura de Exu.
Um dos cargos de Exu na Nigéria, mais precisamente em Oyó, é o cargo denominado de Èsù Àkeró ou Àkesán, que significa "chefe de uma missão", pois este cargo tem como objetivo supervisionar as atividades do mercado do rei.
Exu praticamente não possui ewós ou quizilas. Aceita quase tudo que lhe oferecem.
É o dono de muitas ervas e entre elas aquela denominada de "vassourinha de Exu", que tanto serve para efetuar atos de limpeza, como também é utilizada como sabão, para lavar roupas de santo, como se faziam antigamente. A sua frutinha é pequenina e amarelada podendo também ser comida.
Os yorubás cultuam Exu em um pedaço de pedra porosa chamada Yangi, ou fazem um montículo grotescamente modelado na forma humana com olhos, nariz e boca feita de búzios. Ou ainda representam Exu em uma estatueta enfeitada com fileiras de búzios tendo em suas mãos pequeninas cabaças onde ele, Exu, carrega diversos pós de elementais da terra utilizados de forma bem precisa, em seus trabalhos.
Exu tem a capacidade de ser o mais sutil e astuto de todos os orixás. E quando as pessoas estão em falta com ele, simplesmente provoca mal entendidos e discussões entre elas e prepara-lhes inúmeras armadilhas. Diz um orìkì que: "Exu é capaz de carregar o óleo que comprou no mercado numa simples peneira sem que este óleo se derrame".
E assim é Exu, o orixá que faz:O ERRO VIRAR ACERTO E O ACERTO VIRAR ERRO.
Exu e sua Multiplicidade
Exu possui múltiplos e contraditórios aspectos. Devido a esta multiplicidade, ele desempenha diversas funções, produzindo vários nomes, como por exemplo, Èsù Alákétú.
Exu possui múltiplos e contraditórios aspectos. Devido a esta multiplicidade, ele desempenha diversas funções, produzindo vários nomes, como por exemplo, Èsù Alákétú.
Alákétú é uma denominação real dos soberanos da região africana de Ketu e quer dizer, "Senhor de Ketu".
Como o nome de outros soberanos de outras regiões africanas, temos:
*Aláàfin de Òyò
*Aláàye de Èfòn
*Óòni de Ifè e assim por diante.
Èsù Alákétú possui essa denominação quando Exu, através de uma artimanha, conseguiu ser o Rei da região, tornando-se um dos Reis de Ketu. Sendo que as comunidades dessa nação no Brasil, o reverenciam também com este nome.
Todos os assentamentos de Exu possuem elementos ligados às suas atividades. Atividades múltiplas que o fazem estar em todos os lugares: a terra, pó, a poeira vinda dos lugares onde ele atuará. Ali estão depositados como elemento de força diante dos pedidos.
Mas, não é só isso que leva os assentamentos de Exu. Alguns assentamentos possuem o vulto de uma figura humana com olhos para ver e para agir. Os assentamentos recebem nomes diversos como este Èsù Alákétú ou Èsù Ebarabo e outros mais.
O RITUAL DE ÌPÀDÉ NO CANDOMBLÉA palavra Ìpàdé significa "encontro, reunião". Da contração desta palavra surgiu o termo "padé" que ficou para determinar o "ritual do padé".
Nessa ocasião, todos os membros da casa devem estar no barracão. No momento do ìpàdé ou padé os Exus, Ancestrais, Orixás e pessoas filhos do egbé formam um conjunto muito importante.
O ìpàdé não é uma festa pública, não podendo aí nesse momento haver nenhuma conversa por parte dos participantes. Todos permanecem abaixados, ajoelhados em esteiras sem olhar o que se passa a sua volta. Este ato é por causa de iyamin. Se uma pessoa levantar a cabeça em hora indevida, as iyamins podem cegar esta pessoa naquele momento.
No ato do ìpàdé, só a Ìyamoró pode entrar e sair do barracão, pois a ela foi conferido um objeto (cuia) que a proteje como escudo dos perigos das ajé(iyamin).
Na verdade, o ìpàdé é uma obrigação feminina. Não quero dizer com isso que homens não participem; apenas ressalto que quem controla o ìpàdé são as Iyá Mí Ajé ou "As Grandes Mães Feiticeiras".
ERE
Todo orixá está ligado a um ou vários Exus assim como a um Ere.
Todo orixá está ligado a um ou vários Exus assim como a um Ere.
A palavra Eré vem do yorubá iré que significa "brincadeira, divertimento". Daí a expressão siré que significa "fazer brincadeiras".
O Ere(não confundir com criança que em yorubá é omodé) aparece instantaneamente logo após o transe do orixá, ou seja, o Ere é o intermediário entre o iniciado e o orixá.
Durante o ritual de iniciação, o Ere é de suma importância pois, é o Ere que muitas das vezes trará as várias mensagens do orixá do recém-iniciado. O Ere na verdade é a inconsciência do novo omon-orixá, pois o Ere é o responsável por muita coisa e ritos passados durante o período de reclusão.
O Ere conhece todas as preocupações do iyawo, também, aí chamado de omon-tú ou "criança-nova". O comportamento do iniciado em estado de "Ere" é mais influenciado por certos aspectos de sua personalidade, que pelo caráter rígido e convencional atribuído a seu orixá.
Após o ritual do orúko, ou seja, "nome de iyawo" segue-se um novo ritual, ou o reaprendizado das coisas.
Os vários nomes de Ere
Cada Ere traz um nome inspirado no arquétipo ou natureza do orixá ao qual está submetido, por exemplo:
* "Foguete" ou "Trovãozinho" para Xangô
* "Ferreirinho" para Ogun
* "Pingo de Ouro" para Oxum e assim por diante.
Agora, esses nomes não serão os mesmos em cada iyawo. Cada Ere trará um nome que, como expliquei, será inspirado no arquétipo ou natureza do orixá a que está submetido.
A IMPORTÂNCIA DAS PINTURASTrês elementos são utilizados nas casas de Candomblé, para diversas finalidades e são essenciais pela ação de proteção que exercem: Osun, Efun e Waji.
Osun e Waji são elementos vegetais e Efun é mineral. Todos são transformados em pó para preparar pintura, principalmente, a pintura do ori de iyawos, ou seja, das pessoas que se iniciam no Candomblé.
Osun, Efun e Waji servem aí para proteção da cabeça do iyawo, contra os efeitos negativos das ajé da sociedade das iyami. Isso porque, os pássaros enviados pelas ajé costumam pousar com as asas abertas sobre as cabeças das pessoas. Quando isso acontece, todo o mal fica nessas pessoas. Daí o procedimento de se pintar o iyawo.
Outra forma de se proteger das yamin é passar a mão constantemente pela cabeça, no intuito de impedir o pouso dos pássaros maus e que são denominados de eleye.
Portanto, vale ressaltar a importância da pintura de iyawo com esses elementos Osun, Efun e Waji, pois os mesmos neutralizam a cólera das yamins.
O SIGNIFICADO DE PANÁ E KITANDADurante os ritos de iniciação, a pessoa é devidamente isolada mantendo contato somente com pessoas preparadas para cuidá-la.
Toda atenção lhe é dedicada, sendo-lhe destinada uma mãe criadeira também denominada de ojúbòna, para lhe assistir em tempo integral.
Um iyawo equivale a uma criança nova, recém-nascida e merecedora de todos os cuidados. Daí o iyawo também ser chamado de omotun, que quer dizer "criança nova". Embora adulta e talvez bem vivida, a pessoa ao entrar para se iniciar se transforma numa criança, pois é um ser novo que nasce para a religião. Por esse motivo, após o ritual do oruko, ou seja, do nome de iyawo, torna-se necessário um novo ritual: o reaprendizado das coisas, que no Candomblé de Ketu chama-se Paná e nos de Angola, Kitanda.
A palavra paná em yorubá significa "fim do castigo", em referência a quebra da rigidez exigida durante o começo da iniciação (banhos, pintura, raspagem) e kitanda, em kimbundo, significa "feira, mercado".
Essa maior liberdade é proporcionada pela presença de entidades chamadas no Ketu de ere. Estas entidades têm características infantis proporcionando ao iyawo um certo relaxamento e repouso.
Estes rituais paná (no Ketu) e kitanda (no Angola) representam em verdade a quebra das kizilas em que o iyawo estava submetido durante o tempo de recolhimento. É o reaprendizado dos gestos e ações do dia a dia. Por isso, são colocados objetos como: tesoura, lápis, linha, agulha, vassoura, copos, pratos e ainda colocam-se frutas para serem vendidas. Enquanto os homens imitam trabalhos no campo, as mulheres representam tarefas caseiras. Mas tudo isso é feito num clima de total alegria.
Mas, o iyawo ainda sofrerá alguns èèwò durante algum tempo, tais como: não vai à praia, não toma bebida alcoólica, só se veste de branco e comporta-se de forma submissa diante dos mais velhos, além de não receber a benção com a cabeça coberta. Enfatizo que iyawo não toma benção com a cabeça coberta.
Adosu e Iyawo são denominações nas casas de Ketu; Muzenza, nas casas de Angola e Vodunsi, nas de Jeje.
Kizila ou Èèwò Tudo aquilo que provoca uma reação contrária ao axé, dá-se o nome de kizila ou èèwò, ou seja, são as energias contrárias a energia positiva do orixá. Estas energias negativas podem estar em alimentos, cores, situações, animais e até mesmo na própria natureza.
Como algumas kizilas ou èèwò dos orixás, tem-se:
*Exu - água e mel em excesso
*Ogun - quiabo
*Oxossy - mel de abelha
*Yansã - abóbora
*Oxalá - dendê
SANGO (XANGÔ)
Xangô teria sido o 4o (quarto) alafin de Òyó, sendo filho de Òrànmíyàn e Íyamasé Torossi que era filha de Élempé, Rei dos Tapás.
Xangô teria sido o 4o (quarto) alafin de Òyó, sendo filho de Òrànmíyàn e Íyamasé Torossi que era filha de Élempé, Rei dos Tapás.
Xangô cresceu no país de sua mãe e mais tarde foi para Kosó, onde dominou os habitantes pela força. Depois disto, foi para Oyó onde instalou uma aldeia com o nome de Kosó.
Xangô é viril e atrevido, violento e justiceiro. Castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de Xangô. Como relatei, Xangô possui temperamento imperioso e viril, tendo desposado 03 (três) divindades: Obá, Oyá e Oxum.
Os símbolos de Xangô são o Osé, um machado sagrado de duas lâminas que seus elegun trazem nas mãos quando possuídos por ele.
Xangô tem ainda o seré como símbolo que tem a forma de uma cabaça alongada que contém no seu interior pequenos grãos e quando agitados produzem ruídos similar aos da chuva.
Xangô usa ainda uma grande bolsa a tira-colo chamada de Labá. Dentro do Labá, Xangô guarda seus Edun Ará que são as pedras de raio que ele lança sobre a terra durante as tempestades e também contra seus inimigos nas batalhas.
Este orixá usa também uma coroa de cobre enfeitada com búzios chamada de adé de bayni e que deu origem no país de yorubá a uma das festividades de Xangô.
Em um itan diz o porquê de Xangô não usar o obí. Foi quando Olodumare castigou Xangô tomando-lhe o pilão (também, um dos seus símbolos). Xangô, arrependido e desesperado, enforcou-se num pé de obí. Porém, Olodumare o perdoou e consentiu que ele retorna-se ao aiyê como orixá, para fazer justiça aos homens que não se portavam bem. Contudo, Xangô ficou proibido de usar o obí que transformou-se em seu èèwò ou kizila, pois lembra-lhe a passagem pela vida e a morte na terra.
IRÓKÒ
Irókò é um orixá originário de Íwerè, região que fica ao leste de Oyó na Nigéria.
Irókò é um orixá originário de Íwerè, região que fica ao leste de Oyó na Nigéria.
Irókò tem um temperamento estável, de caráter firme e em alguns casos violento. Daí muitas das vezes ser comparado com Xangô.
Na Nigéria, Irókò é cultuado numa árvore que tem o mesmo nome. Porém, no Brasil esta árvore foi substituída pela gameleira-branca que apresenta as mesmas características da árvore usada na África. É nesta árvore, a gameleira-branca, que fica acentuado o caráter reto e firme do orixá pois suas raízes fortes, firmes e profundas, dão uma estrutura sólida aos filhos deste orixá.
Irókò ainda é tido com árvore guardiã da casa de Candomblé pois, ter esta árvore plantada no terreno da casa de Candomblé representa força e poder.
Irókò foi associado ao vodun daomeano Loko dos negros de dinastia Jeje e ainda ao inkice Tempo, dos negros bantos.
Irókò, na verdade, é o orixá dos bosques nigerianos, onde lá na Nigéria é muito temido, porque como conta um itan, ninguém se atrevia a entrar num bosque sem antes reverenciá-lo.
No Brasil, é nos pés da gameleira-branca que fica seu assentamento e também é ali que são oferecidas suas oferendas.
Sua cor é o branco e ainda usa palha da costa em sua vestimenta. Sua comida tem por base o ajabó, o caruru, feijão fradinho, o duburu, o acassá, o ebo e outras.
O QUE SIGNIFICA ADÚRÀ?A palavra adúrà é do yorubá e significa "reza, prece ou oração".
Estas adúrà ou orações tem por finalidade invocar os orixás, e também, solicitar ajuda para os problemas do dia a dia.
Porém, o que seria oríki?
Oríki, na verdade, seria um aglutinado de palavras usadas pelos yorubás na hora de fazerem sacrifícios ou pedidos aos orixás. O oríki, diferente da adúrà, seria a "súplica".
Oríki, na verdade, seria um aglutinado de palavras usadas pelos yorubás na hora de fazerem sacrifícios ou pedidos aos orixás. O oríki, diferente da adúrà, seria a "súplica".
É isto! A adúrà é a reza ou oração própria do orixá que não pode ser mexida. Enquanto o oríki são palavras expressas de forma intimista com o orixá, podendo ser modificado dependendo da ocasião em que for dito.
Abaixo, uma Adúrà à Odé:
Ode amoji elere
Otiti ami ilú uo biojo
Ari sokoto penpe guibon eni onã ikiré
Boba guibo ma da miran sí
Ode alaja pa amu ouem obó
Baba mí fiki fiki ekun ako oru
Ma jeki owo son mí
Ode wa fun mí, ni alafiá
Otiti ami ilú uo biojo
Ari sokoto penpe guibon eni onã ikiré
Boba guibo ma da miran sí
Ode alaja pa amu ouem obó
Baba mí fiki fiki ekun ako oru
Ma jeki owo son mí
Ode wa fun mí, ni alafiá
"Caçador, pessoa forte que sacode a cidade
Pessoa que veste bermuda nas estradas molhadas da cidade de Ikiré
Se forem rasgadas ele tem outras
Caçador que tem cachorros, que matam qualquer animal
Meu Pai, o forte leopardo que não tem medo da madrugada
Não me deixa faltar dinheiro
Caçador, dê-me a paz"
PARA SE TER SORTEQuem não quer ter sorte, fartura, prosperidade dentro de sua casa? Eu acredito que todos. Por isso, divulgo para vocês uma oferenda para trazer sorte, fartura e prosperidade.
Em um Sábado de lua cheia, vocês devem adquirir:
*01 alguidar pequeno
*01 estrela do mar daquelas pequeninas
*01 ímã em forma de ferradura
*05 moedas correntes do mesmo valor
*05 punhados de girassol
*05 punhados de açúcar cristal
*01 pedaço de pano branco virgem
Depois de lavar bem o alguidar e colocá-lo em cima do pano branco, vocês devem colocar a estrela do mar no fundo do alguidar. No meio da estrela, colocar o ímã e em cada ponta uma moeda e um punhado de açúcar cristal e de girassol.
*01 estrela do mar daquelas pequeninas
*01 ímã em forma de ferradura
*05 moedas correntes do mesmo valor
*05 punhados de girassol
*05 punhados de açúcar cristal
*01 pedaço de pano branco virgem
Depois de lavar bem o alguidar e colocá-lo em cima do pano branco, vocês devem colocar a estrela do mar no fundo do alguidar. No meio da estrela, colocar o ímã e em cada ponta uma moeda e um punhado de açúcar cristal e de girassol.
Como expliquei, isto deve ser feito num Sábado de lua cheia, portanto vocês devem fazer olhando para a lua e pedindo que vocês tenham sorte, fartura e prosperidade. Em seguida, vocês devem embrulhar no pano branco e esquecer este embrulho num canto alto da casa e só repetir de 05 em 05 (cinco) meses, despachando o velho num galho alto de uma árvore bem frondosa e repetir o ritual.
OMOLU & OBÀLÚWÀIYÉ - O RITUAL DE ÓLÙGBAJÉ
O lugar de origem de Omolu ou Obàlúwàiyé é incerto. Há grandes possibilidades que tenha sido em território Tapá ou Nupê e se esta não for sua origem, seria pelo menos um ponto de divisão dessa crença. Além disso, o seu culto foi mais difundido no antigo Dahomé, região dos negros mahins.
O lugar de origem de Omolu ou Obàlúwàiyé é incerto. Há grandes possibilidades que tenha sido em território Tapá ou Nupê e se esta não for sua origem, seria pelo menos um ponto de divisão dessa crença. Além disso, o seu culto foi mais difundido no antigo Dahomé, região dos negros mahins.
Conta-se em Ibadan, que Obàlúwàiyé teria sido antigamente o Rei dos Tapás. Uma lenda de Ifá confirma esta última suposição. Obàlúwàiyé era originário de Empê e havia levado seus guerreiros em expedição aos quatro cantos da terra. Uma ferida feita por suas flechas tornava as pessoas cegas, surdas ou mancas. Obàlúwàiyé chegou assim ao território Mahin, ao norte do Dahomé, batendo e dizimando seus inimigos. Pôs-se a massacrar e a destruir tudo que encontrava à sua frente. Os mahins, porém, tendo consultado um Babalawo aprenderam como acalmar Obàlúwàiyé, com oferendas especiais. Assim tranquilizado pelas atenções recebidas, Obàlúwàiyé mandou-os construir um palácio onde ele passaria a morar, não mais voltando ao país de Empê. Mahin prosperou e tudo se acalmou!
A palavra Obàlúwàiyé quer dizer: oba= "rei" e luàiyé= "dono da terra". Já Omolu significa Omo= "filho" e Lu= "senhor"; "Filho do Senhor". Na verdade, trata-se da mesma entidade sendo que Omolu refere-se a forma velha do orixá e Obàlúwàiyé, refere-se a forma jovem.
Obàlúwàiyé é o símbolo da terra, médico e senhor das epidemias, Deus da bexiga. Corresponde a pele e assim castiga com as doenças de pele: dermatose, varíola, lepra, etc. Como estas doenças começam com vômitos, tem sob guarda as plantas estomacais e depurativas. As pústulas da doenças são consideradas "vulcões". Assim, como a panela de barro emborcada nos assentamentos do santo simboliza a marca deixada pela doença.
Obàlúwàiyé representa a terra e o sol, aliás, ele é o próprio sol, por isso usa uma coroa de palha ou azê, que tampa seu rosto, porque sem ela as pessoas não poderiam olhar para ele. Ninguém pode olhar o soldiretamente. Sua matéria de origem é a terra e como tal ele é o resultado de um processo anterior. Relaciona-se também com os espíritos contidos na terra.
O colar que o simboliza é o làdgbá, cujas contas são feitas da semente existente dentro da fruta do igí-opé ou palmeiras pretas.
Lidera o poder dos espíritos dos ancestrais os quais o seguem. Oculta sob o saiote o mistério da morte e do renascimento. Ele é a própria terra que recebe nossos corpos para que vire pó.
Obàlúwàiyé mede a riqueza com cântaros, mas o povo esqueceu-se de sua riqueza e só se lembra dele como o orixá da moléstia, atribuindo-lhe a responsabilidade das doenças endêmicas existentes na terra.
No mês de agosto, Obàlúwàiyé é muito festejado no rito do Ólùgbajé, onde Olu="senhor" e Baje= "comer junto". Portanto, Ólùgbajé quer dizer "comer junto". Esta festa consiste em se oferecer várias comidas nãosó a este orixá, mas a vários orixás que se farão presentes. Ainda no Ólùgbajé, a participação de todos que estão na festa é muito importante pois, a todos serão servidos pequenas porções das comidas de orixá, porque como o próprio rito diz não se pode recusar a comida oferecida em um Ólùgbajé.
O guguru - buburu, ainda doburu, ou seja, a pipoca é um dos alimentos principais deste dia.
Parabéns para todos vocês que no mês de agosto reverenciam à Obàlúwàiyé e festejam o Ólùgbajé!
Atoto!
ÒSÁNYÌN (OSSAIM)
Òsányìn é o detentor do segredo de todas as ervas existentes.
Òsányìn é o detentor do segredo de todas as ervas existentes.
Cada divindade tem as suas ervas e folhas particulares, mas só Òsányìn conhece profundamente o poder ou axé das folhas.
O poder de Òsányìn está num pássaro que é o seu mensageiro. Este pássaro voa por toda parte do mundo e pousa em cima da cabeça de Òsányìn para lhe contar todos os acontecimentos. Este pássaro é um simbolismo bastante conhecido das feiticeiras freqüentemente chamadas de elewú-eiyé, ou seja, "proprietárias do pássaro-poder".
Òsányìn vive na floresta em companhia de àroni, um anãozinho de uma perna só que fuma um cachimbo feito de casca de caracol enfiado num talo oco cheio de suas folhas favoritas.
Os Oloòsányìn ou Babalòsányìn são também chamados de ònìsegun, "curandeiros" em virtude de suas atividades no domínio das plantas medicinais.
Um Babalòsányìn quando vai colher as plantas está num total estado de pureza: abstem-se de relações sexuais, na noite anterior, e vai para floresta durante a madrugada sem dirigir a palavra a ninguém. Além disso, arreia uma oferenda a Òsányìn na entrada da floresta no intuito de pedir licença, para colher as ervas para seus trabalhos. Ainda ao entrar na mata mastiga durante algum tempo elementos mágicos como obì ou pimenta da costa.
As folhas e as plantas constituem a emanação direta do poder da terra fertilizada pela chuva. São como as escamas e as penas que representam o procriado.
O sumo das folhas é também chamado de èjé ewé ou "sangue das folhas" e é um dos axés mais poderosos que traz em si o poder do que nasce e do que advém. No ato de se macerar as folhas, entoa-se cânticos chamados de sàsányin.
AS ÁGUAS E OS ORIXÁS FEMININOS
A água é muito utilizada nas casa de Candomblé. Em muitos ritos ela aparece tendo um significado muito importante, desde o rito do ìpàdé, quando ela é utilizada para acalmar as ajé, até o ritual das águas de Oxalá, quando ela representa a limpeza lustral do egbe.
A água é muito utilizada nas casa de Candomblé. Em muitos ritos ela aparece tendo um significado muito importante, desde o rito do ìpàdé, quando ela é utilizada para acalmar as ajé, até o ritual das águas de Oxalá, quando ela representa a limpeza lustral do egbe.
Colocar água sobre a terra significa não só fecundá-la, mas também restituir-lhe seu sangue branco com o qual ela alimenta e propicia tudo que nasce e cresce em decorrência, os pedidos e rituais a serem desenvolvidos. Deitar água é iniciar e propiciar um ciclo. Diría ainda que as águas de Oxalá pelas quais começa o ano litúrgico yorubá tem precisamente este significado.
É comum ao se chegar a uma entrada de uma casa de Candomblé vir uma filha da casa com uma quartinha com água e despejar esta água nos lados direito e esquerdo da entrada da casa. Este ato é para acalmar Exu e também para despachar qualquer mal que por ventura possa estar acompanhando esta pessoa. Neste caso, a água entra como um escudo contra o mal.
Entre os eboras ou orixás femininos, destacamos aqui Nàna que está associada à terra, à lama e também às águas. Nàna ou Nàna Burúkú ou Nàna Bukú, como é chamada no antigo Dahomé, foi considerada como o ancestre feminino dos povos fons.
Outro orixá feminino associado à água é o orixá Òsun. Oxum tem toda a sua história ligada às águas pois, na Nigéria, Òsun é a divindade do rio que recebe o mesmo nome do orixá.
Oyá ou Yánsàn, divindade dos ventos e tempestades, também está ligada às águas, pois na Nigéria Oyá é dona do rio Niger, também chamado pelos yorubás de Odò Oyá ou "Rio de Oya".
Não diferente dos demais orixás femininos, Yemanjá também está muito ligada às águas. É o orixá que em terra yorubá é patrona de dois rios: o rio Yemonja e o rio Ogun - não confundir com o orixá Ogun, Deus do ferro. Daí Yemonja estar associada à expressão Odò Iyá, ou seja, "Mãe dos Rios".
Resumindo, a água é um elemento natural aos orixás femininos. Não só dentro do culto de Candomblé, mas como em toda a vida, ela é de suma importância pois, como é dito, a água é o princípio da vida.
ÒSUN (OXUM) - ORIGEM DO NOME DE OSOGBO
Òsun é o orixá considerado mãe da água doce e senhora do ouro.
Òsun é o orixá considerado mãe da água doce e senhora do ouro.
O arquétipo das filhas de Òsun é o das mulheres graciosas e elegantes gostando do conforto, bom gosto e tendo um toque aristocrático em tudo que fazem.
Òsun também chamada de Iyalóòide em Osogbò, na Nigéria, onde iyá= "mãe" e lóòde="rainha de todos os rios".
Òsun tem fundamentalmente seus axés nas pedras do Rio Osun, nas jóias de cobre e num pente de tartaruga. O amor de Òsun pelo cobre, o metal mais precioso do país yorubá nos tempos antigos é mencionado nas saudações que assim lhe são dirigidas:
"Mulher elegante que tem jóias de cobre maciço.
É uma cliente dos mercadores de cobre.
Òsun limpa suas jóias de cobre antes de limpar seus filhos."
É uma cliente dos mercadores de cobre.
Òsun limpa suas jóias de cobre antes de limpar seus filhos."
No Brasil, Òsun foi ligada ao ouro, isso devido a esse metal ser de grande importância para a confecção de jóias, uma das paixões de Òsun.
A cidade de Osogbò recebeu este nome depois que Laro, após muitas atribuições, veio instalar-se às margens do rio Òsun. Laro achou aquele local ideal para estabelecer uma cidade e ali fixar seu povo. Dias depois, uma das suas filhas foi banhar-se no rio e desapareceu sob as águas. No dia seguinte, ela retornou muito bem vestida e enfeitada com muitas jóias, dizendo ter sido muito bem tratada pela divindade do rio. Agradecendo então o regresso de sua filha, Laro dedicou à Òsun muitas oferendas e numerosos peixes. Mensageiros da divindade vieram comer em sinal de aceitação às oferendas que Laro havia depositado nas águas. Um grande peixe cuspiu-lhe água e ele a recolheu numa cabaça e bebeu: estava selada a aliança entre Òsun & Laro. Este peixe saltou sobre as mãos de Laro e a partir desse momento recebeu o título de Ataoejá ou Atáoja, que quer dizer "aquele que recebe o peixe (ejá)"e declarou Òsun Gbó ou "Òsun está em estado de maturidade".
Essa foi a origem do nome da cidade de Òsogbo, onde até os dias de hoje encontram-se os descendentes de Laro que honram o pacto feito no passado.
YÁNSÀN (YANSÃ)
Oyá ou Yansã está muito ligada ao culto de egúngún, pois é ela que encaminha os espíritos dos mortos para o òrun, através do ritual do àsèsè.
Oyá ou Yansã está muito ligada ao culto de egúngún, pois é ela que encaminha os espíritos dos mortos para o òrun, através do ritual do àsèsè.
Segundo a tradição yorubá, Yansã é o único orixá que pode virar no àsèsè.
Oya-Ibále ou Balé é o título que Yansã recebe dentro da sociedade de egúngún. A palavra Ygbalé que em yorubá quer dizer "governanta" atribui-se ao fato de que Yansã governou uma província na cidade de Abeokuta. Nesta província morava um molusí que é um sacerdote de um culto a Omolu e foi com este sacerdote que Yansã aprendeu todos os mistérios de Omolu. A partir daí, Yansã ou Oyá-Ibále passou a usar o branco em respeito aos mistérios e conhecimentos adquiridos no culto a Omolu, ou o "Filho do Senhor".
Outra divindade que está muito ligada ao culto de Oyá ou Yansã é a divindade Ebora Yoruba denominada de Onirá. Onirá, como o próprio nome sugere, foi uma sacerdotisa do culto à Oxum nas regiões Ilexá e Ijebu, na Nigéria.
Onirá fazia parte das mulheres guerreiras que guardavam os domínios de Oxum. Conta-se que foi Onirá que ajudou Laro a fazer o grande pacto na região de Oxobo. Onirá, em verdade, seria uma das filhas de Laro e é ela que no dia da festa anual à Oxum, em Oxobo, que carrega a cabaça contendo os objetos sagrados de Oxum, ou seja, Onirá é a Arugba Oxum ou "aquela que leva a cabaça de Oxum". Isto porque, como desvenda o mito, Onirá teria desaparecido dentro do rio e mediante a graça de Oxum, reapareceu divinamente vestida. Este é o motivo da associação de Onirá com Oxum.
O RELACIONAMENTO DE YANSÃ COM O NÚMERO 09
O òrun é composto por nove espaços, sendo que o quinto ou espaço do meio é denominado de àiyé, que é a terra onde vivemos.
O òrun é composto por nove espaços, sendo que o quinto ou espaço do meio é denominado de àiyé, que é a terra onde vivemos.
Na verdade, o òrun é uma massa infinita sem local determinado, sem começo e sem fim que segundo a tradição yorubá é sustentado pelo ala-kokô, uma árvore sagrada, cujo tronco é o próprio eixo que sustenta o òrun atravessando assim os nove espaços. Daí Yansã ser chamada de Iyá Mèsàn Òrun que significa "Mãe dos Nove Espaços do Òrun". Yansã também é chamada de Ya Unlá Kokô ou "A grande Senhora Ala-Kokô", porque cada espaço do òrun pertence na verdade a um filho de Yansã; sendo que o último, ou o nono, pertence à Egun. É por isso a grande associação de Yansã com o número 9 (nove) e com os mortos.
Ainda vendo esta associação de Yansã com o número 9 (nove), vemos que na Nigéria, em Banigbe, o nome recebido pelo orixá como Abesan, deu origem à expressão Aborimesan, que significa "com nove cabeças" fazendo aí alusão aos nove braços do delta do Rio Niger, origem verdadeira de Yansã ou Oyá, como é chamada na terra yorubá.
Agora, por que o Orixá é chamado de Oyá?
Conta um itan que uma cidade chamada Ipô estava ameaçada de destruição pelos Tapás. Para que isso não acontecesse foi feita uma oferenda das roupas do rei dos Ipôs. Estas roupas ofertadas eram tão bonitas que as galinhas do lugar puseram-se a cacarejar de surpresa. Daí acreditar-se que as galinhas cacarejam até hoje, sempre que surpresas. Este traje do Rei dos Ipôs foi rasgado (Ya) em dois, para apoiar as cabeças das oferendas. Daí surgiu uma água que se espalhou (Ya) e inundou em volta da cidade, afogando os Tapás que queriam destruir Ipô. Foi a partir daí que os habitantes de Ipô batizaram o Rio de Odò-Oyá e é em alusão a este itan que o orixá passou a chamar-se Oyá.
Conta um itan que uma cidade chamada Ipô estava ameaçada de destruição pelos Tapás. Para que isso não acontecesse foi feita uma oferenda das roupas do rei dos Ipôs. Estas roupas ofertadas eram tão bonitas que as galinhas do lugar puseram-se a cacarejar de surpresa. Daí acreditar-se que as galinhas cacarejam até hoje, sempre que surpresas. Este traje do Rei dos Ipôs foi rasgado (Ya) em dois, para apoiar as cabeças das oferendas. Daí surgiu uma água que se espalhou (Ya) e inundou em volta da cidade, afogando os Tapás que queriam destruir Ipô. Foi a partir daí que os habitantes de Ipô batizaram o Rio de Odò-Oyá e é em alusão a este itan que o orixá passou a chamar-se Oyá.
ABIYAN
Dentro dos cultos afros-brasileiros existe uma categoria de pessoas que são classificadas de Abiyans.
Dentro dos cultos afros-brasileiros existe uma categoria de pessoas que são classificadas de Abiyans.
A palavra Abiyan quer dizer: Abi= "aquele que" e An= seria uma contração de "Onã", que quer dizer "caminho". As duas palavras aglutinadas formaram o termo Abiyan, que quer dizer "aquele que começa", "um novo caminho". E é isto, o Abiyan é uma pessoa que está começando um novo caminho, uma nova vida espiritual.
O Abiyan também pode ter fios de contas lavados, obrigação de bori e, até em alguns casos, ter orixá assentado.
O Abiyan é um pré-iniciado e não um simples frequentador, como muitas das vezes é classificado.
Um Abiyan pode desempenhar várias atividades dentro de um terreiro, como por exemplo, varrer, ajudar na limpeza, ajudar nos cafés da manhã e almoços comunitários realizados em dias de festas de orixá, lavar louças, ajudar na decoração do barracão, enfim, o Abiyan pode desempenhar várias tarefas sem maior envolvimento religioso.
O período de Abiyan é de muita importância pois, é nesse período que o recém-chegado no Candomblé passa a observar o comportamento e a conviver com os já iniciados.
Existem pessoas que passaram por um longo período sendo Abiyan, antes de se iniciarem no Candomblé. Portanto, vale ressaltar a importância deste período, ou seja, Abiyan e dizer que o frequentador em yorubá, chama-se Lemó-mú.
ABIKU & ABIAXÉ
A palavra Abiku quer dizer "aquele que vive e morre e vive novamente" ou ainda "nascido para morrer".
A palavra Abiku quer dizer "aquele que vive e morre e vive novamente" ou ainda "nascido para morrer".
Os Abikús são crianças que trazem a marca da "morte" ainda no ventre materno. Os yorubás acreditam que os Abikús já trazem consigo o dia e a hora em que vão retornar para o "outro lado da vida".
De um modo geral, esse tempo é determinado entre o nascimento e os 7(sete) anos de vida. Na Nigéria assim que nasce um Abikú são tomadas providências imediatas para que essas crianças permaneçam vivas aqui no aiyé, ou seja, na terra.
Segue algumas das providências que são tomadas: assim que nasce a criança Abikú é levada e banhada num rio para que sejam afastados os espíritos que possam acompanhar essa criança. Depois são feitas várias pinturas em determinadas partes do corpo da criança Abikú e são postos em suas pernas, braços e pulsos diversos amuletos que também servem para neutralizar os antepassados Abikús dessa criança.
Na verdade, só se nasce Abikú se tiver antepassado Abikú.
Agora, o que seria um Àbíasé?
O Àbíasé é a pessoa que recebeu todo o axé de feitura ainda na barriga da mãe, ou seja, quando a mãe estava recolhida, ela estava grávida. Daí esta criança ao nascer ser denominada de Àbíasé, não precisando portanto ser iniciada pois, como dizem dentro do culto, "já nasceu feita".
O Àbíasé é a pessoa que recebeu todo o axé de feitura ainda na barriga da mãe, ou seja, quando a mãe estava recolhida, ela estava grávida. Daí esta criança ao nascer ser denominada de Àbíasé, não precisando portanto ser iniciada pois, como dizem dentro do culto, "já nasceu feita".
SENTIDO DAS PALAVRAS
As palavras yorubás, ewes e as do dialeto kimbundo são as mais usadas nas casas de Candomblé. Muitas dessas palavras sofreram modificações nos seus sentidos reais, ou seja, muitas delas são empregadas de forma diferente do seu real sentido. É isso que vamos entender agora:
As palavras yorubás, ewes e as do dialeto kimbundo são as mais usadas nas casas de Candomblé. Muitas dessas palavras sofreram modificações nos seus sentidos reais, ou seja, muitas delas são empregadas de forma diferente do seu real sentido. É isso que vamos entender agora:
A palavra "perdão" em yorubá é afó-riji.
Monà em yorubá significa "certamente; sim". Não confundir com a palavra mona da língua kimbundo. "Mulher" em yorubá é obin-rin e em ewe, ionú.
A palavra "licença"em yorubá é aiyè-lujará. No Brasil, a palavra "licença" foi identificada com a palavra àgò, que na verdade em yorubá é yàgò, ou seja, àgò é uma contração da palavra yorubá yàgò que na verdade significa "abram caminho".
Monà em yorubá significa "certamente; sim". Não confundir com a palavra mona da língua kimbundo. "Mulher" em yorubá é obin-rin e em ewe, ionú.
A palavra "licença"em yorubá é aiyè-lujará. No Brasil, a palavra "licença" foi identificada com a palavra àgò, que na verdade em yorubá é yàgò, ou seja, àgò é uma contração da palavra yorubá yàgò que na verdade significa "abram caminho".
ÁGUAS DE OSALA(OXALÁ)
O ciclo anual das cerimônias, que envolvem os rituais de origem africanista, encontra nas Águas de Osala fator máximo de importância por dois motivos: inicia as atividades religiosas e prepara essas atividades através da purificação.
O ciclo anual das cerimônias, que envolvem os rituais de origem africanista, encontra nas Águas de Osala fator máximo de importância por dois motivos: inicia as atividades religiosas e prepara essas atividades através da purificação.
É preciso observar inicialmente que o ano religioso africano não se identifica com o nosso ano legal. Não vai de 1o de janeiro a 31 de dezembro. Ele é baseado tomando como ponto de referência as estações climáticas: primavera, verão, outono e inverno, que determinam as datas das cerimônias. Por obra do sincretismo religioso, as datas festivas dos santos católicos passaram a servir como referência. Isto em alguns Candomblés, porque nos mais tradicionais, por exemplo, no Engenho Velho, é realizada na última sexta-feira de agosto e no Asé Opó Afonjá, na última sexta-feira de setembro. Entendemos assim que as Águas de Oxalá é feita em época próxima a entrada da primavera (22 de setembro).
A finalidade principal deste rito é preparar a casa para as demais atividades do ano religioso e também purificar todo o egbé.
Este ritual divide-se em 03 (três) partes distintas: Águas de Oxalá, Procissão de Osalufan e o Pilão de Osaguian, todas explicadas no seguinte mito:
Osalufan devia ir na terra de Kùsó visitar seu filho Xangô. Antes, porém, consultou primeiramente Ifá para saber se tudo correria bem durante a viagem. Odù saiu Ejionilé. Mesmo assim, Osalufan insistiu em ir. Devido a isto foi aconselhado a não negar nada a ninguém o que fosse pedido e mais ainda que levasse consigo sabão da costa, obí e três roupas brancas.
Seguindo caminho, encontrou por 03 (três) vezes Exu: Exu Elepo, Exu Idu e Exu Adi que lhe pediu sucessivamente para ajudá-lo a carregar na cabeça uma barriga de azeite de dendê, uma carga de carvão e outra de óleo de amêndoas ou xoxo. As três vezes Exu derramou o conteúdo sobre Osalufan. Mas este sem se queixar, lavou-se e trocou as três mudas de roupas e continuou a viagem. Osalufan havia dado de presente a Xangô um cavalo branco, o qual havia desaparecido do reinado fazia bastante tempo. Os escravos de Xangô andavam por toda parte para encontrá-lo e eis que Osalufan passando por um mineral, apanhou algumas espigas de milho e ao mesmo tempo deparou-se com o cavalo perdido de Xangô. O cavalo também reconheceu Osalufan e lhe acompanhou. Nesse instante, chegaram os escravos de Xangô, gritando: Olé Esim Oba, que quer dizer "ladrão do cavalo do rei". Não reconhecendo Osalufan, deram-lhe vários golpes e em seguida jogaram-no na prisão. Osalufan permaneceu 07 (sete) anos preso. Enquanto isso no Reino de Xangô tudo corria mal. Xangô preocupado consultou um Babalawo. Este revelou o motivo daquilo tudo. Disse o Babalawo a Xangô: "Algum inocente paga injustamente em tuas prisões". Xangô, então, ordenou que os prisioneiros comparecessem diante dele e reconheceu seu pai. Enviou então os escravos vestidos de branco até uma fonte vizinha para lavar Osalufan, sem falar uma palavra, em sinal de tristeza. Depois, Xangô, em sinal de humildade, carregou Osalufan nas costas de volta até o Palácio de Osaguian. Osaguian, muito alegre com o regresso de Osalufan, ofereceu um grande banquete.
Esse mito mostra todo o caminho seguido no ritual Águas de Oxalá.
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